sábado, 22 de dezembro de 2012

21/12/12


Um dia marcado por profecias, especulação e piadas começou com um céu azul, ares de verão e sons de um novo tempo. Sinto-me muito grata por tudo o que a vida me deu de bom, mas, principalmente, pelo que ela me deu de doloroso. Aprender é sempre uma grande oportunidade e enxergar o sofrimento como lição é um exercício grandioso que acalenta o coração.

Despeço-me hoje de uma parte de mim mesma, de partes de coisas "velhas" que ainda deixam um ranço na vida. Despeço-me do que me doeu, das expectativas frustadas, dos sonhos impossíveis e dos sonhos possíveis pelos quais eu não soube lutar. Curvo-me ao novo, ao renascimento, ao refazimento de mim mesma em um novo tempo de ainda mais aprendizado. Não espero estar livre das dores, mas desejo imensamente suportá-las com coragem, esperança e grandiosidade, deixando-as ir embora para que as alegrias também cheguem. E quando estas chegarem, não espero que sejam eternas, mas que iluminem um pouco mais a minha alma para que eu tenha luz para suportar os instantes de escuridão em mim mesma.

Desejo limpar meu coração, livrar minha alma de meus próprios apegos e ter fé na vida ainda mais. Desejo enfrentar o mundo com responsabilidade, sem me sentir vítima, nem carrasca, mas capaz de realizar as mudanças externas que anseio a partir das transformações em minha própria postura diante da vida.

Desejo amar, amar e amar...tanto quanto me seja possível, mais ainda do que o impossível me mostra. E quero confiar novamente e mais; e se tiver que me decepcionar, que o bem em mim não permita que eu me transforme em um ser pessimista.

Espero tudo da vida, aceito tudo do universo e despeço-me hoje da postura infantil e ilusória que me marcou até então. E sigo daqui pra frente sem imaginar futuro, sem repensar passado, mas firme no aqui e agora, aceitando tudo como presente.

Um lindo novo tempo para a humanidade!!! Que esses ares de vida encham nossos corações!!!
Que a vida nos abençoe e se faça em nós!!!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Sobre a realização de nossos sonhos, por Prem Baba




Pergunta: Amigo Prem Baba, tenho a sensação de que perdi a batalha, porque existem sonhos não realizados na minha vida. Devemos persistir em tentar realizar nossos sonhos ou desistir é a melhor solução? A sensação é de um lutador que treinou bastante e não conseguiu vencer o campeonato. Eu sinto culpa, pois parece que foi por incapacidade minha. Não sei a quem quero agradar. Percebo que isso bloqueia o fluir da minha vida. De repente, uma inércia bloqueia os comandos e parece que não sou bom o suficiente. Algumas vezes, penso que quero agradar meu pai ou minha mãe. Como me livrar dessa necessidade? Como aceitar que, às vezes, não conseguimos realizar os sonhos?

Prem Baba: Esse é um assunto profundo. Porque muitas vezes, os sonhos são criados pela própria corrente de negação, que inclusive cria sonhos impossíveis de serem realizados. Essa corrente de negação é uma expressão da autopunição. Não realizar tais sonhos é uma forma de se punir. Então, muitas vezes, você estabelece metas muito elevadas como uma forma de se punir; como uma forma de afirmar para si mesmo: “Eu não sou competente. Eu não sou capaz”.

Essa é uma forma de alimentar o ‘eu’ sofredor, na forma da vítima. Essa vítima é uma entidade, que como tudo que é vivo quer continuar viva. E esse ‘eu’ vítima vive de quê? Vive dos fracassos e das derrotas; e de todos os dramas criados por elas. Ele vive de todas as fantasias de impotência criadas pela derrota.
Quer dizer que eu não posso ter uma meta elevada para me direcionar? Sim, você pode ter uma meta elevada. Mas nesse caso, você tem consciência de que se trata de uma indicação baseada na realidade da sua percepção. A sua intuição diz que é possível e assim, você tem aquela meta em mente e move-se naquela direção. Isso pode vir da sua corrente afirmativa, porque ilumina o seu impulso de vida, ou seja, dá força para viver.

Mas, quando estabelece uma meta elevada e por não atingi-la você se lança nos infernos da natureza, culpando-se e punindo-se, isso é uma estratégia do tirano interno, do ‘eu’ idealizado, que faz você criar uma meta idealizada tão distante que é impossível de atingir. E atingir tal meta significa: “Se eu for perfeito, eu vou conseguir o que eu quero” (que é ser reconhecido e ganhar atenção). Mas, como é impossível atingir essa meta, você acaba caindo no vale do sofrimento.

Não é difícil de identificar uma meta que nasce da sua corrente de afirmação ou da sua corrente de negação: quando nasce da afirmação, ela ilumina o seu impulso de vida, ou seja, dá vontade de viver e de fazer o que precisa ser feito. Quando nasce da negação, cada vez que não atinge a meta, você cai nos vales sombrios.
Há que se fazer uma avaliação desses sonhos não realizados. Você passou a vida treinando para vencer qual campeonato? Qual é a batalha que você está perdendo? Há que se avaliar se é algo possível de ser realizado ou se é uma fantasia criada pela sua corrente de negação, justamente para você se sentir impotente. Se for algo possível de ser realizado, mas você simplesmente não consegue, realmente precisamos ir por outro caminho; precisamos usar outro jeito de trabalhar com esses bloqueios.

Então, alguns sonhos precisam ser realizados e para isso, muitas vezes, é necessário identificar o que está te impedindo. Mas, você precisa abrir mão de alguns sonhos, porque eles não têm lastro na realidade. Qual é o seu caso? Quais são os sonhos guardados nos seus porões? Esses sonhos são formas de desejos e esses desejos agitam sua mente? Então, é preciso chegar a um acordo com eles.

Uma forma simples de lidar com isso é primeiro listar esses desejos sem vergonha de admiti-los. Coloque “preto no branco”, escreva em um papel para você não se enganar. Num primeiro momento, não julgue os seus sonhos e desejos, por mais que eu tenha falado sobre o absurdo de alguns sonhos. Mas, o fato é que muitas vezes, não há como saber se eles são absurdos ou não. Nesse primeiro momento, é muito importante que você os coloque para fora. E, a partir daí, faça um estudo na luz da razão. O que é um sonho completamente sem sentido? É apenas uma criação da sua corrente negativa, ou seja, uma estratégia do “eu” sofredor para sabotar a sua felicidade e para você ficar andando em círculos alimentando dramas.

Veja os sonhos que são passiveis de realização, mas que através da vontade consciente, você não está conseguindo realizar. Nesse caso, a estratégia de persistir na realização do sonho deve mudar, porque quanto mais tenta, mais você se frustra. O treinamento para vencer o campeonato não está adequado. Você pode colocar a força que for, mas não adianta, porque a vontade consciente não é suficiente para realizar; porque existem algumas coisas na sombra e você não consegue enxergar. Por isso, o seu trabalho deve ser identificar o que está no campo da sombra e sabota os seus sonhos. Comece a questionar: “O que em mim sabota a realização desse sonho?”

Você acredita ser impotente, simplesmente porque não está usando a estratégia adequada.

Vamos mostrar um exemplo bem simples, bem material e fácil de ser identificado: você tem como sonho ganhar tanto dinheiro por mês; você já verificou que não é impossível, pois está baseado na realidade, mas através da vontade consciente, você tenta, mas não consegue, acontecem “coisas” no meio do caminho, que não deixam você realizar essa meta. Naquele mês você consegue, mas surge uma despesa extra que leva todo o dinheiro embora. Então, você pensa que é impossível, quanto mais você se esforça para atingir essa meta, mais você se frustra. Atente para uma lei do psiquismo: quanto mais frenética e ansiosa é a sua busca pela realização de algo, através da sua vontade consciente (porém, você não consegue), maior é a sua negação e a sua inconsciência a respeito dessa negação.

Se a sua estratégia é tornar-se consciente dessa negação, não perca o seu tempo tentando mudar o mundo lá fora; não desperdice o seu tempo tentando mudar o outro, isso não é possível. Lembre-se de que tudo que está acontecendo lá fora é somente um reflexo do que está acontecendo dentro de você. Quer mudar lá fora? Tem que mudar dentro. Quer abrir o caminho lá fora? Então, abra o caminho dentro. Quer remover os obstáculos do seu caminho lá fora? Comece fazendo isso dentro.

Trabalhe para identificar os bloqueios que impedem você de realizar os seus sonhos. Você tem que começar de algum lugar, então comece de uma crença, que é um conhecimento emprestado (que neste momento eu estou te emprestando), até que se torne seu conhecimento, ou seja, até que se torne a sua experiência. Este conhecimento é perceber que se você não está conseguindo realizar tais sonhos, é porque existe um “não” dentro de você para esse sonho, por mais que no nível consciente o “sim” seja frenético e urgente. Se realmente há um impedimento, saiba que há um “não”. Esse “não” está dentro de você, mas está na sombra.
O que é sombra? É um nome que indica que está escondido e você não vê. Há que se trabalhar para trazer para o campo aberto.

A capacidade de realização nesse plano é infinita. E a permissividade desse plano também é infinita. Sendo assim, eu posso concluir que tudo é possível, desde que você diga um “sim” completo. Mas, se a mente diz “sim” e o coração diz “não”, você não vai atingir a meta. Pensamento, palavra e ação devem estar unidos na mesma direção. Experimente fazer um exercício: se você identificou o objetivo que quer atingir, diga para si mesmo: “Eu quero atingir essa meta com todas as forças do meu coração.” Veja se você consegue fazer isso. Veja se essa frase sai com força ou não. Observe para ver de onde sai essa afirmação. Quando você está inteiro você sente pulsar no seu corpo todo. Você é um bloco inteiro na mesma direção: pensamento, palavra e ação, estão unidos na mesma direção.

Assim você torna-se um raio de realização: Onde não? Por que não? Se você é um “sim” completo, você vai chegar onde tem que chegar e não vai criar uma meta impossível. Porque esse “sim” é uma manifestação da Inteligência Criadora; uma criação de Deus. Assim, você nunca vai criar uma meta impossível.

Durante certa fase da jornada, os desejos têm um papel importante, porque eles estão trabalhando inclusive para dissolver os “nãos” que ainda estão no sistema. Esses “nãos” estão sendo sustentados por pactos de vingança do passado, significa que ainda tem um passado no seu sistema que ainda não foi integrado. Durante uma fase, você terá que persistir nos sonhos, porque eles estão te ajudando a se curar das mazelas do passado. Eles estão a serviço do seu processo de desenvolvimento pessoal. Quando esse ‘eu’ estiver bem estruturado, tudo muda e começa outra história, é hora de largar os desejos (largar “bem largado”…). Porque você já cansou de brincar com esse brinquedo, mas isso não é uma resistência ou uma fuga.
Você não é incapaz de realizar os seus sonhos. Essa sensação de incapacidade ocorre, porque você não está usando a estratégia correta para atingir a meta e isso faz com que você se sinta impotente. É somente uma questão de ajuste. A princípio você pode tudo.

E o karma? O karma é o seu “não”; é o seu sentimento de não merecimento. O karma não é uma dívida de sofrimento, é uma dívida de aprendizado. Você aprende, ele desaparece. Há que se abrir para aprender a lição.

Os seus principais inimigos são: o orgulho, o medo e a obstinação. E o seu desafio é “transformar o limão numa limonada”. Você tem que transformar esses inimigos em seus mestres. É assim que você entrega o “anel” ao fogo de “Mordor” (referência ao filme Senhor dos Anéis). Assim que você vence Lúcifer (que é o treinador psicológico).

Se você se abre tudo fica muito simples. Realizar sonhos é algo muito simples, fácil e rápido. Eu vou te provar isso ainda. A mente é uma árvore de realização dos desejos. Ela está condicionada e por isso você não consegue usar esse poder. Quando você aprender, você verá que, assim que você pensa, tudo aparece. Você vai querer até largar esse poder e deixá-lo para Deus. É verdade! Eu não quero mais nada, deixo tudo para Deus! Ele que fale o que é bom para mim.

Abençoado seja cada um de vocês. Que possamos chegar a um acordo com o desejo.

Sri Prem Baba

Texto original no link: http://www.prembaba.org.br/india2012/po/?p=1121&d=02.02.2012

Sobre Deus, por Prem Baba


Deus é Um, mas se manifesta de infinitas maneiras, de acordo com a necessidade de cada povo e de cada pessoa.É interessante como o ser humano se relaciona com Deus: de acordo com o seu grau de consciência você percebe Deus de uma maneira. Somente a experiência direta de Deus pode iluminar a sua fé. E, é essa fé que te liberta do medo da morte.

Durante uma fase da evolução da consciência, nós acreditamos que Deus está fora. Esse “Deus” é uma projeção dos nossos pais. Nós desenvolvemos uma crença nesse Deus, mas em algum momento essa crença é questionada. Por mais que a crença promova experiências místicas, essas ainda estão no campo da mente. Você se relaciona com Deus, como se estivesse relacionando-se com uma autoridade fora de você. É uma figura que você tem que adular, para obter os seus desejos realizados, a qual você teme, porque ela pode ficar contrariada com você, caso você não corresponda às expectativas. Você oscila entre essa adulação (que é uma fé cega), e o medo, que também é um fruto da fé cega. Por que fé cega? Porque é fé em uma ideia criada pela mente.

Essa ideia nasce em algum momento da jornada evolutiva, quando a entidade humana começa a questionar os mistérios da vida. Nos primeiros estágios da evolução, a entidade não questiona esses mistérios, ela é movida somente pelo instinto de sobrevivência. Ela vive no presente, mas não no presente eterno, e sim num presente determinado pelos sentidos. Até que em dado momento, ela começa a prestar atenção nos mistérios da vida. O que são esses mistérios? O nascer do sol; o por do sol; a chuva que cai; uma flor que nasce; uma pessoa que morre; uma criança que nasce; uma pessoa que adoece e outra que se cura.
Em dado momento, o ser humano começa a questionar como isso acontece. “Será que existe um criador para tudo isso?” 

Ele se sente muito pequeno diante de tanta grandeza, e precisa acreditar que alguém criou isso. Quem criou? A maior autoridade possível. Mas, qual é a referência de autoridade que ela tem? Quem a criou, ou seja, os pais. Assim, ela começa a projetar nessa ideia de Deus a imagem dos pais. Se ela teve pais bons, amáveis e benignos, assim será Deus para ela. E, se ela teve pais tiranos e cruéis, é assim que ela vai enxergar Deus. Essa projeção é inconsciente, ela não consegue fazer relação entre essa ideia de Deus e os núcleos da personalidade. Mas, se você observar, perceberá que tais pessoas se relacionam com esse Deus como uma criancinha se relaciona com os pais. É uma criancinha que precisa adular os pais para conseguir o que quer ou teme os pais porque pode ser castigada. Esse Deus está fora. Eu costumo dizer que ele está lá em cima, no céu, muito distante, mas ao mesmo tempo, muito perto, olhando de binóculo, para ver os pecados que você comete aqui na Terra.

Em algum momento, você começa a questionar esse Deus. E muitos nesse momento, entram em uma profunda crise; entram no deserto do ceticismo, porque descobrem que esse Deus não existe. Era somente uma criação da mente. Até que isso faça com que a entidade comece a olhar para dentro e comece a assumir a responsabilidade. Assim, vagarosamente, comece a se abrir para ter uma experiência direta de Deus. Não um Deus que é uma ideia criada pela mente, mas sim de Deus que é a Realidade suprema, que age através de cada um de nós e está em todos os lugares. É a inteligência criadora que está agindo em tudo o que é vivo.

A essência dessa vida é aquilo que chamamos de amor, portanto em síntese Deus é amor. Viver em Deus é viver em amor. Esse amor se revela através da Presença e a Presença é o resultado da quietude da mente. A quietude da mente traz a paz e a paz traz alegria. A alegria traz o amor, e o amor abre os portais do infinito e derruba as barreiras da separação e, assim, você vê Deus e o amor em tudo.

Portanto, o foco deve estar em aquietar a mente. Identifique aquilo que agita a sua mente e vá, pouco a pouco, eliminando esses fatores que a agitam. O que agita a mente? O desejo. Por isso, você precisa chegar a um acordo com ele. Segundo um professor da floresta, o Padrinho Sebastião: O desejo é algo que se vive “bem vivido”, ou se larga “bem largado”. Há que se chegar a um acordo com o desejo.


Sri Prem Baba

Texto original no link: http://www.prembaba.org.br/india2012/po/?p=1121&d=02.02.2012