domingo, 26 de dezembro de 2010

Por que a tristeza no natal???


Pergunta a Osho: Por que eu sinto tristeza em relação ao Natal, quando toda a mensagem é alegrar-se e ser feliz?

Resposta:

A mensagem de Cristo é alegrar-se e ser feliz. Mas essa não é a mensagem do cristianismo. A mensagem do cristianismo é: seja triste, com cara de poucos amigos, olhar de coitado; quanto mais coitado você parecer, mais santo você é.

Às vezes eu realmente fico sensibilizado pelo pobre Jesus. Ele caiu na companhia errada, e eu me pergunto como ele está lidando no paraíso com todos esses santos cristãos, tão tristes, tão aborrecidos.

Ele não era um homem aborrecido, ele não era um homem triste — ele não podia ser. A palavra cristo é exatamente um sinônimo de buda. Ele era uma pessoa iluminada. Ele regozijou-se a vida, nas pequenas coisas da vida. Ele regozijou-se ao comer, ao beber, ao fazer amigos. Ele amava o companheirismo, ele amava toda a vida.

Mas os cristãos ao longo dos séculos o pintaram como sendo muito triste. Eles o pintaram sempre na cruz, como se por 33 anos ele sempre estivesse na cruz. E no meu entender um homem como Jesus não morre triste, mesmo na cruz. Ele deve ter rido antes de morrer.

Isso é o que al-Hillaj Mansoor fez antes de ser morto pelos fanáticos muçulmanos, porque ele havia declarado: Ana'l haq — Eu sou Deus. Muçulmanos não podiam tolerar isso, assim como os judeus não podiam tolerar Jesus. Mataram-no — mas, antes que o matassem, ele olhou para o céu e gargalhou.

Cem mil pessoas se reuniram para ver esse fenômeno horrendo, o assassinato de um dos maiores seres humanos que já caminharam sobre a terra. Alguém da multidão perguntou: "al-Hillaj, por que você está rindo? Está sendo morto!" E ele foi morto da forma mais cruel, pedaço por pedaço.

A crucificação de Jesus não é nada comparada à de Mansoor: primeiro as pernas foram decepadas, então suas mãos foram cortadas fora, e depois os olhos foram retirados, e então seu nariz foi cortado fora, e em seguida sua língua foi cortada fora, e então sua cabeça foi decepada. Eles torturaram-no tanto quanto foi possível, mas ele riu. Alguém perguntou: "Por que você está rindo?"

Mansoor disse: "Estou rindo porque o homem que você está matando é outro alguém, eu não sou ele. Eu estou rindo para Deus também. O que está acontecendo? — essas pessoas enlouqueceram? Elas estão matando outro alguém! Eu, você não pode matar, é ridículo, todo o seu esforço é ridículo. Então deixe que isso seja lembrado, que fique registrado que eu ri da sua tolice!"

E é exatamente isso que Jesus deve ter feito, riu. Mas os cristãos têm tentado o seu melhor para representar Jesus como triste. Eles fabricaram um santo sem nada de um autêntico e real ser humano, eles cortaram tudo fora. Os evangelhos não são histórias verdadeiras, muito tem sido alterado, muito tem sido reduzido, muito tem sido acrescentado. Eles se tornaram meras ficções.

Ao longo dos séculos, os cristãos têm tentado retratar Cristo como mais e mais triste. Por quê? — porque por todo o mundo a religião tem sido dominada por um tipo neurótico de pessoas. Tem sido dominada por pessoas masoquistas, sádicas.

No Oriente também: hinduísmo, budismo, jainismo — todos estão sendo dominados por pessoas masoquistas, gente que gosta de se torturar, pessoas incapazes de viver a vida em sua totalidade. Gente que é covarde demais para viver, escapistas, têm dominado a religião até agora. Esses escapistas têm representado Buda como alguém sem risos, Mahavira como alguém sem risos.

E os cristãos realmente dizem que Jesus nunca riu na sua vida. Você pode acreditar nisso? Jesus nunca riu na vida? - e ele gostava de beber e comer, gostava de jogadores e prostitutas, gostava de todos os tipos de pessoas, e ele nunca riu?

Você pode imaginar que um homem como Jesus, que podia festejar por horas com seus amigos, nunca riu? É inconcebível! Como você pode ficar bebendo vinho e comendo por horas sem rir? Ele deve ter brincado, ele deve ter contado histórias engraçadas. Cortaram isso na edição. Ele era um homem muito verdadeiro, e muito corajoso. Ele aceitou Maria Madalena, famosa prostituta da época, como sua discípula. Isso requer coragem, requer ousadia. Não posso acreditar que ele nunca riu.

Eu prefiro acreditar em uma história muito fantasiosa sobre Zaratustra — a de que a primeira coisa que ele fez quando nasceu foi gargalhar. Nisso eu posso acreditar, mas eu não posso acreditar nessa história sobre Jesus, a de que ele nunca riu. Parece impossível.

Uma criança ... a primeira coisa que ele fez foi gargalhar. Mas eu posso acreditar nisso. Há uma certa beleza nisso, um certo significado. Isso simplesmente diz que Zaratustra nasceu sábio, nasceu iluminado, é isso. Se ele riu ou não, não é essa a questão.

E isso não parece muito difícil: se a criança pode chorar, porque ela não pode rir? Os médicos dizem que as crianças choram apenas para limpar a garganta, assim elas podem respirar mais facilmente. Mas isso pode ser feito de um jeito muito melhor por meio de uma gargalhada. E agora há médicos que dizem que se tomarmos o cuidado necessário as crianças não choram; pelo contrário, elas sorriem. Isso é um bom começo. Logo Zaratustras virão.

Mas até agora os médicos têm sido muito cristãos. A primeira coisa que fazem é segurar a criança de cabeça para baixo e batem-lhe nas nádegas. Você espera que a criança ria? São belas boas-vindas ao mundo, colocar a criança de ponta-cabeça, dar-lhe uma pancada - um bom começo, porque toda a vida ela vai tomar pancadas no traseiro, de novo e de novo. E pendurada de cabeça para baixo, como ela pode rir? Não causa admiração que ela chore!

Agora há alguns médicos trabalhando em uma direção diferente. Eles trazem a criança para fora do útero da mãe de uma forma mais natural, eles não cortam o cordão umbilical imediatamente porque isso gera o choro, é violência. Eles deixam a criança sobre a barriga da mãe com o cordão umbilical intacto. Eles dão um bom banho na criança, um banho quente, eles colocam a criança em uma banheira de água quente com exatamente a mesma temperatura existente no útero da mãe.

No útero da mãe a criança está flutuando na água. A água tem o mesmo conteúdo da água do mar, salgada. A criança é colocada numa banheira com a mesma solução química salina, com a mesma temperatura. Ela começa a sorrir. É uma recepção realmente muito bela.

E sem tubos de luzes fortes e ofuscantes: isso fere os olhos da criança. De fato, muitas pessoas estão usando óculos só por causa da insensatez dos médicos. A criança viveu por nove meses no útero da mãe, na escuridão, escuridão total. De repente, tanta luz: isso machuca seus delicados olhos. Você destruiu algo delicado nos olhos dela. A criança deve ser recebida com uma luz muito fraca, e a luz deve ser aumentada lentamente, lentamente, assim seus olhos se acostumam com a luz. Naturalmente, a criança sorri para um belo acolhimento.

Posso acreditar que Zaratustra gargalhou, mas não posso acreditar que Jesus jamais riu. Ele viveu 33 anos e não riu? — isso só seria possível se ele fosse completamente pervertido, completamente patológico, doente. Algo deve estar errado, se ele não riu. Mas não havia nada errado com ele; algo está errado com os seus seguidores. Eles representam seus santos, seus messias, seus profetas, como muito sérios, sombrios, tristes, só para mostrar que eles estão acima do mundo, que estão além do mundo, que não são mundanos. O riso parece superficial, parece não-espiritual.

É por isso — porque você foi educado como cristão. Embora a mensagem do Natal é alegrar e ser feliz, ainda existe uma tristeza, porque todo o cristianismo ensina você a ser triste. Não é uma religião de afirmação da vida, é de negação da vida. É de muito mais negação à vida do que o hinduísmo, de muito mais negação à vida que o judaísmo. Não tem senso de humor de modo algum. E uma religião sem senso de humor é doente, patológica. Precisa de tratamento psicológico.

Pedro, em pé no meio da multidão, olhou para Jesus na cruz. Enquanto olhava, viu claramente Jesus apontando para ele algo lá adiante.

"Psiu, ei, Pedro, vem cá", disse o Senhor.

Assim que Pedro moveu-se para a frente, dois guardas romanos bloquearam seu caminho e espancaram-no até que ele caiu no chão. Alguns momentos depois, Pedro, machucado e sangrando, olhou para cima e viu Jesus de novo apontando para a frente.

"Psiu, ei, Pedro, vem cá!"

Olhando ao redor, Pedro percebeu que a multidão havia ido embora e também os soldados romanos. Ele se aproximou de Jesus: "Sim, Senhor, o que é? O que o Senhor quer? "

"Ei, Pedro", disse Jesus. "Adivinha? Eu posso ver sua casa daqui!"

domingo, 7 de novembro de 2010

Síntese das antíteses, por Lao Tsé


Só temos consciência do belo
Quando conhecemos o feio.
Só temos consciência do bom
Quando conhecemos o mau.
Porquanto o Ser e o Existir
Se engedram mutuamente.
O fácil e o difícil se completam.
O grande e o pequeno são complementares.
O alto e o baixo formam um todo.
O som e o silêncio formam a harmonia.
O passado e o futuro geram o tempo.
Eis por que o sábio age
Pelo não-agir.
E ensina sem falar.
Aceita tudo que lhe acontece.
Produz tudo e não fica com nada.
O sábio tudo realiza - e nada considera seu.
Tudo faz - e não se apega à sua obra.
Não se prende aos frutos da sua atividade.
Termina a sua obra
E está sempre no princípio.
E por isso sua obra prospera.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Respirar no Amor, segundo Osho



O amor é sempre novo. Ele nunca envelhece porque é não-cumulativo, não-armazenador.

O amor não conhece nenhum passado; é sempre fresco, tão fresco como as gotas de orvalho. Ele vive momento a momento, é atômico. Não tem nenhuma continuidade, não conhece nenhuma tradição.

Cada momento ele morre e cada momento ele renasce novamente. É como a respiração: você inspira, você expira; de novo você inspira e expira. Você não o guarda dentro.

Se você segurar a respiração você irá morrer porque ela se tornará viciada, ela se tornará morta. Ela irá perder aquela vitalidade, a qualidade da vida. O mesmo acontece com o amor; ele está respirando; a cada momento ele se renova. Então quando ficamos presos no amor e paramos de respirar, a vida perde toda significância.

E é isso que está acontecendo com as pessoas: a mente é tão dominante que ela até mesmo influencia o coração e o torna possessivo! O coração não conhece nenhuma possessibilidade, mas a mente o contamina, o envenena.

Então se lembre: apaixone-se pela existência! E deixe que o amor seja como o respirar. Inspire e expire, mas deixe que seja o amor entrando, saindo. Pouco a pouco a cada respiração você precisa criar essa mágica de amor.

Torne isso uma meditação: quando você expirar, sinta que você está derramando seu amor na existência; quando você inspirar, a existência está derramando seu amor em você. E logo você verá que a qualidade da sua respiração está mudando, assim ela começa a ficar algo totalmente diferente daquilo que você sempre conheceu antes.

Eis porque na Índia a chamamos de o prana da vida, não é apenas respirar, não é somente oxigênio. Algo mais está lá presente, a própria vida.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Os girassóis e nós, por Padre Fábio de Melo

Eles são submissos. Mas não há sofrimento nesta submissão. A sabedoria vegetal os conduz a uma forma de seguimento surpreendente. Fidelidade incondicional que os determina no mundo, mas sem escravizá-los.

A lógica é simples. Não há conflito naquele que está no lugar certo, fazendo o que deveria. É regra da vida que não passa pela força do argumento, nem tampouco no aprendizado dos livros. É força natural que conduz o caule, ordenando e determinando que a rosa realize o giro, toda vez que mudar a direção do Regente.

Estão mergulhados numa forma de saber milenar, regra que a criação fez questão de deixar na memória da espécie. Eles não podem sobreviver sem a força que os ilumina. Por isso, estão entregues aos intermitentes e místicos movimentos de procura. Eles giram e querem o sol. Eles são girassóis.


Deles me aproximo. Penso no meu destino de ser humano. Penso no quanto eu também sou necessitado de voltar-me para uma força regente, absoluta, determinante. Preciso de Deus. Se para Ele não me volto corro o risco de me desprender de minha possibilidade de ser feliz. É Nele que meu sentido está todo contido. Ele resguarda o infinito de tudo o que ainda posso ser. Descubro maravilhado. Mas no finito que me envolve posso descobrir o desafio de antecipar no tempo, o que Nele já está realizado.


Então intuo. Deus me dá aos poucos, em partes, dia a dia, em fragmentos.


Eu Dele me recebo, assim como o girassol se recebe do sol, porque não pode sobreviver sem sua luz. A flor condensa, ainda que de forma limitada, porque é criatura, o todo de sua natureza que o sol potencializa.


O mesmo é comigo. O mesmo é com você. Deus é nosso sol, e nós não poderíamos chegar a ser quem somos, em essência, se Nele não colocarmos a direção dos nossos olhos.


Cada vez que o nosso olhar se desvia de sua regência, incorremos no risco de fazer ser o nosso sol, o que na verdade não passa de luz artificial.


Substituição desastrosa que chamamos de idolatria. Uma força humana colocada no lugar de Deus.


A vida é o lugar da Revelação divina. É na força da história que descobrimos os rastros do Sagrado. Não há nenhum problema em descobrir nas realidades humanas algumas escadarias que possam nos ajudar a chegar ao céu. Mas não podemos pensar que a escadaria é o lugar definitivo de nossa busca. Parar os nossos olhos no humano que nos fala sobre Deus é o mesmo que distribuir fragmentos de pólvora pelos cômodos de nossa morada. Um risco que não podemos correr.


Tudo o que é humano é frágil, temporário, limitado. Não é ele que pode nos salvar. Ele é apenas um condutor. É depois dele que podemos encontrar o que verdadeiramente importa. Ele, o fundamento de tudo o que nos faz ser o que somos. Ele, o Criador de toda realidade. Deus trino, onipotente, fonte de toda luz.


Sejamos como os girassóis...


Uma coisa é certa. Nós estamos todos num mesmo campo. Há em cada um de nós uma essência que nos orienta para o verdadeiro lugar que precisamos chegar, mas nem sempre realizamos o movimento da procura pela luz.


Sejamos afeitos a este movimento místico, natural. Não prenda os seus olhos no oposto de sua felicidade. Não queira o engano dos artifícios que insistem em distrair a nossa percepção. Não podemos substituir o essencial pelo acidental. É a nossa realização que está em jogo.


Girassol só pode ser feliz se para o Sol estiver orientado. É por isso que eles não perdem tempo com as sombras.


Eles já sabem, mas nós precisamos aprender.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Despertar da Consciência


E ainda teimamos em continuar com nossas consciências adormecidas. Que triste! Muito triste! Nossa humanidade dorme, caminha cega, surda e muda, fazendo mal a si mesma, enterrando-se na ignorância de pretensos saberes, de filosofias moralmente vazias e tratados científicos tristemente técnicos.

Nossa tecnologia cresce a olhos vistos, nossas crianças aprendem mais coisas cada vez mais cedo, produzimos cada vez mais e melhor, e continuamos infelizes. Ainda nos alimentamos da tristeza alheia, nos interessamos por notícias sensacionalistas que exploram a miséria humana, fazemos piada da nossa própria podridão moral, toleramos a corrupão, vendemos nossa dignidade por muito pouco, passamos uma vida inteira acumulando riquezas, matando e roubando por privilégios e vantagens, nos orgulhamos do avanço das indústrias, exploramos mais e mais poços e petróleo sem perceber que estamos cavando a nossa própria cova.

Que triste! Muito triste! Que pena que tanta evolução intelectual não tenha trazido nenhuma melhora moral para nosso planeta. Lamentável que ainda estejamos correndo de um lado para o outro, orgulhosos dos buracos que trazemos em nossa alma, buscando desesperadamente em todos os sentidos externos algo que poderíamos até tocar se simplesmente fechássemos os olhos para purificar o coração.

Mas quem quer se dar ao trabalho de purificar o próprio coração? Quem quer despertar sua consciência? Quem quer assumir a responsabilidade de olhar para o mundo a sua volta e perceber que é uma ilusão, uma peça teatral falida e já sem platéia, cujo cenário está prestes a ser desmontado? Quem quer encontrar a Verdade, perceber-se livre, e ainda assim acorrentar-se aos que ainda estão cegos, apenas por amor a eles? Quem quer sair do conforto da ignorância, da comodidade do nada fazer por nada saber?

Todos os caminhos, todas as verdades terrenas, todas as filosofias que criamos, todos os dogmas que formulamos, todas as crenças pelas quais matamos nos convocam para a batalha, para o despertar, para a ação, para a coragem de se Amar sem esperar nada em troca, para a força de se lutar contra si mesmo e contra as próprias inclinações medíocres, para a grandeza de alma de se reconhecer pequeno diante desta força cósmica real e ainda desconhecida. Mas preferimos distorcer, discordar, esquecer, porque agir dá muito trabalho.

E assim, viciados nessa preguiça moral e espiritual, resumimos nossa espiritualidade em ir a igrejas, cultos, centros, templos, em repetir palavras sagradas sem entender o que significam. Especializamo-nos em rituais, normas e dogmas, porque assim fica mais cômodo, já que é muito mais fácil limpar o salão de uma igreja que o próprio coração, já que dá menos trabalho julgar o outro e apontar seus erros do que encarar nossas próprias mazelas morais.

E seguimos dessa forma: cegos, surdos, mudos, com a consciência ainda adormecida, rindo daqueles que tentam nos ensinar a prática do Amor Incondicional, ridicularizando os que seguem disciplinas espirituais próprias e diferentes, julgando os que se recusam a levantar a bandeira de uma religião específica. Que triste! Muito triste...


Abaixo estão os links dos vídeos transmitidos no II Encontro do Despertar da Consciência, realizado em Vitória da Conquista nos dias 06, 07 e 08 de agosto de 2010.

Clipe "A Religião do Amor".

Clipe "A força divina sempre presente em nosso planeta".

Clipe com as fotos das atividades realizadas por nós nos últimos meses.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

O Mistério



A vida é um mistério insondável que escorre pelas nossas mãos. Por mais que tentemos apreendê-la, ela se esvai sem jamais se explicar. O bem e o mal bailam em nossa mente a todo instante, enquanto nossas ações e palavras pairam sobre algo intangível, sem que percebamos o sentido maior a nossa volta. Ninguém se importa com o mistério. A humanidade corre de um lado para o outro, vendo com os olhos externos, sem conseguir enxergar a verdadeira realidade. O mundo interior sucumbe aos atrativos de fora e os espíritos encarnados seguem perdidos, famintos. Como saciar a fome da alma? Como limpar o mundo por trás dos olhos fechados?

Preocupar-se com o Mistério Maior seria um bom começo. Tantos fragmentos da verdade existem espalhados pelo planeta, tantos raios de luz trabalham incansavelmente em prol do despertar da real vida humana! Nada mais é a vida humana do que um reflexo, uma ressonância da vida do espírito. Se apenas os seres quisessem entender, se ao menos estivessem dispostos a olhar dentro de si mesmos com o intuito de construir em seus próprios corações os pilares do novo mundo, se ao menos descobrissem que o reino de Deus está dentro de cada um de nós!

Não há bem ou mal, certo ou errado. Existem apenas os caminhos divinos através dos quais os seres dirigem suas individualidades em busca da auto-realização. O trilar pode ser doloroso ou alegre, leve ou pesado, iluminado ou trevoso; dependerá apenas de se ver a estrada e as intempéries com os olhos do corpo ou os da alma. A visão interior, aquela que desperta o coração da essência divina de cada um, deixa os passos mais belos e o caminhar mais pacífico.

Para aqueles que encontram o seu próprio Ser divino e nele mergulham sem medo, deixando-se despertar para a realidade cósmica, não há mais peso ou leveza, dor ou alegria, luz ou trevas; há apenas a paz divina e o equilíbrio da eternidade. Apenas a estes os Mistérios da vida se revelam e deles apenas o que se esvai é a ignorância dos que olham, mas não enxergam.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

És apenas Amor



A paz do teu coração está em tuas mãos.
Pelo que trabalhas agora?
Procuras pelo lar perdido,
Clamas por respostas já conhecidas,
Esperas pelo milagre do Amor,
Mas não vês que tua luz é o maior milagre.
O caminho é longo e difícil,
Mas a meta eterna e misericordiosa.
És amor. És apenas amor.

Para que olhar para o redemoinho, quando se está dentro da tempestade?
Confia em teu mestre,
Entrega-te a teus guias,
Que a luz maior estará sempre contigo.
Olha a tua volta: estás em casa.
Seja bem vinda ao lar!
Leve-o dentro de ti,
E mantenha as gavetas em ordem, as malas desfeitas e a cama arrumada.
És amor. És apenas amor.

Entrega, minha menina, o teu medo em minhas mãos.
Cuidarei do teu coração,
Lavarei tuas feridas,
Secarei tuas lágrimas,
Mas és tu que deves caminhar.


Nada posso fazer por ti sem tua força.
Acredita em mim,
Acredita em ti mesma.
Espera sentada o momento,
Não há por que correr.
Olha a tua volta, olha para dentro de ti:
Estou em ambos os lugares.

Pergunta-me quem és,
E eu te digo:
És amor. És apenas amor.
Escuta a música do teu coração,
Respira o ar da tua consciência,
Ama-te, ama-te, ama-te.

Não chores mais, não estás sozinha.
Atravessa o oceano,
Desbrava a floresta,
Resista ao deserto,
E voa...
Voa pelo céu que enxergas a tua frente.
Tudo ficará bem,
E estaremos juntos em tudo.
Desde sempre meu amor te acompanha.
Minhas mãos desviam teus passos quando caminhas por trilhas penosas.
Meus olhos enxergam o perigo quando te negas a ver o obstáculo.
Meu coração bate em teu peito quando te cansas de esperar a hora.
Mas o tempo é meu,
E tens que aprender a parar, a esperar e a seguir.
Segue em frente agora.
Minha luz te guia,
E meu amor te ama.

Quando o medo te alcançar,
Volta pra casa apenas fechando os olhos.
Confia em mim, confiando em ti mesma.
Quando o cansaço abater-te o corpo,
Cuida de mim, cuidando apenas de ti.
Alcança minha palavra, falando a tua língua.
E adormece, pois estarei em teus sonhos.
E te embalarei em meus braços,
Cuidarei de todas as tuas dores,
E te lembrarei de quem realmente és:
És amor. És apenas amor.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Crença



Muitos crêem em Deus. Alguns poucos sabem de Sua existência. Outros, afirmam que Ele não existe. Há ainda aqueles para quem Ele seria apenas uma possibilidade.

Muitos dizem que Deus interferiu nas suas vidas. Seja um jogador de futebol que acha que a Deidade o ajudou a derrotar o time adversário na hora de marcar o gol, seja um lutador de boxe que agradece ao Pai Celeste o fato de ter conseguido massacrar o oponente. Outros juram ter recebido esta ou aquela orientação de Deus e não abrem mão de tal privilégio. Os mais espertos arrecadam mundos e fundos em seu nome. Os desesperados clamam seu nome por tudo. Alguns ensandecidos matam em seu nome, dizendo, inclusive, que obedecem a sua vontade e que serão por Ele recebidos com todas as honras quando lá chegarem.

Ivan Karamasov, personagem de Dostoievski dizia: “se Deus não existe, tudo é permitido”. Mas, o fato é que tudo é permitido mesmo Ele existindo. Afinal, temos todos o livre-arbítrio para agir como bem entendermos. Podemos até mesmo achar que Ele nos ajudou a esmurrar ou a derrotar alguém, como se Ele se permitisse rebaixar à primitiva condição humana terrena. Agora, tentemos explicar a pessoas que assim pensam que Deus nada tem a ver com isso! Para elas, quem assim o fizer, poderá mesmo ser tido na conta de herege.
Temer a Deus é uma violência à sensibilidade de quem de fato ama o Pai Celeste. Como pode alguém temer a quem se ama ou por quem se é amado? Conseguimos colocar, entre os atributos da divindade, todo o primitivismo das nossas equivocadas posturas e temos que achar tudo isso normal. E os cultos religiosos que são feitos para agradecer a vitória de um time em um jogo de futebol, etc..?

O que será que Deus pensa disso tudo? De fato, mesmo que Ele não existisse, ao menos como freio moral, deveríamos nós, cultuá-Lo, para tornar suportável a vida na Terra, pensam alguns. Que seja. Mas, mesmo que Ele não existisse, deveríamos ao menos ter a noção que separa um Deus das miseráveis e tolas pretensões do ser terreno.

Ainda bem que, na atualidade, nenhuma pessoa é mais avaliada por sua crença ou mesmo pela ausência desta, mas, sim, pela sua postura e contribuição para com a comunidade que a cerca.

Hoje, temos a liberdade de decidir e essa é uma inestimável conquista de nossos tempos. As pessoas assumem a fé por decisão, e não mais por tradição, se é que necessariamente assumem algum tipo de fé, pois a própria ciência já encontrou espaço por entre as suas hipóteses e certezas, para um possível princípio causal e\ou mantenedor de tudo o que existe. Assim sendo, admitir intimamente a possibilidade de um Deus e viver de forma produtiva é, seguramente, postura mais edificante do que viver alardeando que Ele existe mas, no entanto, sem honrar a sua excelsa existência, com os atos praticados.

Há uma profunda diferença entre fé religiosa (leis e regras da vida monástica ou de cultos diversos que dizem dos aspectos exteriores) e a crença íntima em Deus ou mesmo a aceitação da possibilidade quanto a sua existência.

Discernir quanto ao que nos cabe fazer cá embaixo, independente de crermos ou não no Pai Celestial, é fator de evolução individual.

De toda forma, penso que Ele existe, não se mete em lutas de boxe, em guerras, em partidas de futebol e nem em outras tantas situações que nem seres menos evoluídos ousariam interferir.

Não nos iludamos: a busca do Pai é processo íntimo, individual, discreto, suave e sereno. Podemos caminhar na companhia de muitos. Que seja. Assim fazemos quando nos congregamos a um movimento religioso. Mas, a descoberta ou a percepção do aspecto cósmico e de sua existência se realiza na intimidade da alma de cada um. Pena que o ser humano sequer sabe ao certo se de fato tem uma alma. Se nem isso sabe, é normal que ponha um luva de boxe na mão de Deus ou O vista com a camisa de um time de futebol.

(Jan Val Ellan)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A essência divina interior, por Sathya Sai Baba:


O Amor é a verdadeira forma de Deus. Seu principal dever é reconhecer este princípio eterno do amor.

Hoje vocês estão à procura da divindade. Qual a necessidade de procurar aquilo que está em todos os lugares, em todos os momentos? Vocês estão à procura de Deus, mas não percebem que Deus está sempre com vocês e em vocês. Procuram obter a visão de Deus através da meditação. Entretanto, não deveriam se sentir satisfeitos executando somente tais práticas espirituais. O princípio eterno, imortal, maravilhoso e feliz da divindade está presente em todos os lugares. Vocês devem se esforçar para perceber esta verdade. Este é o caminho real para atingir a meta da vida.

As pessoas estão se esforçando para perceber a verdade, mas os seus esforços não estão rendendo o resultado desejado. A Divindade é a própria incorporação da felicidade eterna e está presente em todos nós. Como podem visualizá-la? Primeiramente, devem entender que não há nenhum poder superior à verdade neste mundo. Sua primeira obrigação é reconhecer o princípio da verdade presente em vocês.
Mas estão se esquecendo de sua divindade inata. Estão executando várias práticas espirituais para experimentar a divindade. Na realidade, não precisam executar qualquer prática especial para obter a visão de Deus, que sempre está com vocês, em vocês, acima e ao seu redor. Não há nenhuma necessidade de procurar por Ele.

É um sinal de ignorância procurar por Deus, que é inerente a tudo. É um engano pensar que só os que executam práticas espirituais são capazes de atingir o estado de intelecto equânime em todas as situações.

Manifestações do Amor Divino,

Vocês continuam a se procurar no mundo externo? Quem age assim só pode ser chamado de tolo. Se vocês querem se ver, devem voltar sua visão para dentro. Infelizmente, vocês estão se afastando de seu próprio ser sagrado, viciando-se em várias práticas com perspectiva mundana. Vocês são dotados do princípio sagrado do amor. Este Amor Divino é a sua natureza intrínseca, que não surge, nem se vai. A Divindade não tem nem nascimento nem morte. Está sempre presente em vocês. Em vez de desperdiçar seu tempo com vários tipos de práticas espirituais, percebam a verdade que é o 'Eu Sou'.

Aquele que percebe esta verdade não precisa executar qualquer prática espiritual. De onde vem este “Eu”? Ele está em vocês. Sem percebê-lo, vocês procuram o Ser Divino no mundo externo. Precisam perceber que esta Divindade está em vocês. Mas, por causa da ilusão, vocês identificam o princípio do 'Eu' com o seu corpo. Na realidade, 'você' é diferente do corpo. Deveriam entender esta verdade e agir adequadamente.

O verdadeiro aspirante espiritual é aquele que percebe que Deus está presente dentro de si. Algumas pessoas se sentam em algum local, fecham os seus olhos e tentam contemplar a Divindade. Ninguém precisa procurar por sua sombra, que está sempre consigo. De maneira semelhante, a Divindade que vocês estão procurando no mundo externo está presente em vocês.


(De um discurso proferido em Prasanthi Nilayam, no dia 21/03/2004)

Ego, o falso Centro. Por, OSHO:



Uma criança nasce sem qualquer conhecimento, sem qualquer consciência de seu próprio eu. E quando uma criança nasce, a 1ª coisa da qual ela se torna consciente não é ela mesma; a 1ª coisa da qual ela se torna consciente é o outro. Isso é natural, porque os olhos se abrem para fora, as mãos tocam os outros, os ouvidos escutam os outros, a língua saboreia a comida e o nariz cheira o exterior. Todos esses sentidos abrem-se para fora. O nascimento e o desenvolvimento da primeira infância é isso.

Nascimento significa vir a esse mundo para tomar consciência do mundo exterior. Assim, quando uma criança nasce, ela nasce neste mundo e para este mundo. Quando ela abre os olhos e vê os outros e quando percebe o outro este passa a significar o tu.

Ela 1º se torna consciente da mãe. Então, pouco a pouco, ela se torna consciente de seu próprio corpo. Esse também é o ‘outro’, pois também pertence ao mundo. Ela está com fome e passa a sentir o próprio corpo; quando sua necessidade é satisfeita, ela esquece o corpo. É dessa maneira que a criança cresce, sentindo e percebendo. Primeiro ela se torna consciente do você, do tu, do outro, e então, pouco a pouco, contrastando com o você, com o tu, ela se torna consciente de si mesma por oposição.

Essa consciência é uma consciência refletida. Ela não está consciente de quem ela é. Ela está simplesmente consciente da mãe e do que ela pensa a seu respeito. Se a mãe sorri, se a mãe aprecia a criança, se diz ‘você é bonita’ e, se ela a abraça e a beija, a criança sente-se bem a respeito de si mesma. Assim, um ego começa a nascer.

Através da apreciação, do amor, do cuidado, ela sente que ela é boa, pois ela sente que tem valor, ela sente que tem importância para os outros. Um centro de conscientizaçã o está nascendo, mas esse centro é um centro refletido. Ele não é o ser verdadeiro. A criança não sabe quem ela é; ela simplesmente sabe o que os outros pensam a seu respeito. E esse é o ego: o reflexo das relaçãoes do indivíduo com o meio ambiente e, aquilo do que os outros pensam.

Se ninguém pensa que ela tem alguma utilidade, se ninguém a aprecia, se ninguém lhe sorri, então, nasce – um ego doente, triste, rejeitado, como uma ferida, sentindo-se inferior e, sem valor. Isso também é ego. Isso também é fruto de um reflexo. A mãe, no início, significa o mundo. Depois os outros se juntarão à mãe, e o mundo irá crescendo. E quanto mais o mundo cresce, mais complexo o ego se torna, porque muitas opiniões dos outros são refletidas. Assim sendo, o ego é um fenômeno cumulativo, um subproduto do viver com os outros.

Se uma criança vive totalmente sozinha, ela nunca chegará a desenvolver um ego. Mas isso não vai ajudar. Ela permanecerá como um animal. Isso não significa que ela virá a conhecer o seu verdadeiro eu, não.

O ego é uma necessidade; é uma necessidade social, é um subproduto social. A sociedade significa tudo o que está ao seu redor, que está psicológicamente atuante com você, mas não é você. Tudo, menos você, é a sociedade.

O verdadeiro Eu só pode ser conhecido através do falso, portanto, o ego é uma necessidade. Temos que passar por ele que é uma disciplina. O verdadeiro Eu só pode ser conhecido através da ilusão do Ego que foi criada pelo mundo. Você não pode conhecer a verdade diretamente. Primeiro você tem que conhecer aquilo que não é verdadeiro. Primeiro você tem que perceber o que é falso. Através dessa percepção, você se torna capaz de conhecer a verdade. Se você conhece o falso como falso, a verdade se evidenciará em você.

Todos refletem estímulos. Você irá à escola e o professor refletirá quem você é para ele. Você fará amizade com as outras crianças e elas refletirão quem você é para cada uma delas. Pouco a pouco, todos estarão adicionando algo ao seu ego, e todos estarão tentando modificá-lo de algum modo. Os dirigentes da sociedade atuam para que
você não se torne um problema para a mesma sociedade. Eles não estão interessados em você. Eles estão interessados no seu relacionamento com a sociedade. A sociedade está interessada nela mesma, e é assim que deveria ser. Eles não estão interessados no fato de que você deveria se tornar um conhecedor de si mesmo. Interessa-lhes que você se torne uma peça eficiente no mecanismo da sociedade. Você deveria ajustar-se ao padrão. Quem não se ajusta aos padrões de uma sociedade pode ser banido, preso, ou, morto.

Assim, pais, mestres, e os elementos de repressão estão interessados em dar-lhe um ego que se ajuste à sociedade. Ensinam-lhe a moralidade, mas a Moralidade significa dar-lhe um ego que se ajuste à sociedade. Se você for imoral, você será sempre um desajustado em um lugar ou outro… não significa que esteja errado, apenas significa que está desajustado em relação a padrões e valores locais, ou, continentais. Se quizer continuar a viver em determinado meio social deve se ajustar e evitar equívocos. Caso contrário abandone esse meio social.

Moralidade significa simplesmente que você deve se ajustar à sociedade. Se a sociedade estiver em guerra, a moralidade muda. Se a sociedade estiver em paz, existe uma moralidade diferente. A moralidade é uma política social ajustada às circunstâncias de momento. É como diplomacia que ajusta relacionamentos entre países.

Toda criança deve ser educada de tal forma que ela se ajuste à sociedade e, isso é tudo porque a sociedade está interessada em membros eficientes no ponto de vista dela. A sociedade não está interessada no fato de que você deveria chegar ao auto-conhecimento no sentido de conhecer o Eu mais profundo. Nem os Sistemas Organizados
como Religião desejam isso. Todos desejam voce ajustado e contribuinte.

A sociedade cria um ego porque o ego pode ser controlado e manipulado. O Ego é formado à base de informações e crenças limitantes. O Eu desperto nunca pode ser controlado e manipulado. Nunca se ouviu dizer que a sociedade estivesse controlando um Eu esperto. Não é possivel porque o Eu não está sujeito à crenças limitantes.

A criança necessita de um centro de consciência, mas a criança está absolutamente inconsciente de seu próprio centro. A sociedade lhe dá um centro de consciencia pelos condicionamentos e a criança pouco a pouco fica convencida de que esse é o seu centro de consciência e, mas esse é o Ego dado pela sociedade.

Se uma criança volta para casa depois das aulas e se ela foi o 1º lugar de sua classe, a família inteira fica feliz. É beijada, colocada sobre os ombros e você começa a dançar dizendo ‘que linda criança! você é um motivo de orgulho para nós.’ Se você faz isso você está dando um ego para ela, um ego sutil.

Se a criança chega em casa abatida, fracassada, foi um fiasco na classe e ela não passou de ano ou tirou o último lugar, então ninguém a aprecia e a criança se sente rejeitada. Ela poderá tentar ser melhor com mais afinco na próxima vez, porque o Centro de Consciência se sente abalado.

O ego pode estar sempre abalado, sempre à procura de alimento, de alguém que o aprecie. E é por isso que você está continuamente pedindo atenção. Se não recebe atenção positiva e a vontade de vencer for fraca, o Ego pode ser deprimido, mas caso contrário pode se tornar agressivo intelectualmente e até fisicamente. Você obtém dos outros a idéia de quem eles acham que você é. Não é uma experiência direta, mas reflexa. Se os padrões assumidos pela sociedade forem funçaõ de crenças limitantes, você poderá ser considerado rebelde.

É dos outros que você obtém a idéia de quem você é em relação aos padrões deles. Eles modelam o seu centro de consciência egoico, ou, pelo menos tentam modelar. Mas esse centro de consciência egoico é falso, enquanto que o centro de consciência verdadeiro, o seu Eu, está dentro de você. O centro de consciência verdadeiro, o Eu, não é percebido por ninguém e, ninguém o modela. Você vem com ele. Você nasce com ele. Ele é dom de Deus.

Assim, você tem 2 centros. Um centro com o qual você vem, que lhe é dado pela própria existência. Esse é o Eu. E o outro centro, que é criado pela sociedade – o Ego. Esse é algo falso – é um grande truque. Através do ego a sociedade está controlando você. Você tem que se comportar de "uma certa maneira", porque somente assim a sociedade irá apreciá-lo. Você tem que caminhar de uma certa maneira; você tem que rir de uma certa maneira; você tem que seguir determinadas condutas, uma moralidade, um código. Somente assim a sociedade o apreciará, e se ela não o fizer, o seu ego poderá ficar abalado. Se o seu ego fica abalado, você já não sabe onde está, você já não sabe quem você é, mas se o seu Eu é forte e o seu Ego é fruto da interação com o seu Eu, há Autoconfiança.

Os outros deram-lhe idéias, informações e crenças limitantes e, essas idéias se aceitas, são o seu Ego. Tente entendê-lo o mais profundamente possível, porque ele tem que ser jogado fora. E a não ser que você o jogue fora, nunca será capaz de alcançar o eu. Por você estar viciado no seu falso centro de consciência, você pode estar limitado, e você não pode olhar para o Eu.

Lembre-se: vai haver um período intermediário, um intervalo, é quando o ego estará se despedaçando (desintegrando) e, é quando você não saberá quem você é, quando você não saberá p/ onde está indo; quando todos os limites se dissolverão. Você estará simplesmente confuso, um caos.

Devido a esse caos, você tem medo de perder o Ego, a identidade. Mas tem que ser assim. Temos que passar através do caos antes de atingir o centro de consciência verdadeiro. E se você for ousado, o período será curto.

Se você for medroso e novamente cair no Ego, no modelo anterior no qual foi condicionado e, novamente começar a ajeitá-lo, então, o período pode ser muito, muito longo; muitas vidas podem ser desperdiçadas…

Até mesmo o fato de ser infeliz lhe dá a sensação de “eu sou” e é por essa razão que muitos se apegam a continuar no esquema de ser infeliz.

Afastando-se do que é conhecido, afastando-se das informações tidas como verdadeiras e das crenças limitantes, o medo toma conta; você começa sentir medo da escuridão (do que desconhece) e do caos, da falta dos limites que põe ordem na sua clareira e, isso porque a sociedade conseguiu clarear uma pequena parte de seu ser… É o mesmo que penetrar numa floresta. Você faz uma pequena clareira, você limpa um pedaço de terra, você faz um cercado (limites psícológicos), você faz uma pequena cabana (limites fisicos de segurança quando inconsciênte) ; você faz um pequeno jardim, um gramado, e você sente-se bem (somatória do que é agradável). Além de sua cerca – a
floresta, a selva, os outros, suas intenções e atitudes. Mas aqui dentro tudo está bem: você planejou tudo e acreditou.

A sociedade abriu uma pequena clareira em sua consciência. Ela limpou apenas uma pequena parte completamente, e cercou-a. Tudo está bem ali. Todas as suas universidades estão fazendo isso. Toda a cultura e todo o condicionamento visam apenas limpar uma parte, para que ali você possa se sentir em casa.

E então você passa a sentir medo, pois além da cerca existe perigo. Além da cerca você é, tal como você é dentro da cerca – e sua mente consciente é apenas uma parte, um décimo de todo o seu ser. Nove décimos estão aguardando no escuro. E dentro desses nove décimos, em algum lugar, o seu centro de consciência verdadeiro, o Eu verdadeiro está oculto.

Precisamos ser ousados, corajosos. Precisamos dar um passo para o desconhecido sem se preocupar com o Ego dos outros. Podemos ter um Eu Justo sendo Habil e prudente, mas de vez em quando ser rebelde em relação aos padrões que são considerados normais pela sociedade, percebendo e entendendo as reações dos demais.

De início, por um certo tempo, todos os limite implantados anteriormente ficarão perdidos. Por um certo tempo, você vai se sentir atordoado (Brain Storm). Por um certo tempo, você vai se sentir amedrontado e abalado, como se tivesse havido um terremoto, mas se você for corajoso e não voltar para trás, se você não voltar a cair no ego, se for sempre em frente, existe um centro de consciência oculto dentro de você, um centro de consciência que você tem carregado por muitas vidas. Esse centro é a sua alma, o Eu.

Uma vez que você se aproxime dele, do seu Eu, tudo pode mudar, tudo pode voltar a assentar novamente. Mas agora esse assentamento não é feito pela Sociedade. Agora, tudo se torna um cosmos e não um caos, nasce uma nova ordem. Mas essa não é a ordem da sociedade – essa é a própria ordem da existência.

É o que Buda chama de Dharma, Lao Tzu chama de Tao, Heráclito chama de Logos. Não é feita pelo homem. É a própria ordem da existência que aflora. Então, de repente tudo volta a ficar belo, e pela 1ª vez, realmente belo, porque as coisas feitas pelo homem não podem ser belas. No máximo você pode esconder a feiúra delas, isso é tudo. Você pode enfeitá-las, mas elas nunca podem ser belas…

O Ego tem uma certa qualidade: a de que ele é morto. Ele é plásmado e é muito fácil obtê-lo, porque os outros o dão a você. Você não precisa procurar por ele; pelo menos essa busca não é necessária. Por isso, a menos que você se torne um buscador à procura do Eu Maior desconhecido, você ainda não terá se tornado um indivíduo. Você é
simplesmente mais um na multidão. Você é apenas um a mais na turba. Se você não tem um centro de consciência autêntico e desperto, o Eu, como pode ser um indivíduo? Você continua um sujeito.

O ego não é individual. O ego é um fenômeno social – ele é fruto da sociedade, não é você. Mas ele lhe dá um papel na sociedade, uma posição na sociedade. E se você ficar satisfeito com ele, você perderá toda a oportunidade de encontrar o eu, e é por isso você pode ser infeliz. Como você pode ser feliz com uma vida que plamaram em você? Como você pode estar em êxtase ser bem-aventurado com uma vida falsa usando a(s) persona(s)?

Esse ego cria muitos tormentos. O ego é o inferno pessoal. Sempre que você estiver sofrendo, tente simplesmente observar e analisar, e você descobrirá que, em algum lugar, o seu Ego é a causa do sofrimento. E o ego segue encontrando motivos para sofrer se isso lhe dá a impressão de "eu existo"…

E assim as pessoas se tornam dependentes, umas das outras. É uma profunda escravidão em nível psicológico. O ego tem que ser um escravo. Ele depende dos outros. E somente uma pessoa que não tenha ego é, pela 1ª vez, um mestre; ele deixa de ser um escravo.

Tente entender essa situação e, comece a procurar o seu ego, ou, seus padrões e valores egoicos estabelecidos – não nos outros, isso não é da sua conta, mas em você. Toda vez que se sentir infeliz, imediatamente feche os olhos e tente descobrir de onde a infelicidade está vindo, e você sempre descobrirá que o falso centro de consciência entrou em choque com alguém, ou, muitos 'alguém'.

Quando você esperava algo e isso não aconteceu, quando você espera algo e justamente o contrário aconteceu – seu ego fica estremecido e, você fica infeliz. Sempre que estiver infeliz tente descobrir a razão em você. As causas não estão fora de você. A causa básica da sua infelicidade está dentro de você – mas você sempre olha para fora, você sempre pergunta: ‘Quem está me tornando infeliz?’ ‘Quem está causando a minha raiva?’ ‘Quem está causando a minha angústia?’

Se você olhar para fora, você não perceberá o seu conteúdo distorcido. Simplesmente feche os olhos e sempre olhe para dentro. A origem de toda a infelicidade, da raiva e da angústia, está oculta dentro de você e, é o seu Ego Inflado. E se você encontrar a origem interna de suas fustrações, será fácil ir além delas. Se você puder ver que é o seu próprio Ego baseado em padrões e valores próprios que lhe causam problemas, você vai preferir abandoná-los – porque ninguém é capaz de carregar a origem da infelicidade, uma vez que a tenha entendido. Possivelmente esta seja a razão do Senhor Jesus afirmar que é preciso mudar padrões e valores, repetindo o que está na base da Filosofia Humana, é preciso se converter.

Mas lembre-se, não há necessidade de abandonar o Ego de imediato. Você não o pode abandonar e, se você tentar abandoná-lo, simplesmente estará conseguindo um outro ego mais sutil, que diz: ‘tornei-me humilde’…

Todo o caminho em direção ao divino, ao supremo, tem que passar através desse território do ego. O falso tem que ser entendido como falso. A origem de toda miséria pessoal tem que ser entendida como a origem da própria miséria – então ela simplesmente desaparece. Quando você sabe que ele, o Ego, é o veneno, ele desaparece. Quando você sabe que ele é o fogo, ele desaparece, quando você sabe que esse é o inferno, ele desaparece.

E então você nunca diz: ‘eu abandonei o ego’. Você simplesmente irá rir de toda essa história, dessa piada, pois você era o criador de toda essa infelicidade… É difícil ver o próprio ego e, é muito fácil ver o ego nos outros. Mas esse não é o ponto, você não os pode ajudar.

Tente ver o seu próprio ego e depois o seu próprio Eu. Simplesmente o observe, não tenha pressa em abandoná-lo e, simplesmente o observe. Quanto mais você observa, mais capaz você se torna. De repente, um dia, você simplesmente percebe que ele, o Ego, desapareceu. E quando ele desaparece por si mesmo, somente então ele realmente desaparece. Porque não existe outra maneira. Você não pode abandoná-lo antes do tempo. Ele cai exatamente como uma folha seca.

Quando você estiver amadurecido através da compreensão, da consciência, e tiver sentido com totalidade que o ego é a causa de toda a sua infelicidade na medida em que voce continue a não conviver com as incertezas, um dia você simplesmente vê a folha seca caindo… e então o verdadeiro centro de consciência surge pelo seu brilho, pela sua luz que mostra que os demais que vendem certezas são apenas Egos Inflados. O erro subsequente está em querer emprestada a sua luz, mesmo que seja a de uma vela para os demais que, estão presos cada qual pelo seu próprio Ego. Fique na sua.

E esse centro verdadeiro é a alma, o Eu, o deus, a verdade, ou como quiser chamá-lo. Você pode lhe dar qualquer nome, aquele que preferir, pois, de acordo com o Salmo 82: 6 e 7, "sois deuses, mas como homens morrereis".

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O amor, Khalil Gilbran:



"Então, Almitra disse: “Fala-nos do amor.”
E ele ergueu a fronte e olhou para a multidão,
e um silêncio caiu sobre todos, e com uma voz forte, disse:

Quando o amor vos chamar, segui-o,
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos
Como o vento devasta o jardim.
Pois, da mesma forma que o amor vos coroa,
Assim ele vos crucifica.
E da mesma forma que contribui para vosso crescimento,
Trabalha para vossa queda.
E da mesma forma que alcança vossa altura
E acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,
Assim também desce até vossas raízes
E as sacode no seu apego à terra.
Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor vossa nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma
No pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas, o amor operará em vós
Para que conheçais os segredos de vossos corações
E, com esse conhecimento,
Vos convertais no pão místico do banquete divino.
Todavia, se no vosso temor,
Procurardes somente a paz do amor e o gozo do amor,
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez
E abandonásseis a eira do amor,
Para entrar num mundo sem estações,
Onde rireis, mas não todos os vossos risos,
E chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.
O amor nada dá senão de si próprio
E nada recebe senão de si próprio.
O amor não possui, nem se deixa possuir.
Porque o amor basta-se a si mesmo.
Quando um de vós ama, que não diga:
“Deus está no meu coração”,
Mas que diga antes:
"Eu estou no coração de Deus”.
E não imagineis que possais dirigir o curso do amor,
Pois o amor, se vos achar dignos,
Determinará ele próprio o vosso curso.
O amor não tem outro desejo
Senão o de atingir a sua plenitude.
Se, contudo, amardes e precisardes ter desejos,
Sejam estes os vossos desejos:
De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho
Que canta sua melodia para a noite;
De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada;
De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor
E de sangrardes de boa vontade e com alegria;
De acordardes na aurora com o coração alado
E agradecerdes por um novo dia de amor;
De descansardes ao meio-dia
E meditardes sobre o êxtase do amor;
De voltardes para casa à noite com gratidão;
E de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado,
E nos lábios uma canção de bem-aventurança."

ÁUDIO DA POESIA

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A presença do Eu Sou em mim



Num mundo louco, de tantos indivíduos fechados em si mesmos e enterrados em seus próprios problemas; EU SOU a mão estendida a uma pessoa no chão,EU SOU o sorriso dado por um estranho na rua que faz nascer uma luz num dia comum.

Entre tantas contas a pagar, problemas pra resolver, vida profissional a construir, ônibus lotados a pegar, lanches corridos, sono acumulado e cansaço constante; EU SOU o minuto em que paro para olhar as estrelas, o dia em que consigo ver o pôr-do-sol, EU SOU o tempo em que deixo a água escorrer pelo meu corpo levando embora tudo o que me faz mal.

Entre fanáticos religiosos e zombadores da fé, entre pessoas que dizem morrer por Deus, mas se esquecem do quanto Ele é amor e outros que não conseguem notar a magnífica essência divina que há em tudo, entre aqueles que se importam de mais com o que não podem fazer e de menos com o que devem fazer; EU SOU a fé livre e ilimitada, o simples que também contém o divino, EU SOU a constante reforma pessoal em busca de Deus, EU SOU o amor e a paz que as crianças trazem, mas que os adultos não notam por estarem sempre correndo.

Entre grifes caríssimas e aparelhos sofisticados, tendências da moda e tecnologia avançada, no meio dessa busca desesperada por mais e mais, entre tanta ambição e constante competição pelo melhor lugar; EU SOU o pijama confortável, o pé descalço na grama, a roupa que simplesmente cai bem, EU SOU o suficiente pra mim e pra quem está a meu lado, EU SOU o anseio por um lugar que apenas seja meu, tão só por merecimento.

Entre paixões fugazes e amores de uma noite só, entre "eu te amos" fajutos e olhares vazios, num mundo onde sexo vale mais que amor, onde quantidade é mais que qualidade, onde um corpo bonito é mais valioso que um bom coração, em que as paixões não tem alma, nem raiz, nem asas, mas apenas cama; EU SOU o "felizes para sempre" das histórias infantis, EU SOU a crença, às vezes ingênua, de que o amor é eterno e um só, EU SOU a certeza de que, quando se tem a pessoa certa, fidelidade e lealdade nascem naturalmente, EU SOU a vontade de envelhecer junto, a cumplicidade e o companheirismo para se dividir tudo.

Entre uma infinidade de adjetivos, entre qualidades e defeitos igualmente importantes, entre fraquezas e pensamentos tristes que às vezes batem na porta; EU SOU simplicidade, porque eu simplesmente vivo e tento crescer, EU SOU simplesmente feliz porque possuo uma fé simples, um pensar simples e com isso me torno, cada vez mais e com mais intensidade, simplesmente amor.

Entre tantas perguntas sem respostas, entre o gostar de festas mas também de isolamento, entre a paixão pela água e o medo do fogo, entre a mente no céu e os pés no chão; EU SOU a estrada, o lar em constate reforma, EU SOU a noite de sono, o pulo na piscina, EU SOU tanto a águia e como o leão.

Entre o simples, o errado, o metamórfico...
Sou a presença do EU SOU em mim, SEMPRE...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Manifesto: Declaração de Princípios da Cidadania Planetária



"Exerça plenamente a sua nacionalidade, mas não esqueça: somos todos cidadãos planetários.

Por conseguinte, formamos uma só família ante o cosmos. É bom recordar que, para quem nos vê de fora, nada mais somos do que uma família vivendo em um berço planetário.

Se somos uma família, torna-se inconcebível a falta de indignação diante do estado de miséria – tanto material quanto espiritual – em que vive grande parcela dos irmãos e irmãs planetários.

Existe uma força política na sociedade que, quando estrategicamente direcionada, exerce em toda sua plenitude o direito e o dever de cobrar das forças estabelecidas o honroso cumprimento dos direitos humanos. Essa “força íntima” é pacífica porém ativa; suave na tolerância, jamais violenta, mas perene na exigência contínua de se construir a paz, a concórdia e a inadiável consciência quanto à necessidade de se melhorar as condições do nível de vida na Terra. Exercer essa força no cotidiano das nossas vidas, agindo localmente com a atenção voltada para o aspecto maior planetário, é dever de cada um e de todos.

Respeitar as forças políticas estabelecidas, os governos regionais e nacionais; valorizar as organizações representativas de caráter mundial – imprescindíveis para a evolução terrestre – mas, acima de tudo, pregar a necessária consciência da unidade planetária perante o cosmos.

Na verdade, somos todos cidadãos cósmicos no exercício eventual de uma cidadania planetária, como de resto o são todos os irmãos e irmãs espalhados pelas muitas moradas do Universo.

Porém, devido ao atual estágio de percepção que caracteriza a quem vive na Terra, buscar a consciência do exercício pleno da cidadania, seja em que nível for, é a grande meta a ser atingida.

Se você concorda com os princípios e objetivos da cidadania planetária, junte-se a nós em pensamento, intenção e atitudes.

Assuma consigo mesmo o compromisso maior de construir na Terra esta utopia, que foi e é o objetivo de muitos que aqui vieram ensinar as noções do exercício pleno da cidadania cósmica, testemunhando o amor como postura básica e essencial na convivência entre os seres.

Propague esta idéia, em especial para as novas gerações.

Sonhe e trabalhe por um mundo melhor. E saiba que muitos estão fazendo exatamente o mesmo.

Esta é uma mensagem de fé e de esperança na vida e na nossa capacidade de dignificá-la cada vez mais."

(Jan Val Ellam)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Por Fernando Pessoa


"Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
'Navegar é preciso; viver não é preciso'.

Quero para mim o espírito desta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a minha alma a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria
e contribuir para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça."

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O desabafo da Mãe Terra


Gaya, a Mãe natureza, nos recebeu em seu seio com tanto amor! Alimentou-nos, cuidou de nós e nos proporcionou tudo o que precisávamos para sobreviver e para viver. Criança que a humanidade era quando ela a recebeu, acordava seus filhinhos todas as manhãs com uma brisa fresca e com o espetáculo do nascer do sol. Fazia brotar os alimentos que plantávamos, nutria nossa colheita e limpava o nosso corpo com água límpida e fresca em abundância. Oferecia-nos o perfume das flores, o cheiro de terra molhada, o som das ondas quebrando na praia. Não satisfeitos com nada que ela nos dava, exigíamos mais e mais, e ela, gentilmente, abriu os braços e permitiu que sacrificássemos algumas de suas árvores, alguns de seus animais, para que tivéssemos melhores abrigos e melhor alimento. Suportou nossas lamentações e limitações, retribuindo toda a nossa ingratidão com a noite estrelada e com o céu azul.

Mas não tínhamos condições para perceber nada disso. A essa altura, o orgulho e a vaidade já nos tinham tirado a simplicidade da alma, e nos esquecemos do essencial. Passamos a não mais perceber a beleza do pôr do sol, do mar, das cachoeiras e das montanhas. Já não sentíamos o perfume das flores, e nem víamos a água da chuva cair sobre a terra. Preocupados que estávamos em obter o máximo que podíamos de Gaya, não conseguíamos mais sentir o seu carinho, nem assistir a seus espetáculos diários. E como toda boa Mãe, a natureza se sacrificava. Dava-nos tudo o que exigíamos, mesmo sabendo que de nada aquilo precisávamos para ser felizes. Retribuía aos golpes dolorosos em suas florestas com o sorriso de cada amanhecer. E para acalmar nossos ânimos, tentava chamar a atenção com um fim de dia especial, ou com a graça de um animalzinho, ou caprichava no balançar das águas. E nós, em agradecimento, criamos as indústrias e passamos a poluir seu ar e a jogar lixo em seus rios e mares.

Como a Mãe natureza sofreu! Em momentos extremos de dor, ela chorava tanto e sofria tanto, que até estremecia seu corpo. E ao invés de perceber o seu sofrimento intensificamos as extrações, os sacrifícios, as matanças e as poluições, pois, afinal, de que vale o choro de uma mãe perto do lucro do mercado financeiro? Tantos conselhos nos deu, tantos apelos fez, e nada. Continuamos exigindo e cobrando. Queríamos mais recursos naturais, mais petróleo, mais pedras preciosas, mais minerais rentáveis, mais dinheiro, mais tecnologia, mais, mais, mais...

E a Mãe Gaya, já cansada e desiludida, enfim, percebeu que não a ouviríamos, que continuaríamos em nossa ganância até que destruíssemos uns aos outros. Estávamos fazendo mal não só a ela, mas a nós mesmos. A raça humana seria destruída. “Não, não permitirei que meus filhos se destruam! Jamais!” Assim pensou a Mãe Terra. E decidiu avisar aos mais indisciplinados que, se não aprendessem a respeitá-la, ela teria que puni-los. Avisou uma, duas, centenas de vezes, e nada. Continuávamos a dilacerar nossa própria mãe, cegos e impiedosos, presos em nossa própria doença autodestrutiva. Amaldiçoávamos e culpávamos a Deus pelas tragédias que se seguiam, e éramos incapazes de ver que a força divina nada tinha a ver com isso. Era um problema entre mãe e filhos. Deus apenas dá a cada um segundo a sua própria obra, e as sementes plantadas pelos filhos homens eram as piores possíveis. Deus teria que respeitar a decisão de Gaya.

Nós destruíamos o planeta, matávamos uns aos outros, escravizávamos a natureza e ainda culpávamos ao Invisível, achando-nos vítimas. Não, não era possível permitir a um filho fazer tanto mal assim a si mesmo e ao ambiente em que vivia. Então, como boa Mãe que é, a Terra tomou uma decisão definitiva. Quanto sofrimento ela suportou e quanta dor sentiu ao perceber qual era a única atitude a ser tomada! Por que seus filhinhos não aprendiam pelo amor e pela sabedoria? Por que escolheram a dor? Será que não percebiam que não precisava ter sido assim? Nunca deixou de amá-los; nem por um momento deixou de cuidar deles, mas agora era preciso salvá-los deles mesmos.

Agora, depois de muito protelar, a Mãe machucada e com o coração sangrando decidiu agir. Não há outra forma: Gaya tem que gritar com todas as suas forças, tem que impor a sua voz e exigir o respeito que lhe foi negado. Seu corpo tremerá como nunca antes, e muitos de seus filhinhos não suportarão. Alguns perderão a suas próprias vidas, outros terão que ser levados ao castigo, talvez em um planeta mais duro, que lhes eduque com mais severidade, mas não poderão permanecer sob a proteção dela, que não mais lhes suporta os maus tratos. Tudo fez e tudo suportou, mas é chegada a hora de se fazer ouvir, pois a natureza materna não mais agüenta tanto sofrimento.

A Mãe Terra está chorando! Sua dor já se faz perceptível a todos nós. Tão doloroso é o seu pranto que até os céus estão em luto. Todos os seres divinos observam e oram por Gaya, esperando o momento de consolá-la pela perda daqueles filhinhos que não aceitaram seus avisos. Mas eles sabem que ela continuará sofrendo, até que todos os seus afetos respeitem seus sentimentos e lamentações, até que toda a humanidade recupere a simplicidade da alma, aquela que despertará novamente em nós a capacidade de admirar o pôr do sol, a dança das águas, a noite estrelada, as flores do campo; que nos ensinará, mais uma vez, como é bom sentir o cheiro da terra molhada e das flores da primavera, e que realinhará os nossos sentidos para que possamos sentir a carícia dos ventos velozes e da brisa suave, e para que consigamos ouvir a música da chuva e do mar.

Nesse dia, faremos as pazes com Gaya, lhe pediremos perdão, a aprenderemos a respeitá-la. E ela, como toda boa Mãe, nos acolherá novamente em seu seio, e seguirá nos proporcionado a Vida e nos ensinando a viver. E antes de dormir, todas as noites, oraremos por aqueles que não estão mais aqui, e sentiremos que a Mãe Terra também sente a falta de todos eles. Agradeceremos a ela pelo amor e dormiremos em paz, descansando nossos corpos para mais um dia de trabalho limpo, a fim de que consigamos nos redimir com aquela que nos acolheu e a quem tanto mal fizemos.

Denise da Mata




domingo, 16 de maio de 2010

Mover-se sem causar dano



Vivemos em um mundo onde muitos enchem o peito para falar em Jesus Cristo, em que clamam por Deus e cantam em devoção diariamente, mas poucos praticam o quesito básico da lei cristã: "Amai ao teu próximo como a ti mesmo".

Por que nós, seres humanos imperfeitos, não conseguimos entender e, principalmente, praticar, o fato de que somos filhos do mesmo Deus, membros de uma mesma família, feitos da mesma matéria? As diferenças existentes entre nós foram geradas pelo livre arbítrio de cada um, que nos fez caminhar por estradas diferentes, mas, no fundo, todos procuramos pela mesma coisa: Felicidade!!!

O que não conseguimos ver é que a felicidade está em "amar uns aos outros". O escritor russo Liev Tolstói já dizia isso há mais de cem anos atrás: "A alegria de fazer o bem é a única felicidade verdadeira."

Se não for possivel fazer o bem, que pelo menos não façamos o mal. Que nos movamos sem causar dano, que não destruamos a felicidade alheia. Cada pensamento e cada ação
voam por todo o universo, mas retornam a nós um dia, como um bumerangue.

Cuidemos de nossas crianças, de nossa gente, de nossa consciência.
Afinal, já não agüentamos mais ver tanta violência, tanta alienação, tanta gente que proclama fé em alto e bom som, mas é incapaz de enxergar além do próprio umbigo!!!

Que passemos a refletir sobre o sentido de nossa vida, agindo pela reforma íntima e pelo bem, lembrando sempre do conselho do mestre Sathya Sai Baba: "Mova-se, mas não cause dor aos outros e não lhes amplie e miséria..."

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A poesia do Ser


Hoje eu quero escrever uma poesia
Sem rimas,
Sem regras,
Sem expectativas.
Escrever e só...
Para que o sol brilhe ainda mais forte dentro de mim,
Para que o som da música que ouço ao longe
Pulse em minhas veias iluminando meu corpo,
Para que o vento chegue ainda mais intenso
E leve com ele as mágoas que já envelheceram há tempos.


Hoje quero respirar uma poesia
Com palavras leves, porém firmes,
Com idéias suaves, porém intensas,
Para que meu espírito se alimente de melodia poética
Permitindo assim que meu corpo descanse em paz,
Para que eu voe em sua harmonia
Não tendo mais que invejar os pássaros que mergulham livres no azul do céu.


Hoje eu quero ser uma poesia
Sem rimas,
Sem regras,
Sem expectativas.
Ser e só...
Para que eu consiga encontrar a menina corajosa de outrora,
Que pulava em precipícios e desafiava o vento,
Que desbravava montanhas gigantes e mergulhava nas águas revoltas do mar,
Para que eu consiga encontrar a Deus,
Que em Seu amor poético me embala pela vida a fora,
Mostrando-me os campos iluminados da esperança,
E dando-me a força dos que não desistem jamais.


Hoje eu apenas quero ser...
Sentir a poesia em mim...e só...



Denise da Mata

domingo, 9 de maio de 2010

A doença da pretensão!!!



Mensagem de um amigo espiritual:

"Nossa doença chama-se pretensão!
Pretensão de achar que sabemos mais do que aquilo que nos foi confiado,
pretensão de achar que o que sabemos é o suficiente para resolver tudo,
pretensão de que o amor nasça do conhecimento e das informações.
O amor divino não nasce. Ele é.
Tudo o mais vem do amor e da tolerância.
Tenham apenas o amor e todo o cosmos estará em vocês.
Não há tempo para disputar conceitos, medir sabedoria.
O tempo urge e só o amor se faz imprescindível.
Nossos mestres não falam nenhuma de suas línguas,
não são doutos conhecedores das ciências humanas,
nem profundos estudiosos de acontecimentos espirituais.
Eles apenas amam.
São amor em sua essência e na manifestação de sua essência.
É a língua do amor que falam,
apenas a língua do amor entendem.
E por serem apenas amor,
são em conseqüência tudo o que a mente humana pode propor.
Não tenham a pretensão do saber,
nem a pretensão de querer concertar uns aos outros.
Amem-se e tudo o mais vos será dado.
Concertem a si mesmos e o universo inteiro estará a seus pés.
Manifestem o amor divino existente em seus corações
e terão o todo o cosmos na palma de suas mãos.
Todos os mestres são um, todos somos um.
Entendam isso e serão possuidores da sabedoria divina
e perceberão que o que vêem no outro é apenas um reflexo do que há no íntimo de vossas almas.
Não há certo ou errado, bem ou mal.
Há apenas a extensão de nós mesmos manifestada em diversas individualidades.
Condenar o outro é condenar a si,
aceitar o outro é acolher seu próprio ser.
Amem, deixem a pretensão para trás, deixem a ilusão de que são seres separados,
entendam a unidade e falem apenas a língua do amor,
e todo o segredo cósmico se manifestará diante de seus olhos.
Fiquem em paz!"

segunda-feira, 15 de março de 2010

Somos Um!!!

Vale muito a pena assistir a esse vídeo com atenção! A banda irlandeza U2 faz show em Chicago, nos EUA. Bono convoca a todos os americanos para a campanha "One", em prol do reestabelecimento da consciência social. Como diz o cantor: "Não estamos buscando o seu dinheiro. Estamos buscando as suas vozes."

"Nós somos um, mas não somos iguais.
Temos que carregar um ao outro......
O amor é um templo,
O amor é uma lei maior...
Um amor, um sangue,
Uma vida para fazer o que deveria: uma vida com um ao outro,
Irmãs, irmãos.
Uma vida, mas não somos iguais.
Nós temos que carregar um ao outro
Carregar um ao outro...
Um amor..."

Uma bela semente para reflexão!!!



domingo, 14 de março de 2010

Deus


Uma pessoa, essa semana, levantou para mim a seguinte questão: “A humanidade procura por Deus em diversos cantos, de diversas formas, por diferentes culturas. Chamam-no de tantos nomes, dão-lhe tantas formas, atribuem-lhe tantos feitos e desfeitos, agem e deixam de agir em nome Dele, mas nada sabem a Seu respeito. Como saber a respeito de Deus? Como sentir a presença de Deus? Como você descobre a Deus?” Em resposta, escrevo:


Eu vejo Deus. Eu O conheço, percebo, sinto, ouço, amo! Eu não creio em Deus. Crer, nesse caso, é muito pouco, é limitado. Eu sei que Ele está aqui, sei que Ele é sempre presente em tudo o que há dentro e fora de mim. Eu sinto Deus quando tomo um banho de chuva, quando observo o mar, quando pulo em uma piscina, quando entro embaixo do chuveiro e fecho os olhos. Eu vejo Deus quando observo meus sobrinhos brincando, quando abraço forte as pessoas que eu amo, quando olho o pôr do sol, o céu estrelado, quando deito no chão do meu quintal para observar a lua cheia. Eu percebo Deus quando fecho os olhos ao ouvir minhas músicas preferidas, quando me emociono ao ver um filme ou ouvir uma história de amor, quando sinto o vento nos cabelos, ou observo um pássaro voando lá no alto, em meio ao azul absoluto do céu. Ouço Deus quando canto a oração de São Francisco, ou as músicas evangélicas cantadas com fervor, ou os mantras indianos repetidos com tanta fé, ou quando escuto qualquer outra canção ou qualquer prece dirigida a Ele com sinceridade e suavidade.


Eu enxerguei a Deus todas as vezes em que me apaixonei e achei que seria pra sempre. Em todas as confidências, risadas e lágrimas compartilhadas com meus amigos, minhas primas e minhas irmãs. Vejo Deus cada vez que deito no colo da minha mãe, cada vez que ouço dela um conselho, uma bronca ou uma lição, cada vez que divido com ela os acontecimentos do meu dia a dia. Sinto Deus sempre que ouço meu pai tocar violão, ou contar piadas, ou reclamar dengoso de alguma coisa fora do lugar, sempre que me deito a seu lado e paro pra ouvir suas histórias. Percebo Deus todas as vezes em que meu irmão sorri pra mim, ou divide comigo um pensamento seu, e em cada brincadeira de infância que compartilhamos.


Estive com Deus todas as vezes em que amei sem esperar nada em troca, todas as vezes em que disse não a algo ou alguém para manter a minha consciência tranquila. Senti a Deus, profundamente, todas as vezes em que estive no fundo do poço, pois foi apenas pela energia divina que consegui reunir meus pedaços. Percebo Deus cada vez que olho para trás e consigo sentir gratidão e amor por cada coisa boa ou ruim que já me aconteceu, pois sinto a presença Dele em todas as coisas, sempre a me guiar pelo caminho que devo seguir.


Sinto Deus em cada lágrima, em cada palavra e em cada sorriso que saem do meu coração. Vejo-O cada vez que encontro novos amigos que são desde sempre amores da minha alma. Senti Deus quando recusei crenças equivocadas, e O vi quando aprendi a respeitar todas as crenças diferentes da minha. Já senti Deus em várias igrejas, em vários templos, através de diversos cânticos, assim como já o percebi em um show, ao ver milhares de pessoas cantando juntas, sob a chuva, uma música de amor. Já ouvi Deus através de diversos discursos, de vários livros, de várias músicas, de várias histórias, de várias palestras, de vários conselhos. Já vi Deus no telefonema de um amigo preocupado comigo, no email de uma amiga com saudades, num abraço apertado de um reencontro onde as palavras não poderiam entrar, no sorriso de uma amiga de várias caminhadas, em inúmeros e inesquecíveis momentos de cumplicidade com quem eu amo. Vi Deus quando fiquei até de madrugada olhando as estrelas e conversando com uma de minhas irmãs, ou quando ri até chorar junto com a outra. Senti Deus quando saí para caminhar e conversar com meu avô, pouco tempo antes dele morrer, e agradeço profundamente a Deus por ter estado com ele em seus últimos momentos de vida aqui.


Vejo Deus quando abraço forte meus sobrinhos, ou quando os coloco para dormir. Sinto Deus cada vez que amo, perdôo, volto atrás em atitudes que descobri estarem erradas, cada vez que recomeço. Percebo Deus quando deixo de julgar os outros, quando respeito as diferenças, quando abro a minha mente para aprender. Sinto Deus quando aprendo, quando sei, quando conheço, quando cresço. Escuto a Deus quando erro e algo me faz voltar aos eixos. Vejo Deus quando me canso dessa vida e, ao final de uma crise de choro, vem o pensamento: “Tudo bem. Vai passar! Siga em frente, pois você não está sozinha.”


Deus está em tudo e em todos. Não há nada fora de Deus. Deus é cada amor e cada forma de amar. Então eu amo, e percebo, e vejo, e escuto, e sinto a Deus, simplesmente e integralmente, quando fecho os olhos e olho para mim mesma, e quando observo que minha mente possui uma fé livre e ilimitada, que é permeada de amor e respeito. Quando sei que meu espírito é capaz de louvar a Deus em todas as línguas, em todas as culturas, por diversos nomes, em diferentes templos, em reuniões públicas e no silêncio do meu quarto, porque eu sou parte de Deus, porque tenho em mim a mesma essência divina que em tudo circula, porque sei e entendo que Deus não está em nenhum lugar, pois Ele é todo lugar. Sei que não preciso procurá-lo porque Ele já me achou. Sei que não preciso pedir e clamar, porque Ele conhece meus segredos e anseios, e sabe o que é melhor para mim.


Posso apenas amá-lo, com toda a força do meu coração, com toda a essência do meu espírito, com todas as células do meu corpo. E agradecer por Ele estar sempre comigo, por me permitir percebê-lo através de todo amor que me circula e que perpassa meu Ser, e por ter me ensinado a vê-lo em todos os lugares, em todas as pessoas e em todas as coisas, porque é só através de Deus que encontro a mim mesma, e descubro em meu coração a paz e a felicidade que tanto busquei. É só através de Deus que descubro o sentido da minha vida e consigo, todas as noites, colocar a cabeça no travesseiro e, sentindo a consciência limpa e o coração cheio de amor, suspirar fundo e dizer em silêncio: “Obrigada, meu Pai!!! Simplesmente obrigada!!! E que eu ame a tudo e a todos, amando apenas Você!!!”