sábado, 24 de janeiro de 2015

Enxergar...



Enxergo melhor com os olhos fechados!!!

Não entendo bem o mundo exterior. Para mim sempre pareceu estranho observar como nós maquiamos os próprios sentimentos usando máscaras de todos os tipos. Quem ama às vezes agride; e quem agride às vezes é porque ama.

Famílias e amigos se reúnem para diversão assistindo filmes sangrentos, crianças brincam de matar nos vídeo games, meninas dançam músicas vulgares que rebaixam as mulheres e isso nos parece engraçado, notícias sensacionalistas têm mais ibope do que bons exemplos...

A sociedade critica quem é "bonzinho demais" ou "ético demais", como se ética e bondade se transformassem em defeitos se em altas doses. Por outro lado, premiam feitos vazios dos ditos "mais espertos". Todos são ótimos e rápidos em julgar os outros ou em oferecer soluções pros problemas alheios, mas lentos e deficientes na autoanálise e autocrítica ou em assumir a responsabilidade pelos acontecimentos na própria vida.

A vingança e a punição possuem muitos adeptos, a corrupção é moda. Todos bravejam em alto e bom som para reclamar dos políticos ladrões, enquanto acham normal e necessário pequenos atos desonestos que praticam todos os dias.

Os homens ainda matam uns aos outros, fabricam armas de destruição em massa e ainda destroem o planeta. Passam por cima uns dos outros em benefício próprio e acham que é o suficiente ser caridoso e gentil com quem lhes é útil de alguma forma.

Sujamos o planeta, sujamos a humanidade e toda essa sujeira dá audiência. 

Quem dá amor, espera sempre algo em troca. Não suportamos ser contrariados e não toleramos quem discorda conosco. A agressão gratuita é considerada estresse, por isso, sempre justificada. Estamos todos viciados em pronomes possessivos: "meu" e "seu"; já não usamos mais o "nosso".

Passamos a vida atrás de poder, de dinheiro, de estabilidade, de bens, e justificamos essa busca de todas as formas cretinas do ego. Deixamos em segundo plano o outro, o cuidado com as relações, a atenção com a vida em volta, e quando o tempo chega e nos cobra a essência, já não a temos para dar. Então descobrimos que tudo que temos, ficará para trás, e já não há mais tempo para resgatar o que somos. 

Zombamos do que não conhecemos, conhecemos apenas o que nos convém, e nos contentamos em apenas repetir os padrões de ideias e comportamentos que o mundo impõe. Dia após dia, mês após mês, ano após ano, as datas, festas e feriados se repetem e nós, como marionetes que somos, celebramos tudo da mesma forma, achando normal esse ciclo repetitivo sem fim.

Achamos o suficiente falar de amor, exercer o amor e sentir o amor incondicional que os mestres ensinam apenas uma vez por semana, quando nos emocionamos e abraçamos o próximo nas igrejas, templos ou grupos espirituais.

Sim, eu enxergo melhor com os olhos fechados!!! Pois lá, todos os padrões e dogmas se dissolvem na essência que acalenta; e descortina-se uma realidade que palavras não podem explicar e que não se pode impor aos demais. O que lá toco só pode ser observado e sentido; e alimenta a alma da fome imposta no mundo dos "olhos abertos". 

Ainda acho que a humanidade tem jeito. Um dia, quando o que está além dos nosso olhos despertar realmente a nossa visão, quem sabe! Então deixaremos de ser fantoches do sistema e poderemos ser seres pensantes, seres que são, seres que enxergam o que está além da visão e já não se encaixam mais no modo normóide que inventamos aqui.

"Deus me livre de ser normal."


sábado, 8 de novembro de 2014

Sobre a humanidade



Eu ainda acredito na humanidade. Acredito que um dia poderemos viver em um mundo de pessoas mais conscientes, que são capazes de respeitar a vida, de compartilhar o que tem dentro e fora de si, sem a pretensão de se denominar donos de verdades e possuidores da solução para o mundo. 

Ainda acredito que um dia não mais toleraremos o sistema político podre que hoje se impõe, onde a luta pelo poder tem mais valor que a luta por um mundo melhor, onde a vaidade e orgulho se disfarçam com ideais populares a fim de se alcançar favoritismo, onde são tolerados e reeleitos homens corruptos e acumuladores em nome do prestígio político construído em cima da ingenuidade do povo. 

Acredito que chegará um tempo em que só aceitaremos representantes comprometidos com o bem estar social, que valorizem mais a dignidade de cada ser humano do que a bandeira do partido político que defendem. 

Acredito que um dia a humanidade entenderá que somos uma só família, moradores de um mesmo berço planetário, peças de um mesmo jogo cósmico chamado Vida, e que, afinal, se o time ganha, pouco importa quem fez o ponto.

Sim, eu ainda acredito na humanidade. Ainda acredito em que o que há de belo e suave nesse mundo é muito mais forte e determinante que aquilo que turva a paisagem, pois da mesma forma que a água é capaz de moldar as mais duras rochas, apenas com sua leveza e paciência, assim também o amor molda os homens, silenciosa e pacientemente, mas sem jamais desistir de nós, porque também o universo inteiro ainda acredita na humanidade.

sábado, 11 de outubro de 2014

Reflexões sobre a morte



Há um ano atrás eu dirigia pela estrada, atravessando a Chapada Diamantina, rumo à Vitória da Conquista, sem saber que alguns quilômetros na frente sofreria um acidente. Lembro-me das reflexões que fiz durante o caminho, de observar como a Chapada estava seca, de planejar momentos futuros... e esses momentos poderiam não ter chegado.


A morte é tão real quanto a vida. E chega de repente, sem perguntar se estamos prontos ou não. E nunca estamos. Nunca estamos preparados para aquilo que tememos. E tememos tanto, que transformamos o assunto num tabu. Não se fala disso com naturalidade, mas como se estivéssemos falando de um monstro, de uma maldição. E a morte é tão real e determinante quanto a vida...talvez até mais.


Por não pensarmos na morte, acabamos por não pensar também na vida. Isso porque nos ocupamos sempre de planos futuros, de saudades passadas, de conquistar, adquirir, e não nos damos conta de que tudo isso é frágil, pois a qualquer momento, um acidente ou qualquer outro imprevisto, pode nos tirar daqui e tudo se interrompe.


Se eu tivesse morrido naquele acidente, no dia 11/10/2013, teria deixado para trás tudo de material que adquiri, e nada disso teria mais importância pra ninguém agora. Nenhum dos meus planos pro futuro se concretizaria, não teria importância pra ninguém as coisas que vivi ao longo da vida. Claro que os que me amam ainda sentiriam minha falta, mas todos já teriam seguido suas vidas, porque o tempo não pára para que a gente sofra. A vida segue!!!


E minha vida também seguiria, só que de uma outra forma. Se existia em mim qualquer dúvida a respeito da vida após a morte, isso se dissolveu nas duas experiências de "quase morte" que tive. Sim, minha vida seguiria e eu só levaria comigo minhas lembranças, o que marquei em minha alma de bom ou de ruim. Portanto, a maneira como vivemos aqui determina o tamanho do peso que levaremos quando partirmos. E não se enganem: a única coisa certa nesse mundo é que todos iremos partir, e ninguém sabe quando.


Por isso, um pensamento me passa na mente todos os dias a noite: e se eu tivesse morrido hoje, o que eu levaria na alma? Isso me faz ver que pesos eu estou carregando. Não há como viver aqui sem passar por momentos ruins, de dor e decepção. Sempre haverá o que nos suje a alma e contamine os pensamentos. Porém, podemos escolher o tempo durante o qual carregaremos esse lixo.


Estou determinada a limpar a minha alma todos os dias. Ainda me deixo contaminar tanto, ainda fico tão cega as vezes!!! Mas algo em mim é absoluto: não há nada mais importante para mim do que ser uma pessoa melhor a cada dia. Não troco meus valores eternos, por conquistas transitórias. Não sujo minha consciência por ninguém, nem por nada, pois ela é meu único vínculo com o que é Real em mim. Não tenho compromisso com dogmas ou ideologias imutáveis. Meu compromisso é com o SER e o SER é movimento, evolução. E não há evolução sem mudanças de paradigmas.


Não tenho medo da morte. Tenho medo da ausência de Vida em plena vida, tenho medo de viver demais no futuro e no passado e não enxergar meu presente, tenho medo de dar mais valor a coisas que a pessoas, de trabalhar demais a ponto de não ter mais tempo para ligar pros meus pais ou para ver o sol se pôr. Tenho medo da pretensão que nos faz achar que somos intocáveis, das certezas políticas ou religiosas que a sociedade impõe, dos paradigmas sólidos que nos cega a visão espiritual. Tenho medo de me recusar a aprender, a ver, a enxergar as pessoas e aceitá-las como são. Tenho medo de passar pela vida sem viver realmente, de chegar no dia da morte com a mente pesada por culpas e inimizades.



A morte... é apenas outra mudança. E como não tenho medo de mudar, não tenho medo da morte. Ela chegou bem perto há um ano para me abraçar e resolveu me dar apenas um conselho: viva no presente, pois o futuro pode não chegar.

sábado, 26 de abril de 2014

Minha liberdade espiritual.



Em primeiro lugar, quero deixar muito claro que NÃO ESTOU VINCULADA A NENHUMA RELIGIÃO, NENHUMA SEITA, NENHUMA DOUTRINA, NENHUM MOVIMENTO ESPECÍFICO QUE CULTIVE SEGUIDORES OU DEVOTOS. Não que eu tenha alguma coisa contra tais coisas. Não tenho. Aliás, até acho que sob uma certa perspectiva e em alguns casos, a religião é necessária e extremamente saudável à humanidade. Aos que me perguntam porque eu não me filio a uma religião, já que fui criada em preceitos religiosos: acredito que cada pessoa segue seu caminho vinculado àquilo a que precisa se vincular, e as filosofias dogmáticas definitivamente não estão no meu trajeto de agora. 

Isso não significa que eu esteja apartada do lado espiritual de minha vida, muito pelo contrário. Levo muito a sério questões filosóficas e espirituais. Sempre foi assim. Decidi, por livre e espontânea vontade, me batizar com Testemunha de Jeová aos 10 anos de idade por acreditar, de coração, que aquele era o caminho para o amor divino. Aos 20 me desliguei desta religião por perceber que meu caminho era outro. Não entrarei aqui no mérito dessa questão, até porque, respeito imensamente a religião em que fui criada, além de ter imenso afeto por muitos que ainda a professam.

Meu caminho é a espiritualidade livre e consciente. Lembro-me de observar o céu, introspectiva, analisando todos os pontos que me levavam a querer mudar o rumo espiritual da minha vida e ali, em silêncio, olhando o infinito, percebi que não era necessário que houvesse nenhum intermediário entre "Deus" e eu. E não há. Como dizia Leon Tolstói, "a minha religião é o Amor por todos os seres". E assim é.

Sim, eu acredito em reencarnação, mas isso não me faz espírita. Pratico meditação, e isso não me faz budista. Escuto mantras, e isso não me faz hindu. Tenho uma imagem de São Franscisco, e isso não me faz católica. Gosto de ler sobre Jesus e citá-lo sempre em minha vida, e isso não me faz evangélica. Gosto dos decretos da chama violeta, e isso não me faz teosofista. Acredito na existência de vida inteligente em outros planetas, e isso não me faz ufóloga. Pratico a não-violência em todos os âmbitos e em todos os minutos da minha vida, e isso não me faz tolstoiana. Acredito que o universo inteiro está dentro de nós e que é a isso que devemos dar atenção, e isso não me faz gnóstica. Prezo a minha liberdade de expressão, de sentimento e de pensamento acima de qualquer coisa, e isso não me faz anarquista. Fomento a reflexão, incentivo a fé raciocinada, acho saudável o questionamento, e isso não me faz descrente.

O respeito é a base do meu movimento por este planeta. Uma opinião diferente da minha não tem que ser errada; é apenas diferente. Luto por um mundo melhor com a única arma que acredito ter eficiência nessa batalha: a edificação do Amor incondicional dentro de mim mesma. A única transformação possível de ser feita é a interior, e é aí que está a beleza disso tudo: essa é a única forma de se mudar o mundo. Por quê? Por algumas razões simples: se um time ganha um jogo, não interessa quem marcou o ponto. Estamos todos num mesmo barco, somos de alguma forma interconectados e a física moderna já nos prova isso por meios racionais e lógicos. Portanto, cada indivíduo que edifica em torno de si o belo, ilumina um pouco mais a vida de todo o planeta. Além disso, é um fato já ensinado por todos os mestres e sábios que já pisaram por este mundo que só se ensina pelo exemplo. Jesus nada impôs a ninguém. Ele viveu sua filosofia, e aqueles que se interessaram, aprenderam observando suas ações. Ações...porque palavras o vento leva.

Meu caminho é o interior. Esse é o caminho que tem feito com que eu assuma a minha responsabilidade perante esta vida, que faz com que eu me esforce a cada minuto do meu dia para ser uma pessoa melhor, para amar incondicionalmente, para aprender sempre e cada vez mais com cada pessoa que aparece em meu caminho. Minha responsabilidade "fora de mim" é com o respeito e amor aos outros. Gentileza, tolerância e simplicidade são virtudes necessárias para uma consciência pacificada e pacífica. Exercito-me, todos os dias, na arte de amar sem esperar nada em troca, de aceitar as pessoas como elas são, de não ser tão dura comigo mesma, de estar feliz no aqui e agora, grata pelo que a vida me dá de bom.

Não quero convencer ninguém de nada, mas gostaria que as pessoas entendessem que não importa o nome que você dá a Deus, a religião que você professa, se você acredita ou não em vida após a morte, se acha ou não que existe reencarnação. O valioso de nossa existência é o Amor que edificamos em nosso próprio íntimo, são as boas sementes que lançamos em outros continentes de alma com nossa atitude amorosa. Essa é a base, isso é o fundamental. Sem essa prática, nenhuma filosofia espiritual ou dogmática tem valor.

Podem me ter como utópica demais, mas trabalho para fazer desse mundo um lugar melhor seguindo a orientação da parte mais bela de mim, sempre com muito respeito a tudo a minha volta. Faço a minha parte apenas, sem intenção de a ninguém convencer. Nutro apenas um desejo sincero de que as pessoas acreditem em ser possível ainda fazer com que a vida humana embeleze esse planeta, fazendo isso com suas prórpias vidas, seja em que religião ou doutrina for. Que a luz do Amor, puro e simples, se espalhe pelas pessoas, e que essa idéia abra nossos corações para o respeito e a tolerância com o que não se harmoniza com nossas convicções pessoais!!!

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Sobre liberdade espiritual e verdade, por Krishnamurti.



Palestra proferida por Krishnamurti no evento de encerramento da Ordem Estrela do Oriente, fundada em 1911, e da qual ele foi nomeado Dirigente. Em 3 de agosto de 1929, dia da abertura do Acampamento Anual da Estrela, em Ommen, Holanda, Krishnamurti dissolveu a Ordem diante de 3.000 membros. Abaixo está o texto completo da palestra que ele deu naquela ocasião:

"O diabo e um amigo dele estavam descendo a rua quando viram à sua frente um homem se agachar e pegar algo do chão, dar uma olhada e colocar no bolso. O amigo perguntou ao diabo: 
_ Que foi que o homem pegou?
_ Ele pegou um pedaço da verdade - respondeu o diabo. 
_ Isso é um negócio muito ruim pra você, então. - disse o amigo dele. 
_ Oh, de modo algum! - retrucou o diabo - Vou deixar que ele a organize."


Eu afirmo que a Verdade é uma terra sem caminhos, e vocês não podem alcançá-la por nenhum caminho, qualquer que seja, por nenhuma religião, por nenhuma seita. Este é o meu ponto de vista, e eu o confirmo absoluta e incondicionalmente. A Verdade, sendo ilimitada, incondicionada, inacessível por qualquer caminho que seja, não pode ser organizada; nem pode qualquer organização ser constituída para conduzir ou coagir pessoas para qualquer senda particular. Se vocês logo compreendem isso, verão o quanto é impossível organizar uma crença. Uma crença é algo puramente individual, e vocês não podem e não devem organizá-la. Se o fizerem, ela se torna morta, cristalizada; torna-se um credo, uma seita, uma religião a ser imposta aos outros. Isto é o que todos estão tentando fazer mundo afora.

A Verdade é restringida e usada como joguete por aqueles que são fracos, por aqueles que estão apenas momentaneamente desgostosos. A Verdade não pode ser rebaixada, mas, em vez disso, deve o indivíduo fazer esforço para ascender até ela. Vocês não podem trazer o topo da montanha para o vale. Se querem atingir o cume da montanha, vocês devem atravessar o vale e escalar as escarpas sem medo dos perigosos precipícios.

Portanto, esta é a primeira razão, do meu ponto de vista, pela qual a Ordem da Estrela deva ser dissolvida. Nada obstante, vocês provavelmente formarão novas Ordens, continuarão a pertencer a outras organizações em busca da Verdade. Eu não quero pertencer a nenhuma organização do gênero espiritual, por favor, compreendam isto. Eu faria uso de qualquer organização que me levasse a Londres, por exemplo; isso é um tipo bastante diferente de organização, meramente mecânica, como o correio e o telégrafo. Eu usaria um automóvel ou um vapor para viajar, esses são apenas mecanismos físicos, os quais nada têm a ver com espiritualidade. Novamente, eu sustento que nenhuma organização pode conduzir o homem à espiritualidade.

Se uma organização for criada com esse propósito, ela se transforma numa muleta, um ponto fraco, uma dependência, incapacita o indivíduo, e impede-o de crescer, de estabelecer sua singularidade, que reside na descoberta que ele deve fazer – por si mesmo - daquela Verdade absoluta, não condicionada. Esta é, portanto, outra razão pela qual eu decidi, uma vez que aconteceu de ser eu o Dirigente da Ordem da Estrela, dissolvê-la. Ninguém persuadiu-me a tomar esta decisão. Isto não é nenhuma grande façanha, porque eu não quero seguidores, deixo isso claro. No momento em que vocês seguem alguém, deixam de seguir a Verdade. Não estou preocupado em saber se vocês prestam atenção ao que eu digo ou não.

Eu quero fazer determinada coisa no mundo e eu vou fazê-la com resoluta concentração. Estou interessado somente numa coisa essencial: libertar o ser humano. Eu desejo libertá-lo de todas as prisões, de todos os temores, e não fundar religiões, novas seitas, nem estabelecer novas teorias e novas filosofias. Então vocês naturalmente me perguntam por que eu sigo mundo afora, falando continuamente. Eu lhes direi por que razão eu faço isso: não porque eu deseje seguidores, não porque eu queira um grupo especial de discípulos especiais. (Como os homens gostam de ser diferentes de seus semelhantes, por ridículas, absurdas e banais que suas distinções possam ser! Eu não quero encorajar esse disparate). Não tenho discípulos ou apóstolos, quer na terra quer no reino da espiritualidade. “Não é a sedução do dinheiro nem o desejo de viver uma vida confortável o que me atrai. Se eu quisesse uma vida confortável eu não teria vindo a um acampamento ou a viver num país úmido. Estou falando francamente porque quero isso estabelecido de uma vez por todas. Não quero essas discussões pueris ano após ano.

Um jornalista que me entrevistou considerou uma façanha o ato de dissolver uma organização na qual havia milhares e milhares de membros. Para ele isso foi um grande feito, porque ele disse: “O que você fará doravante, como você viverá? Você não terá nenhum séquito, as pessoas não mais o ouvirão”. Se houver apenas cinco pessoas que ouçam, que tenham suas faces voltadas para a eternidade, isso será suficiente. De que serve ter milhares de pessoas que não compreendem, que estão totalmente imersas em preconceito, que não querem o novo, mas que até mesmo traduziriam o novo para satisfazerem seus próprios eus estéreis e estagnados? Se eu falo de forma contundente, por favor, não me entendam mal, não é por falta de compaixão. Se vão um cirurgião para uma operação, não seria bondade da parte dele operar mesmo que lhes cause dor? Da mesma forma, se eu falo de maneira direta, não é por falta de afeto verdadeiro – pelo contrário.

Tal como disse, tenho um só propósito: tornar o homem livre, impulsioná-lo para liberdade, auxiliá-lo a romper com todas as limitações, por que somente isso lhe dará felicidade eterna, lhe dará a incondicionada realização do ser.

Porque eu sou livre, incondicionado, completo, não a parte - não a relativa, mas a Verdade inteira que é eterna – eu desejo que aqueles que buscam compreender-me sejam livres: não que me sigam, não que façam de mim ma prisão que se transforme em religião, uma seita. Ao contrário, eles deveriam estar livres de todos os medos, do medo da religião, do medo da salvação, do medo da espiritualidade, do medo do amor, do medo da morte, do medo da própria vida.

Assim como um artista pinta um quadro porque se deleita com essa pintura, porque ela é sua auto-expressão, sua glória, seu bem-estar, assim faço isso, e não porque eu queira algo de alguém.

“Vocês estão acostumados com a autoridade, ou com a atmosfera de autoridade, a qual vocês acham que os conduzirá à espiritualidade. Vocês pensam e esperam que alguém possa, por meio de seus extraordinários poderes – um milagre – transportá-los a esse reino de eterna liberdade que é a Felicidade. Toda sua concepção de vida está baseada nessa autoridade".

Vocês têm-me ouvido por três anos, sem que qualquer mudança tenha ocorrido, exceto em uns poucos. Analisem agora o que eu estou dizendo, sejam críticos, de forma que vocês entendam radicalmente, fundamentalmente. Quando vocês procuram uma autoridade que os conduza à espiritualidade, vocês são automaticamente instados a construir uma organização em torno daquela autoridade. Pela simples criação de tal organização, a qual, vocês pensam, auxiliará essa autoridade a conduzi-los à espiritualidade, vocês estão encerrados numa prisão.

Se falo com franqueza, por favor, lembrem-se de que assim o faço não por aspereza, não por crueldade, não por entusiasmo do meu propósito, mas porque eu quero que vocês entendam o que eu estou dizendo. Esta é a razão porque vocês estão aqui, e seria uma perda de tempo se eu não explicasse claramente, decisivamente, meu ponto de vista. “Por dezoito anos vocês vêm-se preparando para este evento, para a Vinda do Instrutor do Mundo. Durante dezoito anos vocês se organizaram, procuraram alguém que desse um novo deleite para seus corações e mentes, que transformasse toda a sua vida, que lhes desse uma nova compreensão; por alguém que os alçasse a um novo plano de vida, que lhes desse um novo alento, que os libertasse – mas agora, vejam o que está acontecendo! 

Reconsiderem, ponderem consigo mesmos, e descubram de que maneira essa crença os tornou diferentes – não com a diferença superficial de usar de um crachá, que é banal, absurda. De que maneira tal crença lhes varreu da vida todas as coisas inessenciais? Essa é a única maneira de ponderar: de que modo vocês estão mais livres, mais nobres, mais perigosos para qualquer Sociedade que seja baseada no falso e no inessencial? De que maneira os membros desta organização da Estrela tornaram-se diferentes? Como eu disse, vocês vêm-se preparando para mim durante dezoito anos. Não me importa se vocês acreditam que eu sou o Instrutor do Mundo ou não. Isto tem muito pouca importância.

Não consigo fazer-me mais claro do que isso. Não quero que concordem comigo, não quero que me sigam, quero que entendam o que eu estou dizendo. “Essa compreensão é necessária porque sua crença não os transformou, mas apenas os complicou, e porque vocês não estão dispostos a enfrentar as coisas como elas são.Vocês querem ter seus próprios deuses, - novos deuses em vez dos antigos, novas religiões no lugar das antigas, novas fórmulas no lugar das antigas, todos igualmente sem valor, todos barreiras, todos limitações, todos muletas. No lugar de velhas preferências espirituais vocês têm novas preferências espirituais, em vez de antigas adorações vocês têm novas adorações.

Todos vocês dependem, para sua espiritualidade, para sua felicidade, para sua iluminação, de outra pessoa; e nada obstante vocês estejam se preparando para mim por dezoito anos, quando eu digo que essas coisas são inúteis, quando eu digo que vocês devem jogá-las fora e olhar para dentro de vocês próprios para a iluminação, para a glória, para a purificação, e para a incorruptibilidade do ser, nenhum de vocês está disposto a fazê-lo. Pode haver uns poucos, mas muito, muito poucos. Então, por que se ter uma organização?

Por que ter pessoas falsas, hipócritas me seguindo, a personificação da Verdade? Por favor, lembrem-se de que não estou dizendo algo cruel ou indelicado, mas chegamos a uma situação em que vocês têm que enfrentar as coisas como elas são. Eu disse no ano passado que não transigiria. Muito poucos me ouviram, então. Este ano eu tornei isso absolutamente claro. Eu não sei como milhares de pessoas mundo afora – membros da Ordem – têm-se preparado para mim durante dezoito anos, e ainda agora não querem escutar incondicionalmente, inteiramente o que eu digo.

Tal como disse antes, meu propósito é tornar o ser humano incondicionalmente livre, daí eu reafirmo que a única espiritualidade é a incorruptibilidade do eu que é eterno, é a harmonia entre razão e amor. Esta é a absoluta, incondicionada Verdade que é a própria Vida. Quero, por isso, libertar o ser humano, exultante como o pássaro no céu claro, aliviado, independente, extático nessa liberdade. E eu, para quem vocês estão se preparando por dezoito anos, digo agora que vocês devem estar livres de todas essas coisas, livres de suas complicações, suas confusões.

Para isto vocês precisam não possuir uma organização baseada em crença espiritual. Por que ter uma organização para cinco ou dez pessoas no mundo que compreendem, que estão batalhando, que puseram de lado todas as coisas banais? E para as pessoas frágeis não pode haver organização nenhuma que as ajude a encontrar a Verdade, porque a verdade está dentro de todos; ela não está longe nem perto; está eternamente aí.

Organizações não podem torná-los livres. Nenhum homem de fora pode torná-los livres; nem o pode o culto organizado, nem a imolação de vocês mesmos por uma causa os torna livres; nem enfileirando-se em uma organização, nem lançando-se em trabalhos, os torna livres. Vocês usam uma máquina de escrever para escrever cartas, mas vocês não a colocam em um altar e a adoram. Mas é isto que vocês estão fazendo quando as organizações tornam-se seu principal interesse.

“Quantos membros ela tem?” Esta é a primeira pergunta que me fazem os jornalistas. “Quantos seguidores você tem? Pelo número deles julgaremos se o que você diz é verdadeiro ou falso”. Não sei quantos eles são. Não estou preocupado com isso. Como disse, se houvesse mesmo um que se tenha tornado livre, isso seria suficiente.

De novo, vocês têm a ideia de que somente determinadas pessoas possuem a chave do Reino da Felicidade. Ninguém a possui. Ninguém tem a autoridade para possuir tal chave. Essa chave é seu próprio eu, e no desenvolvimento e na purificação e na incorruptibilidade desse eu particular está o Reino da Eternidade.

Então vocês verão como é absurda toda a estrutura que vocês construíram, procurando ajuda externa, dependendo de outros para o seu consolo, sua felicidade, para sua força. Estes somente podem ser encontrados dentro de vocês mesmos.

Vocês estão acostumados a que lhes digam o quanto vocês avançaram, qual é sua posição espiritual. Quanta infantilidade! Quem além de você mesmo pode dizer se você está bonito ou feio por dentro? Quem além de você mesmo pode dizer se você é incorruptível? Vocês não são sérios nessas coisas.

Mas aqueles que realmente desejam compreender, aqueles que estão tentando encontrar o que é eterno, sem começo e sem fim, caminharão juntos com uma intensidade maior, serão um perigo para tudo que não seja essencial, para fantasias, para obscuridades. E eles se concentrarão, eles se tornarão luz, porque compreendem. Tal união nós devemos criar, e este é o meu propósito. Por causa dessa real compreensão, haverá verdadeira solidariedade. Por causa dessa verdadeira solidariedade – que vocês não parecem conhecer - haverá verdadeira cooperação da parte de cada um. E isto não devido à autoridade, não por causa da salvação, não devido à imolação por uma causa, mas porque vocês realmente compreendem, e então são capazes de viver no eterno. Isso é uma coisa mais elevada que qualquer prazer, que qualquer sacrifício.

Essas são, portanto, algumas das razões porque, após cuidadosa consideração durante dois anos, eu tomei esta decisão. Não foi um impulso momentâneo. Não fui persuadido a isso por ninguém. Não me persuadem em tais coisas. Durante dois anos tenho pensado sobre isto, morosamente, cuidadosamente, pacientemente, e agora decidi dissolver a Ordem, uma vez que aconteceu ser eu seu Dirigente. Vocês podem formar outras organizações e esperar por outra pessoa. Não estou preocupado com isso, nem com a criação de novas prisões, novas ornamentações para esses cárceres.

Meu único interesse é tornar o ser humano absolutamente, incondicionalmente livre.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Saudade da poesia


Saudade do mergulho em versos soltos,
Da imersão na essência.
Me faz falta a melodia da poesia dos loucos,
E as rimas da ciência.

Se a arte a esse mundo falta
E priva-me o tempo de esconder-me em palavras,
Dou meus passos ao papel em pauta,
Mas meu coração terá sempre asas.

E voarei enfim em algum tempo,
Tanto como outrora fiz.
Pois sou verso, melodia e movimento
Em dias de luta, razão e raiz.

Denise da Mata - 12/01/2014

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Conselho da Consciência



Não te identifiques com as misérias humanas. O foco de tua atenção deve estar direcionado ao que é belo e renovador e, assim, semearás novas ideias para a reconstrução desse mundo. Todos possuem seus males e devem lidar com os fantasmas em suas próprias consciências. Não nos cabe reforçar o mal no mundo por salientá-lo nas atitudes alheias. 

Solte a preocupação com o que não te pertence. Que cada um cuide de sua própria consciência e arque com as consequências de suas próprias ações. Cabe a ti renovar-te e, assim, renovar a teu redor aquilo que já está pronto para a transformação. Apenas semeie e o universo cuidará de fazer frutificar aquilo que, em terreno fértil, puder crescer para a construção do novo mundo. 

Não te entristeças com o feio a teu redor. Ele não existe de fato. É apenas fruto da ilusão do ego que esconde da percepção humana a luz que a tudo ampara. Tudo caminha para o novo, para a evolução. Apenas edifica o novo em ti mesma e finca tuas atitudes nos ditames da consciência. Entrega tua dor aos cuidados dos que te amparam e mantenha-te firme em tua missão. Tudo o mais se iluminará no devido tempo.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Queixas e Ressentimentos, por Eckhart Tolle



Queixar-se é uma das estratégias  prediletas do ego para se fortalecer. Cada reclamação é uma pequena história que a mente cria e na qual acreditamos inteiramente. Não importa se ela é feita em voz alta ou apenas em pensamento. Alguns egos que talvez não tenham muito mais com o que se identificar sobrevivem apenas com queixas. Quando estamos presos a um ego assim, reclamar, sobretudo de alguém, é algo habitual e, é claro, inconsciente, o que mostra que não sabemos o que estamos fazendo. Uma atitude típica desse padrão é aplicar rótulos mentais negativos às pessoas, seja na frente delas ou, como é mais comum, falando sobre elas com alguém ou até mesmo apenas pensando nelas. Xingar é o modo mais rude de atribuir esses rótulos e de mostrar a necessidade que o ego tem de estar certo e triunfar sobre os outros: "idiota", "desgraçado", "prostituta", todas essas afirmações definitivas contra as quais não se pode argumentar. No nível seguinte, descendo pela escala da inconsciência, estão os gritos. Não muito abaixo disso, se encontra a violência física.

O ressentimento é a emoção que acompanha a queixa e a rotulagem mental dos outros. Ele acrescenta ainda mais energia ao ego. Ressentir-se significa estar magoado, melindrado ou ofendido. Costumamos nos sentir assim em relação à cobiça das pessoas, à sua desonestidade, à sua falta de integridade, ao que estão fazendo no presente, ao que fizeram no passado, ao que disseram, ao que deixaram de dizer, à atitude que deviam ou não ter tomado. O ego adora isso. Em vez de detectarmos a inconsciência nos outros, nós a transformamos em sua identidade. Quem é o responsável por isso? Nossa própria inconsciência, o ego. Algumas vezes, a falta que apontamos em alguém nem mesmo existe. Ela pode ser um erro total de interpretação, uma projeção feita por uma mente condicionada a ver inimigos e a se considerar sempre certa ou superior. Em outras ocasiões, a falta pode ter ocorrido; contudo, se nos concentrarmos nela, às vezes excluindo todo o resto, nós a tornamos maior do que é. E dessa maneira fortalecemos em nós mesmos aquilo a que reagimos no outro. 

Não reagir ao ego das pessoas é uma das maneiras mais eficazes de não só superarmos nosso próprio ego como também de dissolver o ego humano coletivo. No entanto, só conseguimos nos abster de reagir quando somos capazes de reconhecer o comportamento de alguém como originário do ego, como uma expressão do distúrbio coletivo da espécie humana. Quando compreendemos que não se trata de nada pessoal, a compulsão para reagir desaparece. Não reagindo ao ego, muitas vezes podemos fazer aflorar a sanidade nos outros, que é a consciência não condicionada em oposição à consciência condicionada. Em determinadas ocasiões, talvez precisemos tomar providências práticas para nos proteger de pessoas profundamente inconscientes. Isso é algo que temos condições de fazer sem torná-las nossas inimigas. Nossa maior defesa, contudo, é sermos conscientes. Alguém passa a ser um inimigo quando personalizamos a inconsciência que é o ego. A não reação não é fraqueza, mas força. Outra palavra para a não reação é perdão. Perdoar é ver além, ou melhor, é enxergar através de algo. É ver, através do ego, a sanidade que há em cada ser humano como sua essência.

O ego adora reclamar e se ressente não só de pessoas como de situações. O que podemos fazer com alguém também conseguimos fazer com uma circunstância: transformá-la num inimigo. Os pontos implícitos são sempre: "isso não deveria estar acontecendo", "não quero estar aqui", "estou agindo contra a minha vontade", "o tratamento que estou recebendo é injusto". E, é claro, o maior inimigo do ego acima de tudo isso é o momento presente, ou seja, a vida em si. 

Não confunda a queixa com a atitude de informar alguém de uma falha ou de uma deficiência para que elas possam ser sanadas. Além disso, abster-se de reclamar não corresponde necessariamente em tolerar algo de má qualidade nem um mal comportamento. Não há interferência do ego quando dizemos ao garçom que a comida está fria e precisa ser aquecida -  desde que nos atenhamos aos fatos, que são sempre neutros. "Como você se atreve a me servir uma sopa fria?" Isso é se queixar. Nessa situação, existe um "eu" que adora se sentir pessoalmente ofendido pela comida fria e ele aproveitará esse fato ao máximo, um "eu" que aprecia apontar o erro de alguém. A reclamação a que me refiro está a serviço do ego, e não da mudança. Algumas vezes fica óbvio que o ego não deseja que algo se modifique para que possa continuar se queixando. 

Veja se você consegue capturar, ou melhor, perceber, a voz na sua cabeça - talvez no exato instante em que ela esteja reclamando de algo - e reconhecê-la pelo que ela é: a voz do ego, não mais que um padrão mental condicionado, um pensamento. Sempre que a observar, compreenderá que você não é ela, e sim aquele que tem consciência dela. Na verdade, você é a consciência que está consciente da voz. Atrás, em segundo plano, está a consciência. À frente, se situa a voz, aquele que pensa. Dessa maneira você está se libertando do ego, livrando-se da mente não observada. No momento em que você se tornar consciente do ego, a rigor ele não mais será ego, e sim um velho padrão mental condicionado. O ego implica inconsciência. Ele e a consciência não podem coexistir. O velho padrão mental, ou hábito mental, pode sobreviver e se manifestar por um tempo porque tem o impulso de milhares de anos de inconsciência humana coletiva atrás de si. No entanto, toda vez que é reconhecido, ele se enfraquece.

Do livro "Um novo mundo - o Despertar de uma nova consciência."

domingo, 4 de agosto de 2013

Gotas no oceano


Somos gotas apartadas do oceano. Essa é a verdade. Vivemos em uníssono apenas com nossos desejos, alimentando e sendo alimentados pela ilusão do que os olhos veem, e seguindo, lutando desesperadamente para preencher o vazio existencial que nos marca. Ver o Todo com os olhos da individualidade faz com que a vida pese nos ombros, vez que só o que nos rodeia é a velha competição em que vence o mais forte, o mais esperto, o mais bem relacionado. A cena que se repete no entorno traz contornos da disputa cruel, do massacre aos valores em nome do posto mais alto. E pobre dos bem intencionados e de bom coração, que, ingênuos, são preteridos no jogo de poder que se exalta nesse planeta. Pelo menos assim parece aos que se sentem apartados do Todo.

Veja um mesmo vento, numa mesma paisagem. Para um trabalhador que semeia o campo, pode ser uma brisa, um refresco do calor do sol. Já para o pólen das flores é agente da vida, transporte para a manutenção da espécie. Para um pequeno inseto no chão, é uma tempestade que devasta tudo o que encontra e contra a qual não se pode lutar. Em que perspectiva pautamos a nossa manifestação enquanto seres viventes?

Se nos manifestamos enquanto oceano que se mostra através das gotas, a cena muda o contorno dando novo sentido ao entorno. O mais forte jamais compete, o mais sábio jamais pretere e o bem relacionado em essência jamais perde, pois que repousa na vitória da sintonia com o universo. Gasta-se energia em demasiado correndo-se atrás do que se esvai com o tempo, e somente os que buscam a unicidade do imutável e preenchem o seu próprio vazio existencial podem lidar com o dia a dia dando peso e medida adequados às lutas que se apresentam.

Temos uma doente tendência a tomar por fim o que deve ser apenas instrumento intermediário. E pobre daqueles que se deixam cegar pelo que os olhos podem ver! Essa sim é uma realidade cruel, contra a qual agente externo nenhum pode ir. Somente a vontade interior de cada individualidade pode levar ao caminho do despertar. O caminho de volta pra casa, o trabalho de se preencher o vazio é trabalho pessoal e intransferível, cabendo a cada um apenas a manifestação daquilo que lhe é possível.

Apenas devemos ter em mente que o cansaço existencial advém da perspectiva limitada e não dos eventos em si. E caso nos apartemos em meio à turbulenta e forte ilusão do mundo material, que saibamos retornar ao lar, firmando a própria consciência nos princípios do universo, e tudo mais no entorno tomará os contornos devidos.

Viver não é luta, é arte. Não basta ser forte, há de se ser essência.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Minha releitura do Pai Nosso...


Pai Nosso que está em mim,
Santificados sejam todos os Teus Nomes!
Venha em nós o Vosso Reino,
Seja feita a Tua Vontade aqui na terra como no céu.
O alimento do corpo e da alma nos dai hoje.
Compreendei as nossas falhas
Da mesma forma que compreendemos as falhas alheias.
Não nos deixeis cair na ignorância,
Mas livrai-nos do mal em nós!

Amém!!!