sábado, 24 de janeiro de 2015

Enxergar...



Enxergo melhor com os olhos fechados!!!

Não entendo bem o mundo exterior. Para mim sempre pareceu estranho observar como nós maquiamos os próprios sentimentos usando máscaras de todos os tipos. Quem ama às vezes agride; e quem agride às vezes é porque ama.

Famílias e amigos se reúnem para diversão assistindo filmes sangrentos, crianças brincam de matar nos vídeo games, meninas dançam músicas vulgares que rebaixam as mulheres e isso nos parece engraçado, notícias sensacionalistas têm mais ibope do que bons exemplos...

A sociedade critica quem é "bonzinho demais" ou "ético demais", como se ética e bondade se transformassem em defeitos se em altas doses. Por outro lado, premiam feitos vazios dos ditos "mais espertos". Todos são ótimos e rápidos em julgar os outros ou em oferecer soluções pros problemas alheios, mas lentos e deficientes na autoanálise e autocrítica ou em assumir a responsabilidade pelos acontecimentos na própria vida.

A vingança e a punição possuem muitos adeptos, a corrupção é moda. Todos bravejam em alto e bom som para reclamar dos políticos ladrões, enquanto acham normal e necessário pequenos atos desonestos que praticam todos os dias.

Os homens ainda matam uns aos outros, fabricam armas de destruição em massa e ainda destroem o planeta. Passam por cima uns dos outros em benefício próprio e acham que é o suficiente ser caridoso e gentil com quem lhes é útil de alguma forma.

Sujamos o planeta, sujamos a humanidade e toda essa sujeira dá audiência. 

Quem dá amor, espera sempre algo em troca. Não suportamos ser contrariados e não toleramos quem discorda conosco. A agressão gratuita é considerada estresse, por isso, sempre justificada. Estamos todos viciados em pronomes possessivos: "meu" e "seu"; já não usamos mais o "nosso".

Passamos a vida atrás de poder, de dinheiro, de estabilidade, de bens, e justificamos essa busca de todas as formas cretinas do ego. Deixamos em segundo plano o outro, o cuidado com as relações, a atenção com a vida em volta, e quando o tempo chega e nos cobra a essência, já não a temos para dar. Então descobrimos que tudo que temos, ficará para trás, e já não há mais tempo para resgatar o que somos. 

Zombamos do que não conhecemos, conhecemos apenas o que nos convém, e nos contentamos em apenas repetir os padrões de ideias e comportamentos que o mundo impõe. Dia após dia, mês após mês, ano após ano, as datas, festas e feriados se repetem e nós, como marionetes que somos, celebramos tudo da mesma forma, achando normal esse ciclo repetitivo sem fim.

Achamos o suficiente falar de amor, exercer o amor e sentir o amor incondicional que os mestres ensinam apenas uma vez por semana, quando nos emocionamos e abraçamos o próximo nas igrejas, templos ou grupos espirituais.

Sim, eu enxergo melhor com os olhos fechados!!! Pois lá, todos os padrões e dogmas se dissolvem na essência que acalenta; e descortina-se uma realidade que palavras não podem explicar e que não se pode impor aos demais. O que lá toco só pode ser observado e sentido; e alimenta a alma da fome imposta no mundo dos "olhos abertos". 

Ainda acho que a humanidade tem jeito. Um dia, quando o que está além dos nosso olhos despertar realmente a nossa visão, quem sabe! Então deixaremos de ser fantoches do sistema e poderemos ser seres pensantes, seres que são, seres que enxergam o que está além da visão e já não se encaixam mais no modo normóide que inventamos aqui.

"Deus me livre de ser normal."