quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Conselho da Consciência



Não te identifiques com as misérias humanas. O foco de tua atenção deve estar direcionado ao que é belo e renovador e, assim, semearás novas ideias para a reconstrução desse mundo. Todos possuem seus males e devem lidar com os fantasmas em suas próprias consciências. Não nos cabe reforçar o mal no mundo por salientá-lo nas atitudes alheias. 

Solte a preocupação com o que não te pertence. Que cada um cuide de sua própria consciência e arque com as consequências de suas próprias ações. Cabe a ti renovar-te e, assim, renovar a teu redor aquilo que já está pronto para a transformação. Apenas semeie e o universo cuidará de fazer frutificar aquilo que, em terreno fértil, puder crescer para a construção do novo mundo. 

Não te entristeças com o feio a teu redor. Ele não existe de fato. É apenas fruto da ilusão do ego que esconde da percepção humana a luz que a tudo ampara. Tudo caminha para o novo, para a evolução. Apenas edifica o novo em ti mesma e finca tuas atitudes nos ditames da consciência. Entrega tua dor aos cuidados dos que te amparam e mantenha-te firme em tua missão. Tudo o mais se iluminará no devido tempo.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Queixas e Ressentimentos, por Eckhart Tolle



Queixar-se é uma das estratégias  prediletas do ego para se fortalecer. Cada reclamação é uma pequena história que a mente cria e na qual acreditamos inteiramente. Não importa se ela é feita em voz alta ou apenas em pensamento. Alguns egos que talvez não tenham muito mais com o que se identificar sobrevivem apenas com queixas. Quando estamos presos a um ego assim, reclamar, sobretudo de alguém, é algo habitual e, é claro, inconsciente, o que mostra que não sabemos o que estamos fazendo. Uma atitude típica desse padrão é aplicar rótulos mentais negativos às pessoas, seja na frente delas ou, como é mais comum, falando sobre elas com alguém ou até mesmo apenas pensando nelas. Xingar é o modo mais rude de atribuir esses rótulos e de mostrar a necessidade que o ego tem de estar certo e triunfar sobre os outros: "idiota", "desgraçado", "prostituta", todas essas afirmações definitivas contra as quais não se pode argumentar. No nível seguinte, descendo pela escala da inconsciência, estão os gritos. Não muito abaixo disso, se encontra a violência física.

O ressentimento é a emoção que acompanha a queixa e a rotulagem mental dos outros. Ele acrescenta ainda mais energia ao ego. Ressentir-se significa estar magoado, melindrado ou ofendido. Costumamos nos sentir assim em relação à cobiça das pessoas, à sua desonestidade, à sua falta de integridade, ao que estão fazendo no presente, ao que fizeram no passado, ao que disseram, ao que deixaram de dizer, à atitude que deviam ou não ter tomado. O ego adora isso. Em vez de detectarmos a inconsciência nos outros, nós a transformamos em sua identidade. Quem é o responsável por isso? Nossa própria inconsciência, o ego. Algumas vezes, a falta que apontamos em alguém nem mesmo existe. Ela pode ser um erro total de interpretação, uma projeção feita por uma mente condicionada a ver inimigos e a se considerar sempre certa ou superior. Em outras ocasiões, a falta pode ter ocorrido; contudo, se nos concentrarmos nela, às vezes excluindo todo o resto, nós a tornamos maior do que é. E dessa maneira fortalecemos em nós mesmos aquilo a que reagimos no outro. 

Não reagir ao ego das pessoas é uma das maneiras mais eficazes de não só superarmos nosso próprio ego como também de dissolver o ego humano coletivo. No entanto, só conseguimos nos abster de reagir quando somos capazes de reconhecer o comportamento de alguém como originário do ego, como uma expressão do distúrbio coletivo da espécie humana. Quando compreendemos que não se trata de nada pessoal, a compulsão para reagir desaparece. Não reagindo ao ego, muitas vezes podemos fazer aflorar a sanidade nos outros, que é a consciência não condicionada em oposição à consciência condicionada. Em determinadas ocasiões, talvez precisemos tomar providências práticas para nos proteger de pessoas profundamente inconscientes. Isso é algo que temos condições de fazer sem torná-las nossas inimigas. Nossa maior defesa, contudo, é sermos conscientes. Alguém passa a ser um inimigo quando personalizamos a inconsciência que é o ego. A não reação não é fraqueza, mas força. Outra palavra para a não reação é perdão. Perdoar é ver além, ou melhor, é enxergar através de algo. É ver, através do ego, a sanidade que há em cada ser humano como sua essência.

O ego adora reclamar e se ressente não só de pessoas como de situações. O que podemos fazer com alguém também conseguimos fazer com uma circunstância: transformá-la num inimigo. Os pontos implícitos são sempre: "isso não deveria estar acontecendo", "não quero estar aqui", "estou agindo contra a minha vontade", "o tratamento que estou recebendo é injusto". E, é claro, o maior inimigo do ego acima de tudo isso é o momento presente, ou seja, a vida em si. 

Não confunda a queixa com a atitude de informar alguém de uma falha ou de uma deficiência para que elas possam ser sanadas. Além disso, abster-se de reclamar não corresponde necessariamente em tolerar algo de má qualidade nem um mal comportamento. Não há interferência do ego quando dizemos ao garçom que a comida está fria e precisa ser aquecida -  desde que nos atenhamos aos fatos, que são sempre neutros. "Como você se atreve a me servir uma sopa fria?" Isso é se queixar. Nessa situação, existe um "eu" que adora se sentir pessoalmente ofendido pela comida fria e ele aproveitará esse fato ao máximo, um "eu" que aprecia apontar o erro de alguém. A reclamação a que me refiro está a serviço do ego, e não da mudança. Algumas vezes fica óbvio que o ego não deseja que algo se modifique para que possa continuar se queixando. 

Veja se você consegue capturar, ou melhor, perceber, a voz na sua cabeça - talvez no exato instante em que ela esteja reclamando de algo - e reconhecê-la pelo que ela é: a voz do ego, não mais que um padrão mental condicionado, um pensamento. Sempre que a observar, compreenderá que você não é ela, e sim aquele que tem consciência dela. Na verdade, você é a consciência que está consciente da voz. Atrás, em segundo plano, está a consciência. À frente, se situa a voz, aquele que pensa. Dessa maneira você está se libertando do ego, livrando-se da mente não observada. No momento em que você se tornar consciente do ego, a rigor ele não mais será ego, e sim um velho padrão mental condicionado. O ego implica inconsciência. Ele e a consciência não podem coexistir. O velho padrão mental, ou hábito mental, pode sobreviver e se manifestar por um tempo porque tem o impulso de milhares de anos de inconsciência humana coletiva atrás de si. No entanto, toda vez que é reconhecido, ele se enfraquece.

Do livro "Um novo mundo - o Despertar de uma nova consciência."

domingo, 4 de agosto de 2013

Gotas no oceano


Somos gotas apartadas do oceano. Essa é a verdade. Vivemos em uníssono apenas com nossos desejos, alimentando e sendo alimentados pela ilusão do que os olhos veem, e seguindo, lutando desesperadamente para preencher o vazio existencial que nos marca. Ver o Todo com os olhos da individualidade faz com que a vida pese nos ombros, vez que só o que nos rodeia é a velha competição em que vence o mais forte, o mais esperto, o mais bem relacionado. A cena que se repete no entorno traz contornos da disputa cruel, do massacre aos valores em nome do posto mais alto. E pobre dos bem intencionados e de bom coração, que, ingênuos, são preteridos no jogo de poder que se exalta nesse planeta. Pelo menos assim parece aos que se sentem apartados do Todo.

Veja um mesmo vento, numa mesma paisagem. Para um trabalhador que semeia o campo, pode ser uma brisa, um refresco do calor do sol. Já para o pólen das flores é agente da vida, transporte para a manutenção da espécie. Para um pequeno inseto no chão, é uma tempestade que devasta tudo o que encontra e contra a qual não se pode lutar. Em que perspectiva pautamos a nossa manifestação enquanto seres viventes?

Se nos manifestamos enquanto oceano que se mostra através das gotas, a cena muda o contorno dando novo sentido ao entorno. O mais forte jamais compete, o mais sábio jamais pretere e o bem relacionado em essência jamais perde, pois que repousa na vitória da sintonia com o universo. Gasta-se energia em demasiado correndo-se atrás do que se esvai com o tempo, e somente os que buscam a unicidade do imutável e preenchem o seu próprio vazio existencial podem lidar com o dia a dia dando peso e medida adequados às lutas que se apresentam.

Temos uma doente tendência a tomar por fim o que deve ser apenas instrumento intermediário. E pobre daqueles que se deixam cegar pelo que os olhos podem ver! Essa sim é uma realidade cruel, contra a qual agente externo nenhum pode ir. Somente a vontade interior de cada individualidade pode levar ao caminho do despertar. O caminho de volta pra casa, o trabalho de se preencher o vazio é trabalho pessoal e intransferível, cabendo a cada um apenas a manifestação daquilo que lhe é possível.

Apenas devemos ter em mente que o cansaço existencial advém da perspectiva limitada e não dos eventos em si. E caso nos apartemos em meio à turbulenta e forte ilusão do mundo material, que saibamos retornar ao lar, firmando a própria consciência nos princípios do universo, e tudo mais no entorno tomará os contornos devidos.

Viver não é luta, é arte. Não basta ser forte, há de se ser essência.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Minha releitura do Pai Nosso...


Pai Nosso que está em mim,
Santificados sejam todos os Teus Nomes!
Venha em nós o Vosso Reino,
Seja feita a Tua Vontade aqui na terra como no céu.
O alimento do corpo e da alma nos dai hoje.
Compreendei as nossas falhas
Da mesma forma que compreendemos as falhas alheias.
Não nos deixeis cair na ignorância,
Mas livrai-nos do mal em nós!

Amém!!!

terça-feira, 2 de abril de 2013

Sobre amor e trabalho, em homenagem a Chico Xavier.




Um dos maiores seguidores do Cristo faria hoje 99 anos de idade. Chico Xavier, considerado um militante do movimento espírita, era, na realidade, a meu ver, um instrumento do AMOR. Lamento quando ouço comentários depreciativos a seu respeito vindo daqueles que o fazem vítima de seus preconceitos religiosos, daqueles que não conseguem ver o ser humano por trás dos dogmas das instituições. Não enxergo em Chico um líder do movimento espírita, mas um homem que se colocou à disposição de Deus para ser um operador da Vontade do Supremo.

O Amor é a única Verdade desse mundo e nossa maior responsabilidade é manifestá-lo no mundo físico, permitindo-nos ser instrumento da Sinfonia Divina já em curso. E Amar Incondicionalmente implica em muito trabalho. Não ama aquele que se omite, se esconde, que foge do ajuste com a própria consciência. Ama aquele que luta pelo bem comum, o que limpa o próprio coração e recomeça todos os dias a afinação do próprio psiquismo. Ama o que aceita o outro como é, o que não espera nada em troca e que trabalha incansavelmente para ensinar apenas com o próprio exemplo, pois só tem o poder de mudar o mundo externo aquele que purifica seu mundo interno.

A verdadeira educação do ser humano vem da essência, é dita pela consciência e manifestada pelo coração. Cabe a cada um edificar o amor dentro de si para servir à humanidade da maneira que lhe cabe de acordo com o movimento do universo. Não importa que tipo de trabalho seja feito, o importante é com que motivação se faz. Varrer um chão ou limpar um banheiro pode ser muito mais proveitoso ao ser humano e a toda humanidade do que os trabalhos intelectuais e políticos que alguns fazem de forma vazia.

Chico Xavier não tocava o coração das pessoas porque falava de amor, mas porque vivia o amor. Ele, assim como Mahatma Gandhi, líder político e social da Índia, eram líderes de si mesmos, comandavam os próprios instintos, controlavam os próprios desejos e consequentemente influenciam até hoje milhões de pessoas, pois seus ensinamentos tinham essência, tinham prática. Por que todos os grandes mestres da humanidade nos aconselharam a “amar nossos inimigos e fazer bem aos que nos odeiam”? O que há por trás disso? O que faz com que um homem simples, comum, como Chico Xavier, ou com que um simples advogado como Mahatma Gandhi, toque o coração de milhões de pessoas? São questões a respeito das quais devemos refletir. Estamos sedentos de Amor, de Verdade, e nosso coração reconhece aqueles que já bebem na fonte da Consciência Superior. Mas não basta reconhecer, devemos aprender. E também não basta apenas aprender, temos que praticar, pois muitos ainda mais precisam ser alimentados.

Manifestar a essência divina não é algo que vem em decorrência de um privilégio divino, nem se consegue por milagre da noite para o dia. Isso requer trabalho, muito trabalho. Exige um mergulho em si mesmo, um enxergar dos próprios vícios com uma determinação em transformá-los em virtudes e um reconhecimento dos próprios talentos. Tal processo deve acontecer de forma incessante e persistente, sendo às vezes doloroso. Requer uma submissão à Consciência Superior, um despertar da Humildade no ego para que os caprichos de nossa personalidade sejam submetidos a uma Sabedoria que está além do cérebro físico. É um trabalho por vezes cansativo, que exige muita força e coragem, mas que concede aos que persistem o bálsamo da libertação. Não é algo para observarmos e admirarmos nos grandes homens, como Chico Xavier. É algo para lutarmos para construir em nós, através das dicas que os bons exemplos nos deixam.

A cura da humanidade não se fará por milagre, nem através daqueles que esperam sentados e reclamando da vida que venha de um missionário que está longe. Virá através da edificação do Bem em cada ser humano e isso exige de nós muito trabalho. O despertar do amor verdadeiro em nosso mundo interno nos liberta, e a liberdade de consciência nos traz a responsabilidade perante o outro e perante o mundo. Há muito trabalho a ser feito e poucos são os que querem abraçar a responsabilidade de curar a si mesmos para colaborar no processo de cura da humanidade.

Chico foi um desses. Tenho certeza de que, de onde está agora, ainda trabalha incansavelmente para manter acesa a sua própria luz e assim seguir iluminado seu entorno, ajudando na evolução desse orbe. Que sua luz, nesse dia, se faça ainda mais forte em todos nós. A esse mestre, pai e irmão que tanto amo e que tanto me ensina, todo meu amor e gratidão sempre.

O trabalho continua!!!