Um dos maiores seguidores do
Cristo faria hoje 99 anos de idade. Chico Xavier, considerado um militante do
movimento espírita, era, na realidade, a meu ver, um instrumento do AMOR.
Lamento quando ouço comentários depreciativos a seu respeito vindo daqueles que
o fazem vítima de seus preconceitos religiosos, daqueles que não conseguem ver
o ser humano por trás dos dogmas das instituições. Não enxergo em Chico um
líder do movimento espírita, mas um homem que se colocou à disposição de Deus
para ser um operador da Vontade do Supremo.
O Amor é a única Verdade desse
mundo e nossa maior responsabilidade é manifestá-lo no mundo físico,
permitindo-nos ser instrumento da Sinfonia Divina já em curso. E Amar
Incondicionalmente implica em muito trabalho. Não ama aquele que se omite, se
esconde, que foge do ajuste com a própria consciência. Ama aquele que luta pelo
bem comum, o que limpa o próprio coração e recomeça todos os dias a afinação do
próprio psiquismo. Ama o que aceita o outro como é, o que não espera nada em
troca e que trabalha incansavelmente para ensinar apenas com o próprio exemplo,
pois só tem o poder de mudar o mundo externo aquele que purifica seu mundo
interno.
A verdadeira educação do ser
humano vem da essência, é dita pela consciência e manifestada pelo coração.
Cabe a cada um edificar o amor dentro de si para servir à humanidade da maneira
que lhe cabe de acordo com o movimento do universo. Não importa que tipo de
trabalho seja feito, o importante é com que motivação se faz. Varrer um chão ou
limpar um banheiro pode ser muito mais proveitoso ao ser humano e a toda
humanidade do que os trabalhos intelectuais e políticos que alguns fazem de
forma vazia.
Chico Xavier não tocava o coração
das pessoas porque falava de amor, mas porque vivia o amor. Ele, assim como
Mahatma Gandhi, líder político e social da Índia, eram líderes de si mesmos,
comandavam os próprios instintos, controlavam os próprios desejos e
consequentemente influenciam até hoje milhões de pessoas, pois seus ensinamentos
tinham essência, tinham prática. Por que todos os grandes mestres da humanidade
nos aconselharam a “amar nossos inimigos e fazer bem aos que nos odeiam”? O que
há por trás disso? O que faz com que um homem simples, comum, como Chico
Xavier, ou com que um simples advogado como Mahatma Gandhi, toque o coração de
milhões de pessoas? São questões a respeito das quais devemos refletir. Estamos
sedentos de Amor, de Verdade, e nosso coração reconhece aqueles que já bebem na
fonte da Consciência Superior. Mas não basta reconhecer, devemos aprender. E
também não basta apenas aprender, temos que praticar, pois muitos ainda mais
precisam ser alimentados.
Manifestar a essência divina não
é algo que vem em decorrência de um privilégio divino, nem se consegue por
milagre da noite para o dia. Isso requer trabalho, muito trabalho. Exige um
mergulho em si mesmo, um enxergar dos próprios vícios com uma determinação em
transformá-los em virtudes e um reconhecimento dos próprios talentos. Tal
processo deve acontecer de forma incessante e persistente, sendo às vezes
doloroso. Requer uma submissão à Consciência Superior, um despertar da Humildade
no ego para que os caprichos de nossa personalidade sejam submetidos a uma Sabedoria
que está além do cérebro físico. É um trabalho por vezes cansativo, que exige
muita força e coragem, mas que concede aos que persistem o bálsamo da
libertação. Não é algo para observarmos e admirarmos nos grandes homens, como
Chico Xavier. É algo para lutarmos para construir em nós, através das dicas que
os bons exemplos nos deixam.
A cura da humanidade não se fará
por milagre, nem através daqueles que esperam sentados e reclamando da vida que
venha de um missionário que está longe. Virá através da edificação do Bem em
cada ser humano e isso exige de nós muito trabalho. O despertar do amor verdadeiro
em nosso mundo interno nos liberta, e a liberdade de consciência nos traz a
responsabilidade perante o outro e perante o mundo. Há muito trabalho a ser
feito e poucos são os que querem abraçar a responsabilidade de curar a si
mesmos para colaborar no processo de cura da humanidade.
Chico foi um desses. Tenho
certeza de que, de onde está agora, ainda trabalha incansavelmente para manter
acesa a sua própria luz e assim seguir iluminado seu entorno, ajudando na
evolução desse orbe. Que sua luz, nesse dia, se faça ainda mais forte em todos
nós. A esse mestre, pai e irmão que tanto amo e que tanto me ensina, todo meu
amor e gratidão sempre.