domingo, 25 de setembro de 2011

Um manifesto contra o FANATISMO


"E conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará..."   (Jesus Cristo)

Estava agora a pouco passeando por algumas redes sociais e observando postagens, frases e perfis dos mais diversos tipos de pessoas. Gosto de observar o ser humano e ver como ele passeia por esse mundo das mais diferentes maneiras: as mais simples às mais conturbadas. Percebi que, apesar de abraçar a tese de que de tudo se tira algo de bom, uma coisa me incomoda profundamente, quase que como uma implicância de minha parte: o fanatismo à alguma idéia ou pessoa. Pensando sobre o assunto, logo me veio à mente a citação crística mencionada acima: "E conhecereis a verdade; e a verdade vos libertará."

Que idéia temos da verdade? Que idéia temos da liberdade? Estamos ainda tão entregues ao fanatismo, aos achismos e às verdades absolutas que nem nos enxergamos como seres ainda presos nos próprios pensamentos, nem sabemos quem  realmente somos essencialmente. De fato, a meu ver, o fanatismo é a pior doença a que a raça humana está sujeita, e a que mais causou mal a esse planeta. Hoje em dia, na era em que a democracia e os direitos humanos são difundidos globalmente, essa postura doentia se esconde com os mais distintos disfarces, mas nem por isso torna-se menos ofensiva à existência cósmica.

O fanatismo nasceu do separativismo, da nossa mania triste de amar de maneira segregadora e excludente. "Se eu amo esse ideal, odeio todos os outros. Se essa opinião é verdadeira, todas as outras são erradas. Se minha religião é boa, as outras são ruins. Se acredito nessa filosofia, desacredito de todas as outras." Pensamos por exclusão, sentimos com separação, e isso gera essa doença chamada fanatismo. Sinto um arrepio na espinha cada vez que vejo nossa tendência a enaltecer pessoas e transformar boas idéias em verdades absolutas. Tantas filosofias fantásticas foram deturpadas porque acabaram por se transformar em religião! Tantos mestres e pessoas iluminadas têm seus nomes e imagens mais valorizados que suas mensagens, tornando-se ídolos quando apenas queriam ser professores!

Deixamos de pensar por nós mesmos, para repetir aquilo que decidimos abraçar; e abraçar alguma causa para nós é quase sempre rejeitar todas as outras. Acho isso realmente muito triste, além de perigoso. Nenhum ser humano é infalível e nenhuma filosofia, seja espiritual, política ou dogmática, deveria ser acolhida sem antes passar pelo prisma da Consciência interna, porque esta sim, sabe nos guiar em unidade, longe da segregação ditada pelo ego.

Devemos estar com as pessoas porque as amamos, não porque acreditamos em tudo o que falam. Todo ser humano é por natureza falível, e devemos ter plena ciência disso em todas as ocasiões. Sinto calafrios cada vez que vejo alguém repetindo e discutindo as idéias alheias como se fossem uma única verdade, ou quando as pessoas guiam-se pelos passos de outros como se algum mestre pudesse fazer o trajeto que cabe a cada um de nós. Não sou contra a devoção, muito pelo contrário: acho que é através da devoção que exercemos nossa humildade, que reconhecemos nossa pequenez e condição de aprendizes. Apenas acho que esse é um sentimento íntimo, que se vive no coração, nos compartimentos da alma. Mas, infelizmente, nossa existência doentia faz com que a devoção exteriorizada se transforme em rituais, e quase sempre, o que deveria ser uma manifestação torna-se um meio, um instrumento. Passamos a precisar de rituais para alcançar algo que existe em nós, e eis mais um caminho para o fanatismo.

Não deveríamos ter medo de questionar, ou preguiça de pensar por nós mesmos. Precisamos sim, é sempre ter o cuidado de não nos tornarmos fanáticos por nossas próprias idéias, dependentes de seguidores, pupilos ou elogios. Que aprendamos a ser livres! Devemos descobrir em nós a verdade que liberta, e abandonar as que nos escravizam. A segregação é a pior forma de escravidão porque limita nosso pensamento, limita nosso sentir, limita nosso aprendizado. Tudo aquilo que vai de encontro ao que achamos ser, pode ser muito salutar. O que nos contraria, quase sempre nos ensina mais do que o que se encaixa em moldes pré-existentes.

Amar uma pessoa, acreditar no que ela diz, abraçar seu ideal de vida e trabalhar em prol de um mesmo princípio não pode fazer de nós um indivíduo fanático, que passa a ter aquilo como única filosofia bela e grandiosa nesse planeta. Pelo contrário, o Amor nos faz abraçar causas com consciência e respeito a tudo o mais. São muitas as verdades ensinadas à essa humanidade, mas apenas uma a que nos liberta: aquela guardada no íntimo de nossos espíritos, longe dos preconceitos e dos achismos, protegida das opiniões segregadoras e das posturas fanáticas.

Que saibamos abraçar aquilo que nos aquece a alma, sem que seja necessário excluir tudo o mais a nossa volta! Que saibamos ter uma fé consciente, sem radicalismos ou conceitos infalíveis! Que sejamos devotos de algo muito maior existente em nós, sem necessidade dos rituais e formalismos religiosos! Que aprendamos com aquilo com que não concordamos, com humildade e simplicidade! Que saibamos extrair o que há de mais belo em todos os ideais, sem a pretensão de julgar como feio o que nos parece diferente! Que sejamos aprendizes dos mestres e sábios desse planeta, os de agora ou os do passado, sem que seja necessário colocá-los num altar ou jogar sobre os ombros deles o peso do "não errar"! Que olhemos para dentro de nós em busca da verdade, ao invés de procurar por ela nas pessoas ou nas idéias alheias, para que finalmente sejamos livres: livres para discordar, para pensar, para sentir, para aceitar e, finalmente, livres para viver aonde o belo se fizer mais presente, aonde os conceitos são apenas lições diferentes de um único livro que todos temos o privilégio de estudar!

domingo, 11 de setembro de 2011

Um modo de ser, autoria desconhecida.


Transcrevi essa poesia num pedaço de papel quando eu tinha 16 anos. Na época ela tocou profundamente o meu coração, mas eu ainda não entendia a profundidade de suas palavras. Esse papel ficou perdido por aí, durante 12 anos e só agora eu o encontrei e pude reler essas palavras que novamente me tocaram o coração, mas agora com um alcance muito mais absoluto e essencial. Desconheço a autoria, mas a publico aqui agora em agradecimento, respeito e admiração a seu autor, que conseguiu retratar um sentido da vida simples e belo, ignorado pela maior parte de nós.

A poesia não está apenas no encaixe harmonioso de palavras, mas nos belos atos, na forma simples de se viver, na energia amorosa que a tudo envolve, na essência do que realmente somos. Muitos poetas nem sabem escrever, mas vivem poesia a cada minuto de suas exietências. Outros escrevem belos amontoados de palavras, mas não experimentam a poesia em sua forma real e profunda: o viver simples e iluminado, muita vezes silencioso no dia a dia, na arte de se viver amando sem esperar nada em troca.


Uma poesia real, cheia de energia e vida:



"Todos os dias viverei da vida um tanto:

Mas não demais, antecipando o que não veio,

Nunca de menos, precipitando o desencanto.

Todos os dias serei inteira, plena, forte e iluminada,

E tudo quanto o que me torno,

Quando alinho minha alma aos contornos do Sagrado:

No amor, completa;

Na palavra, certeira;

No trabalho, agradecida;

No viver, simplificada

E no carinho, doce

Tecendo e refazendo laços.

Seja esta a força que me leve e que conduza meus abraços.

Companheira da Verdade, deixo sempre que ela fale,

Pois no silêncio não há nada que a oculte ou que a cale.

Todos os dias serei um pouco menos de mim, no fundo;

E sempre mais um tanto assim: comum, do mundo."

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O despertar interior como base para as relações humanas




As relações humanas só podem ser melhoradas com o devido processo de transmutação de nossas mazelas interiores: não há outra forma. Já é chegado o tempo da maturidade espiritual! Enfrentar as próprias limitações é um grande desafio, mas nós sempre soubemos que o caminho de volta para casa seria árduo. Não existe outra opção: ou aceitamos agora o desafio da auto-cura emocional e espiritual, ou continuamos como tolos culpando os outros por nosso sofrimento.

Toda dor, sem exceção, é causada por nós mesmos. E em nossa cretinice, nos perdemos tentando responsabilizar as pessoas por nossa frustração e fracasso pessoal. A estrada é estreita e árdua. Há de se assumir as consequências dos equívocos pessoais e entender que as pessoas a nossa volta apenas RE-AGEM ao que demonstramos ser. Inseridos em uma ilusão onde todos reajem ao que vêem, aquele que age de acordo com o que essencialmente É é o único capaz de enxergar a realidade e atuar nela. Já é chegada a hora de despertar! Não há mais tempo a perder com discussões estéreis e sentimentos transitórios menores, por mais dolorosos que pareçam ser. Repito: a estrada é estreita e árdua, mas sabíamos, quando nos perdemos por vontade própria, que a jornada de volta seria difícil.

Agora o caminho apresenta-se, e já somos capazes de perceber que ele esteve o tempo todo aqui, em nós, e não há mais como ignorar isso. Apenas o mergulho em nós mesmos e a cura de cada sentimento ainda inferior pode abrir o portal que elevará nossa consciência nos levando de volta ao lar. Já é hora de entrarmos em sintonia com isso para que a elevação de nossa consciência traga o reino de Deus à terra. Cada indivíduo que abre em si o portal e assume a dificuldade do caminho, começa a retornar, e cada passo na trajetória de volta para casa é uma execução do “venha a nós o vosso reino”, pois que o reino de Deus está dentro de nós, como bem disse o mestre.

Nós temos a responsabilidade e não há mais como fugir disso com distrações menores. Quantos começarão a caminhar, como filhos crescidos que são, e quantos ainda permanecerão perdidos, imersos no próprio sofrimento, incapacitados por sua própria tolice de enxergar a estrada libertadora dentro de si? Quem ainda é tão tolo a ponto de achar que a liberdade viria sozinha até todos nós? Temos que conquistá-la, a custo de muito esforço pessoal, mas é sempre um preço que vale a pena se pagar.

Podemos adiar o mergulho em nós mesmos o quanto quisermos, podemos ignorar o que temos que fazer e continuar gastando nossa energia em distrações cotidianas criadas por nosso próprio ego, mas um dia teremos que enfrentar a única coisa da qual ser algum pode escapar: a própria consciência e os registros nela do quanto se trabalhou em prol do melhoramento íntimo. Se o caminho será mais ou menos longo, mais fácil ou não, isso depende do livre arbítrio de cada um, e cada ser, lá no fundo de sua alma, sabe que, por mais que se adie, por mais que se engane com declarações do tipo “mais isso é tão difícil”, “eu não consigo”, apenas o mergulho em si mesmo e a cura das próprias mazelas nos trará paz e plenitude. Não há outra forma. Aprender a amar incondicionalmente é a única maneira de voltarmos a ser feliz e todos sabemos disso.

Resta saber até quando nos enganaremos e adiaremos o exercício do amor, com a pobre desculpa da dificuldade de se amar sem esperar nada em troca e de enxergar nossos próprios defeitos. Sim, é difícil! Sempre soubemos que seria assim, porém, ainda mais difícil é permanecer cego, preso numa ilusão de sofrimento que nós mesmos criamos e, no entanto, nessa dor insistimos em permanecer. Que não perdamos mais tempo! Nosso lar nos espera e o reino dos céus já está aqui, dentro de nós. Basta apenas que tenhamos olhos para ver, como filhos crescidos que já somos.