sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Pergunta a Sathya Sai Baba


Pergunta de um devoto a Sai Baba: "Qual é o grande fator que nos impede de ver a verdade da vida claramente?"

Sai Baba: "Tempo, trabalho, motivação e experiência: esses quatro juntos, em harmonia, são a Verdade. Quando os quatro são encontrados sem harmonia, vocês sentem que há algo falso."

Devoto: "Mas a verdade, em termos de trabalho, tempo, motivação e experiência..., olhando-se em redor, notam-se essas coisas operando, e o mundo está numa confusão muito grande. Assim sendo, deve existir algo além disso."

Sai Baba: "Quando você não tem fé absoluta no resultado, então a dúvida surge. Um exemplo: agora é dia e os objetos na sala são vistos claramente e não há dúvidas a respeito deles. À noite, quando está completamente escuro e você tem que andar tateando e não vê nenhum dos objetos, não há dúvida a respeito da situação. Mas ao cair da noite, quando há meia-luz e meia-treva, a dúvida pode surgir e você, ao ver uma corda, pode imaginar que ela é uma cobra e sentir medo.

A luz não é total e a visão não é clara. A luz plena é sabedoria e a completa escuridão é ignorância. A dúvida aparece quando há metade escuridão e metade sabedoria. A meia-luz é sabedoria e a meia-treva é ignirância. Ignorância e sabedoria: quando ocorrem juntas e metade-metade, há dúvida. Agora você está no estado intermediário, no qual tem um pouquinho de sabedoria e também alguma ignorância, onde a ignorância e a sabedoria estão misturadas. Você não é totalmente experiente. Quando tiver a experiência apropriada, a dúvida desaparecerá. Como você não tem experiância, está sentindo essa dúvida.

Um pequeno exemplo: sofrendo de malária, você come um doce, mas sente que ele tem um sabor amargo. O doce não é amargo, mas, na sua experiência, ele é amargo. Não é culpa do doce. A ignorância também é uma doença, como a malária. E a cura para esta doença da ignorância é Sadhana (o caminho interior). O homem tem dúvida somente enquanto ele não conhece a verdade. Quando você vivenciar a verdade, a dúvida desaparecerá. A verdade é única e eterna. Tudo o que muda, saiba que é inverdade.

Você foi pequeno e cresceu. Isso também é inverdade. Onde está o corpo do menino de dez anos? Tudo se juntou no presente corpo. Primeiro, inverdade; depois, quando temos a experiência, conhecemos a verdade. Luz e trevas não são diferentes, são apenas um. Exemplo: na noite passada você comeu uma fruta, de manhã ela se transformou em excremento e você a eliminou. Era fruta ontem, mas o bom e o mau são a mesma coisa, uma só. De uma forma era fruta, de outra forma era excremento.

O mesmo se passa com a luz e as trevas. Quando a luz vem, as trevas vão. Mas, na verdade, as trevas não vão a parte alguma e nem a luz vai a parte alguma. Quando uma surge, a outra é ignorada, ela não vai a parte alguma."


Do livro "Conversações com Sai Baba", de J. S. Hislop.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Querer, saber e amar


Você poderá vir a ser o que quiser, mas é necessário, além de querer, saber e fazer. Todo o poder da alma resume-se em três palavras: querer, saber e amar. Não basta crer e saber, é necesssário viver nossa crença, isto é, fazer penetrar na prática diária da vida os princípios superiores que adotamos.

Querer, isto é, fazer convergir toda a atividade, toda a energia, para o alvo que se tem de atingir, desenvolver a vontade e aprender a dirigí-la.

Saber, porque sem o estudo profundo, sem o conhecimento das coisas e das leis, o pensamento e a vontade podem transviar-se no meio das forças que procuram conquistar e dos elementos a quem aspiram governar.

Acima, porém, de tudo, é preciso amar, porque sem o amor a vontade e a ciência seriam incompletas e muitas vezes estéreis. O amor ilumina-as, fecunda-as, centuplica-lhes os recursos. Não se trata aqui do amor que contemplam sem agir, mas do que se aplica a espalhar o bem e a verdade pelo mundo.

Não há progresso possível sem observação atenta de nós mesmos. É necessário vigiar todos os nossos atos impulsivos para chegarmos a saber em que sentido devemos dirigir nossos esforços para nos aperfeiçoarmos.

Primeiramente, regular a vida física, reduzir as exigências materiais ao necessário, a fim de garantir a saúde do corpo, instrumento indispensável para o desempenho de nosso papel terrestre.

Depois disciplinar as impressões, as emoções, exercitando-nos em dominá-las, em utilizá-las como agentes de nosso aperfeiçoamento moral; aprender principalmente a esquecer, a fazer o sacrifício do "eu", a desprender-nos de todo o sentimento de egoísmo.

Não há assunto mais importante que o estudo do pensamento, seus poderes e ação. É a causa inicial de nossa elevação ou de nosso rebaixamento; prepara todas as descobertas da Ciência, todas as maravilhas da Arte.

Em qualquer campo das atividades sociais, em todos os domínios do mundo visível ou invisível, a ação do pensamento é soberana; não é menor sua ação, repetimos, em nós mesmos, modificando constantemente nossa natureza íntima. As vibrações de nossos pensamentos, de nossas palavras, renovando-se em sentido uniforme, expulsam de nosso invólucro os elementos que não podem vibrar em harmonia com elas; atraem elementos similares que acentuam as tendências do ser.

Se meditarmos em assuntos elevados, na sabedoria, no dever, no sacrifício, nosso ser impregna-se, pouco a pouco, das qualidades de nosso pensamento. É por isso que a prece improvisada, ardente, o impulso da alma para as potências infinitas, tem tanta virtude. Nesse diálogo solene do ser com sua causa, o influxo do Alto invade-nos e desperta sentidos novos.

Poucos homens sabem viver próprio pensamento, beber nas fontes profundas, nesse grande reservatório de inspiração que cada um traz consigo, mas que a maior parte ignora. Por isso criam um invólucro povoado das mais disparadas formas. Seu espírito é como uma habitação franca a todos os que passam. Os raios do bem e as sombras do mal lá se confundem, num caos perpétuo.

Léon Denis - do livro "O problema do ser, do destino e da dor".