terça-feira, 8 de novembro de 2011

Onde cabem os sonhos?



Qual é o tamanho dos meus sonhos? Será que cabem nesta vida, nessa terra, na palma dessa minha mão? O tempo nos conduz rumo ao desconhecido e são tantas as utopias que largamos pelo caminho que às vezes me pego pensando por onde larguei os anseios que montam a minha alma.

Viver como escritora apenas, tecendo palavras para colorir o mundo, enchendo o coração das pessoas com a essência do que trago em mim, espalhar as boas idéias assim como o vento espalha o pólen, semear o belo proclamando a arte que vem do espírito e que não se permite perder nos meandros das necessidades comerciais...: é disso que são compostos os meus sonhos,... e de que adianta? 

Não se vive mais de escrever livros, não se aprecia mais a arte com o coração, não se busca sentir os contornos das almas alheias... Então eu guardo os meus sonhos em uma caixinha pequena, a espera do dia em que poderei abrí-la novamente e de lá tirar o perfume da utopia, para enfim tecer os laços da minha vida. Trago ainda em mim a beleza do que me é importante e através dela tento sobreviver aos ditames do dia a dia, às dificuldades de se construir uma carreira rentável, ao cansaço existencial de se caminhar por um mundo onde tudo se exige e pouco se dá.

E quem sabe um dia os meus sonhos saltem dessa caixa chamada cérebro, e me levem de volta para meu lar, para o lugar onde a essência vale mais do que roupas de marca, onde o belo é o que vem do coração e o que é permeado pelo amor, e não o que parece ser mais. Quem sabe um dia, meu mundo tenha lugar no mundo, e eu possa ser quem eu sou, livre, simples...; sem as amarras do que as responsabilidades cotidianas me obrigam a ser. Nesse dia eu serei apenas sonhos colorindo o que um dia achei que fosse real; serei apenas...e só!!!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Trecho do livro "A Arca", por Jair Tércio


 
"Ventava demasiadamente, e sentados num ambiente divino de uma serra, o Iluminado e a humanidade, contemplavam a montanha diante deles. Num determinado momento, ela perguntou-lhe: o que faz com que a montanha toque o céu? 

O Iluminado respondeu: se podemos explicar, então não é. Aquiete e experimente. Aprenda que a experiência diz muito; e se é direta, correta e completa, diz tudo. Lembre-se que, aquele que contempla busca a essência; quem contempla caminha para o Santuário da Luz que lhe é interior; quem contempla tende a encontrar o Deus que lhe é íntimo. Portanto, deixe o seu coração alegre com isto. 

A humanidade reagiu: então você já não dá mais atenção à lógica e à razão. 

Neste momento, passava, voando, uma borboleta. 

Borboleta! Chamou o Iluminado – como é que você faz para não perder seu destino com tamanha ventania? 

A borboleta respondeu: nunca pensei nisso. 

Que tal pensar agora, pois nossa amiga aqui gostaria de ouvir uma explicação! 

A borboleta olhou para suas asas e começou: bem... eu fixo o meu objetivo... não, não é bem isso... tenho que aproveitar o vento... 

Durante um tempo, a borboleta tentou explicar como fazia, e a medida que tentava, ia confundindo-se cada vez mais. Quando quis continuar seu caminho, já não podia mais voar. 
Daí ela disse: me desculpem, pois na preocupação de lhes mostrar como voo, perdi o equilíbrio, tenho que retornar ao que estava fazendo. 

Isso é o que acontece com quem deseja explicar tudo, principalmente, quando devem estar somente agindo. Depois disso a borboleta calou-se e continuou o seu caminho. 

O Iluminado só olhou para a humanidade que esclarecida pôs-se a experimentar.