terça-feira, 8 de novembro de 2011

Onde cabem os sonhos?



Qual é o tamanho dos meus sonhos? Será que cabem nesta vida, nessa terra, na palma dessa minha mão? O tempo nos conduz rumo ao desconhecido e são tantas as utopias que largamos pelo caminho que às vezes me pego pensando por onde larguei os anseios que montam a minha alma.

Viver como escritora apenas, tecendo palavras para colorir o mundo, enchendo o coração das pessoas com a essência do que trago em mim, espalhar as boas idéias assim como o vento espalha o pólen, semear o belo proclamando a arte que vem do espírito e que não se permite perder nos meandros das necessidades comerciais...: é disso que são compostos os meus sonhos,... e de que adianta? 

Não se vive mais de escrever livros, não se aprecia mais a arte com o coração, não se busca sentir os contornos das almas alheias... Então eu guardo os meus sonhos em uma caixinha pequena, a espera do dia em que poderei abrí-la novamente e de lá tirar o perfume da utopia, para enfim tecer os laços da minha vida. Trago ainda em mim a beleza do que me é importante e através dela tento sobreviver aos ditames do dia a dia, às dificuldades de se construir uma carreira rentável, ao cansaço existencial de se caminhar por um mundo onde tudo se exige e pouco se dá.

E quem sabe um dia os meus sonhos saltem dessa caixa chamada cérebro, e me levem de volta para meu lar, para o lugar onde a essência vale mais do que roupas de marca, onde o belo é o que vem do coração e o que é permeado pelo amor, e não o que parece ser mais. Quem sabe um dia, meu mundo tenha lugar no mundo, e eu possa ser quem eu sou, livre, simples...; sem as amarras do que as responsabilidades cotidianas me obrigam a ser. Nesse dia eu serei apenas sonhos colorindo o que um dia achei que fosse real; serei apenas...e só!!!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Trecho do livro "A Arca", por Jair Tércio


 
"Ventava demasiadamente, e sentados num ambiente divino de uma serra, o Iluminado e a humanidade, contemplavam a montanha diante deles. Num determinado momento, ela perguntou-lhe: o que faz com que a montanha toque o céu? 

O Iluminado respondeu: se podemos explicar, então não é. Aquiete e experimente. Aprenda que a experiência diz muito; e se é direta, correta e completa, diz tudo. Lembre-se que, aquele que contempla busca a essência; quem contempla caminha para o Santuário da Luz que lhe é interior; quem contempla tende a encontrar o Deus que lhe é íntimo. Portanto, deixe o seu coração alegre com isto. 

A humanidade reagiu: então você já não dá mais atenção à lógica e à razão. 

Neste momento, passava, voando, uma borboleta. 

Borboleta! Chamou o Iluminado – como é que você faz para não perder seu destino com tamanha ventania? 

A borboleta respondeu: nunca pensei nisso. 

Que tal pensar agora, pois nossa amiga aqui gostaria de ouvir uma explicação! 

A borboleta olhou para suas asas e começou: bem... eu fixo o meu objetivo... não, não é bem isso... tenho que aproveitar o vento... 

Durante um tempo, a borboleta tentou explicar como fazia, e a medida que tentava, ia confundindo-se cada vez mais. Quando quis continuar seu caminho, já não podia mais voar. 
Daí ela disse: me desculpem, pois na preocupação de lhes mostrar como voo, perdi o equilíbrio, tenho que retornar ao que estava fazendo. 

Isso é o que acontece com quem deseja explicar tudo, principalmente, quando devem estar somente agindo. Depois disso a borboleta calou-se e continuou o seu caminho. 

O Iluminado só olhou para a humanidade que esclarecida pôs-se a experimentar.

domingo, 16 de outubro de 2011

A Cegueira Necessária, por Camilla Bomfim



Um dia quero aprender a não enxergar
Neste mundo no qual penso que tudo é real
Quero ser completamente cega para a ilusão
Quero ver a realidade com o olhar do coração
 
Um dia quero não ver meus amigos, minha família, meus pais
Quero não olhar ninguém, nem mesmo me enxergar
Quero somente amar e nada mais
Quero ver para crer que isso aqui não é real

Um dia quero não enxergar as pessoas como elas estão
Quero deixar de ver os papéis, o total disfarce
Quero despertar para ver quem verdadeiramente somos
Quero ver Deus em toda parte

Um dia, quando eu fechar meus olhos
Deixarei de ver tudo o que me faz ser cega
E enxergarei somente Deus e sua essência
Na humanidade já desperta.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Percepção da UNIDADE



Perdi-me dentro de mim...
Ousei olhar para meu espírito
E descobri que sou o cosmos, que faço parte das estrelas.
Percorri minhas veias, senti minha respiração
E me vi sendo, ao mesmo tempo, o grão de areia
E o ponto de contemplação.

Perdi-me fora de mim...
Fundi o meu ser na grama verde,
Subi até o topo das árvores,
Pendurei-me nas asas dos pássaros
E simplesmente me permiti voar.
Não tinha mais sapatos nos pés, ou correntes nos braços,
Apenas percorria o céu
E brincava de cortar o ar

Perdi-me acima de mim...
Mergulhei sem medo de volta ao chão,
Desci no topo de uma montanha
E observei o horizonte, o infinito.
Fui com o vento, num assopro bendito
E num instante eu era a de beleza firme e estranha.

Perdi-me de mim...
Transformei-me na gota d'água, no ar, no sol,
Fiz-me planta, animal, terra e céu,
Pintei um arco-íris e toquei uma canção de amor
E ao me perder de meu próprio véu
Encontrei-me com o verdadeiro sabor
E me vi no tudo, com o tudo em mim
Voando, dançando, cantando
Sendo realmente meu ser
Simplesmente o Uno, o Amor...assim.



Denise da Mata - 23/03/10

domingo, 25 de setembro de 2011

Um manifesto contra o FANATISMO


"E conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará..."   (Jesus Cristo)

Estava agora a pouco passeando por algumas redes sociais e observando postagens, frases e perfis dos mais diversos tipos de pessoas. Gosto de observar o ser humano e ver como ele passeia por esse mundo das mais diferentes maneiras: as mais simples às mais conturbadas. Percebi que, apesar de abraçar a tese de que de tudo se tira algo de bom, uma coisa me incomoda profundamente, quase que como uma implicância de minha parte: o fanatismo à alguma idéia ou pessoa. Pensando sobre o assunto, logo me veio à mente a citação crística mencionada acima: "E conhecereis a verdade; e a verdade vos libertará."

Que idéia temos da verdade? Que idéia temos da liberdade? Estamos ainda tão entregues ao fanatismo, aos achismos e às verdades absolutas que nem nos enxergamos como seres ainda presos nos próprios pensamentos, nem sabemos quem  realmente somos essencialmente. De fato, a meu ver, o fanatismo é a pior doença a que a raça humana está sujeita, e a que mais causou mal a esse planeta. Hoje em dia, na era em que a democracia e os direitos humanos são difundidos globalmente, essa postura doentia se esconde com os mais distintos disfarces, mas nem por isso torna-se menos ofensiva à existência cósmica.

O fanatismo nasceu do separativismo, da nossa mania triste de amar de maneira segregadora e excludente. "Se eu amo esse ideal, odeio todos os outros. Se essa opinião é verdadeira, todas as outras são erradas. Se minha religião é boa, as outras são ruins. Se acredito nessa filosofia, desacredito de todas as outras." Pensamos por exclusão, sentimos com separação, e isso gera essa doença chamada fanatismo. Sinto um arrepio na espinha cada vez que vejo nossa tendência a enaltecer pessoas e transformar boas idéias em verdades absolutas. Tantas filosofias fantásticas foram deturpadas porque acabaram por se transformar em religião! Tantos mestres e pessoas iluminadas têm seus nomes e imagens mais valorizados que suas mensagens, tornando-se ídolos quando apenas queriam ser professores!

Deixamos de pensar por nós mesmos, para repetir aquilo que decidimos abraçar; e abraçar alguma causa para nós é quase sempre rejeitar todas as outras. Acho isso realmente muito triste, além de perigoso. Nenhum ser humano é infalível e nenhuma filosofia, seja espiritual, política ou dogmática, deveria ser acolhida sem antes passar pelo prisma da Consciência interna, porque esta sim, sabe nos guiar em unidade, longe da segregação ditada pelo ego.

Devemos estar com as pessoas porque as amamos, não porque acreditamos em tudo o que falam. Todo ser humano é por natureza falível, e devemos ter plena ciência disso em todas as ocasiões. Sinto calafrios cada vez que vejo alguém repetindo e discutindo as idéias alheias como se fossem uma única verdade, ou quando as pessoas guiam-se pelos passos de outros como se algum mestre pudesse fazer o trajeto que cabe a cada um de nós. Não sou contra a devoção, muito pelo contrário: acho que é através da devoção que exercemos nossa humildade, que reconhecemos nossa pequenez e condição de aprendizes. Apenas acho que esse é um sentimento íntimo, que se vive no coração, nos compartimentos da alma. Mas, infelizmente, nossa existência doentia faz com que a devoção exteriorizada se transforme em rituais, e quase sempre, o que deveria ser uma manifestação torna-se um meio, um instrumento. Passamos a precisar de rituais para alcançar algo que existe em nós, e eis mais um caminho para o fanatismo.

Não deveríamos ter medo de questionar, ou preguiça de pensar por nós mesmos. Precisamos sim, é sempre ter o cuidado de não nos tornarmos fanáticos por nossas próprias idéias, dependentes de seguidores, pupilos ou elogios. Que aprendamos a ser livres! Devemos descobrir em nós a verdade que liberta, e abandonar as que nos escravizam. A segregação é a pior forma de escravidão porque limita nosso pensamento, limita nosso sentir, limita nosso aprendizado. Tudo aquilo que vai de encontro ao que achamos ser, pode ser muito salutar. O que nos contraria, quase sempre nos ensina mais do que o que se encaixa em moldes pré-existentes.

Amar uma pessoa, acreditar no que ela diz, abraçar seu ideal de vida e trabalhar em prol de um mesmo princípio não pode fazer de nós um indivíduo fanático, que passa a ter aquilo como única filosofia bela e grandiosa nesse planeta. Pelo contrário, o Amor nos faz abraçar causas com consciência e respeito a tudo o mais. São muitas as verdades ensinadas à essa humanidade, mas apenas uma a que nos liberta: aquela guardada no íntimo de nossos espíritos, longe dos preconceitos e dos achismos, protegida das opiniões segregadoras e das posturas fanáticas.

Que saibamos abraçar aquilo que nos aquece a alma, sem que seja necessário excluir tudo o mais a nossa volta! Que saibamos ter uma fé consciente, sem radicalismos ou conceitos infalíveis! Que sejamos devotos de algo muito maior existente em nós, sem necessidade dos rituais e formalismos religiosos! Que aprendamos com aquilo com que não concordamos, com humildade e simplicidade! Que saibamos extrair o que há de mais belo em todos os ideais, sem a pretensão de julgar como feio o que nos parece diferente! Que sejamos aprendizes dos mestres e sábios desse planeta, os de agora ou os do passado, sem que seja necessário colocá-los num altar ou jogar sobre os ombros deles o peso do "não errar"! Que olhemos para dentro de nós em busca da verdade, ao invés de procurar por ela nas pessoas ou nas idéias alheias, para que finalmente sejamos livres: livres para discordar, para pensar, para sentir, para aceitar e, finalmente, livres para viver aonde o belo se fizer mais presente, aonde os conceitos são apenas lições diferentes de um único livro que todos temos o privilégio de estudar!

domingo, 11 de setembro de 2011

Um modo de ser, autoria desconhecida.


Transcrevi essa poesia num pedaço de papel quando eu tinha 16 anos. Na época ela tocou profundamente o meu coração, mas eu ainda não entendia a profundidade de suas palavras. Esse papel ficou perdido por aí, durante 12 anos e só agora eu o encontrei e pude reler essas palavras que novamente me tocaram o coração, mas agora com um alcance muito mais absoluto e essencial. Desconheço a autoria, mas a publico aqui agora em agradecimento, respeito e admiração a seu autor, que conseguiu retratar um sentido da vida simples e belo, ignorado pela maior parte de nós.

A poesia não está apenas no encaixe harmonioso de palavras, mas nos belos atos, na forma simples de se viver, na energia amorosa que a tudo envolve, na essência do que realmente somos. Muitos poetas nem sabem escrever, mas vivem poesia a cada minuto de suas exietências. Outros escrevem belos amontoados de palavras, mas não experimentam a poesia em sua forma real e profunda: o viver simples e iluminado, muita vezes silencioso no dia a dia, na arte de se viver amando sem esperar nada em troca.


Uma poesia real, cheia de energia e vida:



"Todos os dias viverei da vida um tanto:

Mas não demais, antecipando o que não veio,

Nunca de menos, precipitando o desencanto.

Todos os dias serei inteira, plena, forte e iluminada,

E tudo quanto o que me torno,

Quando alinho minha alma aos contornos do Sagrado:

No amor, completa;

Na palavra, certeira;

No trabalho, agradecida;

No viver, simplificada

E no carinho, doce

Tecendo e refazendo laços.

Seja esta a força que me leve e que conduza meus abraços.

Companheira da Verdade, deixo sempre que ela fale,

Pois no silêncio não há nada que a oculte ou que a cale.

Todos os dias serei um pouco menos de mim, no fundo;

E sempre mais um tanto assim: comum, do mundo."

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O despertar interior como base para as relações humanas




As relações humanas só podem ser melhoradas com o devido processo de transmutação de nossas mazelas interiores: não há outra forma. Já é chegado o tempo da maturidade espiritual! Enfrentar as próprias limitações é um grande desafio, mas nós sempre soubemos que o caminho de volta para casa seria árduo. Não existe outra opção: ou aceitamos agora o desafio da auto-cura emocional e espiritual, ou continuamos como tolos culpando os outros por nosso sofrimento.

Toda dor, sem exceção, é causada por nós mesmos. E em nossa cretinice, nos perdemos tentando responsabilizar as pessoas por nossa frustração e fracasso pessoal. A estrada é estreita e árdua. Há de se assumir as consequências dos equívocos pessoais e entender que as pessoas a nossa volta apenas RE-AGEM ao que demonstramos ser. Inseridos em uma ilusão onde todos reajem ao que vêem, aquele que age de acordo com o que essencialmente É é o único capaz de enxergar a realidade e atuar nela. Já é chegada a hora de despertar! Não há mais tempo a perder com discussões estéreis e sentimentos transitórios menores, por mais dolorosos que pareçam ser. Repito: a estrada é estreita e árdua, mas sabíamos, quando nos perdemos por vontade própria, que a jornada de volta seria difícil.

Agora o caminho apresenta-se, e já somos capazes de perceber que ele esteve o tempo todo aqui, em nós, e não há mais como ignorar isso. Apenas o mergulho em nós mesmos e a cura de cada sentimento ainda inferior pode abrir o portal que elevará nossa consciência nos levando de volta ao lar. Já é hora de entrarmos em sintonia com isso para que a elevação de nossa consciência traga o reino de Deus à terra. Cada indivíduo que abre em si o portal e assume a dificuldade do caminho, começa a retornar, e cada passo na trajetória de volta para casa é uma execução do “venha a nós o vosso reino”, pois que o reino de Deus está dentro de nós, como bem disse o mestre.

Nós temos a responsabilidade e não há mais como fugir disso com distrações menores. Quantos começarão a caminhar, como filhos crescidos que são, e quantos ainda permanecerão perdidos, imersos no próprio sofrimento, incapacitados por sua própria tolice de enxergar a estrada libertadora dentro de si? Quem ainda é tão tolo a ponto de achar que a liberdade viria sozinha até todos nós? Temos que conquistá-la, a custo de muito esforço pessoal, mas é sempre um preço que vale a pena se pagar.

Podemos adiar o mergulho em nós mesmos o quanto quisermos, podemos ignorar o que temos que fazer e continuar gastando nossa energia em distrações cotidianas criadas por nosso próprio ego, mas um dia teremos que enfrentar a única coisa da qual ser algum pode escapar: a própria consciência e os registros nela do quanto se trabalhou em prol do melhoramento íntimo. Se o caminho será mais ou menos longo, mais fácil ou não, isso depende do livre arbítrio de cada um, e cada ser, lá no fundo de sua alma, sabe que, por mais que se adie, por mais que se engane com declarações do tipo “mais isso é tão difícil”, “eu não consigo”, apenas o mergulho em si mesmo e a cura das próprias mazelas nos trará paz e plenitude. Não há outra forma. Aprender a amar incondicionalmente é a única maneira de voltarmos a ser feliz e todos sabemos disso.

Resta saber até quando nos enganaremos e adiaremos o exercício do amor, com a pobre desculpa da dificuldade de se amar sem esperar nada em troca e de enxergar nossos próprios defeitos. Sim, é difícil! Sempre soubemos que seria assim, porém, ainda mais difícil é permanecer cego, preso numa ilusão de sofrimento que nós mesmos criamos e, no entanto, nessa dor insistimos em permanecer. Que não perdamos mais tempo! Nosso lar nos espera e o reino dos céus já está aqui, dentro de nós. Basta apenas que tenhamos olhos para ver, como filhos crescidos que já somos.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Desempenhando papéis, por Camila Nunes


Vemos a cada dia aumentar a busca pelo autodescobrimento. Mais e mais pessoas no mundo voltam a sua atenção para dentro numa frenética e constante inclinação, advinda não se sabe ao certo de onde, mas que as impelem a questionarem sobre a sua própria origem, sobre o porquê de estarem aqui e para onde se irá quando for chegado o momento. Nas ruas inúmeros cartazes alertam para o retorno do Mestre, notadamente os de conteúdo protestante; arquivos oficias outrora secretos, agora nos são revelados por variados governos no mundo; há pouco, o Vaticano declarou através de seu canal oficial a existência de vida extraterrestre. Os fatos são tantos e inéditos que num passado próximo não se vislumbrariam tais ocorrências senão em sonhos. E tudo ocorre com uma velocidade inacreditável.
Ditos fatos e muitos outros, dizem a Espiritualidade, sinalizam apenas o fim de uma era e o começo de outra. Há mais de 5 mil anos os toltecas já previam essa inclinação da humanidade para a busca da espiritualidade, registrando suas observações no calendário astronômico, posteriormente denominado de calendário maia, um legado daquela civilização para esta que se imortalizou nas areias do tempo.
Mas o que é ser alguém espiritualizado? E o que é ser alguém espiritualista?
Parecem perguntas difíceis, mas não são.
Há inúmeros conceitos arraigados no consciente coletivo que levam a distinguir alguém espiritualizado de outrem que não seja tanto ou que não seja de jeito nenhum. Um deles é alguém se comportar de maneira mansa, tranqüila, não beber, não fumar, não sair...levar uma vida de renúncias e abnegações por vezes vividas de forma prazerosa, por vezes tortuosas, mas aparentemente praticadas.
E vão rotulando essa ou aquela pessoa com o status de iluminado e visualiza-se em torno dessa figura uma auréola daquelas concedidas aos santos.
Criam e recriam parâmetros com base em referências terrenas e se satisfazem com elas. Passam pela existência como se uma vida imaculada tivessem vivido e não se atentam para as possíveis surpresas que advém quando se descobre que se viveu uma vida que não era a sua própria. Quão grande sofrimento é dar-se conta de que a vergonha de ter sido quem era, impediu de acender a luz que passou a vida inteira acreditando ter despertado ou tentando fazê-lo.
Muitos são os que fogem de sua realidade interior. Poucos são os que assumem o que vêm e não buscam esconder-se dos outros.
Esta não é uma carta aberta ao mal, à prática desenfreada de nossas tendências e inclinações. É um alerta a necessidade imperiosa de percebê-las, compreendê-las, e permiti-las ou não, conforme o caminho que o ser decidir trilhar.
Para se reformar uma casa é necessário conhecer a sua estrutura, os pontos de fragilidade, aqueles que podem ser mexidos sem comprometer as demais, e traçar um plano. Por onde começar a reforma, o que se vai reformar, se ela toda ou parte dela, os materiais a serem empregados, quanto se irá gastar e o tempo necessário à consecução da obra.
Da mesma forma se processa a reforma em nosso interior. Cada tendência deve ser criteriosamente analisada a fim de se perceber a necessidade de mantê-la ou substituí-la. Os pontos principais também devem ser escolhidos como tais. O exercício da tolerância, a aceitação e a paciência com aquilo que ainda não pode ser alterado, seja por razões de apego, maturidade, ou simplesmente por uma questão de prioridade, têm importância primordial neste processo.
As pessoas querem reformar-se de vez e não dão conta que o processo é lento. Exigem mudanças bruscas e não aceitam mais certas tendências que passaram milhares de anos a cultivarem carinhosamente pela repetição de hábitos em seu interior, exigindo de maneira violenta a sua retirada imediata.
E assim vão vivendo desempenhando papéis; de mãe, de pai, de irmão, de amigo, de filho, de alguém espiritualizado ou em vias de sê-lo, enfim. Inúmeros são os papéis e vários são os cenários para representá-los, todavia, esquecem-se de representar o papel mais importante na história pessoal de cada um, o de ser o SER cujo papel assume ou, utilizando o trocadilho, assumir o ser por trás do personagem representado.
Pare e escute o silêncio que dele emana. Sinta a sua voz expressa no silêncio que há por trás de tudo que você conhece ou pensa saber. Você é alguém que a sua própria consciência desconhece. O seu maior papel é descobrir-se atrás dos bastidores de sua peça teatral. Olhá-lo de frente e reconhecê-lo por inteiro; aceitar e amar o espectro que surge, opaco e encolhido de tanto ser escondido.
Descobrir-se é o primeiro passo para alguém que busca o caminho da iluminação. Este talvez seja o papel mais difícil de ser encenado; também o mais glorioso, eis que conduz ao regozijo perene semelhante ao que sente o descobridor de um grande tesouro.
Mostrar-se sem receio de julgamentos. Assumir-se como individualidade em construção. Reconhecer as virtudes e expressá-las; olhar para as virtudes ainda não conquistadas e esforçar-se por adquiri-las. Não temer em expressar-se; primeiro passo da escalada da melhora íntima.
Não há como Espiritualizar-se violentando a si mesmo com mudanças bruscas de hábito impostas meramente por ordenações partidas do cérebro físico. Informação e consciência são coisas completamente diversas. De nada adianta a renúncia se ela violenta ao renunciante. As mudanças devem partir de uma sugestão amorosa advinda da consciência e não de uma mera tentativa cerebral em se adequar a parâmetros considerados corretos. Isto vale para todos os níveis. Há que se ter prudência e imposição de limites, mas sobretudo discernimento e autoamor suficientes para se saber até onde vai este “limite”.
A cada tentativa verifica-se que o “limite” expande-se. E quando menos se espera o corpo está pronto para a prática dos anseios da alma.
Olhem para dentro enquanto vivem e dêm passos suportáveis às suas próprias pernas. No entanto, exercitem-se diariamente para que estas pernas adquiram cada vez mais resistência a fim de que em breve possam não só darem grandes passos, mas pularem em direção ao despertar da consciência.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Enfermidades.




“Ninguém poderá dizer que toda enfermidade, a rigor, esteja vinculada aos processos de elaboração da vida mental, mas todos podemos garantir que os processos de elaboração da vida mental guardam positiva influenciação sobre todas as doenças.

Há moléstias que têm, sem dúvida, função preponderante nos serviços de purificação do espírito, surgindo com a criatura no berço ou seguindo-a, por anos a fio, na direção do túmulo.

As inibições congeniais, as mutilações imprevistas e as enfermidades dificilmente curáveis catalogam-se, indiscutivelmente, na tabela das provações necessárias, como certos medicamentos imprescindíveis figuram na ficha de socorro ao doente; contudo, os sintomas patológicos na experiência comum, em maioria esmagadora, decorrem dos reflexos infelizes da mente sobre o veículo de nossas manifestações, operando desajustes nos implementos que o compõem.

Toda emoção violenta sobre o corpo é semelhante a martelada forte sobre a engrenagem de máquina sensível, e toda aflição amimalhada é como ferrugem destruidora, prejudicando-lhe o funcionamento.

Sabe hoje a medicina que toda tensão mental acarreta distúrbios de importância no corpo físico.
Estabelecido o conflito espiritual, quase sempre as glândulas salivares paralisam as suas secreções, e o estômago, entrando em espasmo, nega-se à produção de ácido clorídrico, provocando perturbações digestivas a se expressarem na chamada colite mucosa. Atingido esse fenômeno primário que, muita vez, abre a porta a temíveis calamidades orgânicas, os desajustamentos gastrointestinais repetidos acabam arruinando os processos da nutrição que interessam o estímulo nervoso, determinando variados sintomas, desde a mais leve irritação da membrana gástrica até a loucura de abordagem complexa.

O pensamento sombrio adoece o corpo são e agrava os males do corpo enfermo.

Se não é aconselhável envenenar o aparelho fisiológico pela ingestão de substâncias que o aprisionem ao vício, é imperioso evitar os desregramentos da alma que lhe impõem desequilíbrios aviltantes, quais sejam aqueles hauridos nas decepções e nos dissabores que adotamos por flagelo constante do campo íntimo.

Cultivar melindres e desgostos, irritação e mágoa é o mesmo que semear espinheiros magnéticos e adubá-los no solo emotivo de nossa existência, é intoxicar, por conta própria, a tessitura da vestimenta corpórea, estragando os centros de nossa vida profunda e arrasando, consequentemente, sangue e nervos, glândulas e vísceras do corpo que a Divina Providência nos concede entre os homens, com vistas ao desenvolvimento de nossas faculdades para a Vida Eterna.

Guardemos, assim, compreensão e paciência, bondade infatigável e tolerância construtiva em todos os passos da senda, porque somente ao preço de nossa incessante renovação mental para o bem, com o apoio do estudo nobre e do serviço constante, é que superaremos o domínio da enfermidade, aproveitando os dons do Senhor e evitando os reflexos letais que se fazem acompanhar do suicídio indireto.”

(Francisco Cândido Xavier/Emmanuel - do livro, Pensamento e Vida)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Agradecimento e reflexões.


Queria, de coração, agradecer a todos os meus amigos e familiares pela ajuda, carinho e compreensão nos momentos difíceis que passei nos últimos dias. Tem um provérbio que diz: "Mais valem as atitudes, porque palavras o vento leva". Todo vocês tiveram para comigo pequenas atitudes, gestos sutis, que demonstraram que posso contar com vocês. Às vezes temos a pretensão de pensar que podemos seguir sozinhos e independentes, mas os problemas físicos nos mostram o que significa de fato que TODOS SOMOS UM. Olhar para dentro de si é muito diferente que olhar apenas para si. Olhar para dentro de si é enxergar o outro em você, e enxergar-se dentro do outro. É isso que faz com que estejamos juntos de fato!!! Agradeço a Deus por perceber e sentir isso em todos vocês. Agradeço pelos telefonemas, mesmo os rápidos apenas para saber notícias; pelas mensagens no facebook e orkut; pelos emails, pelos SMS no celular, pelas visitas, pelas orações e vibrações pelo meu restabelecimento físico.

Obrigada especialmente a minha família!!! A Déia, que dormiu comigo no hospital e tem cuidado da minha cirurgia, a Nana que se desdobrou entre os filhos, o trabalho e a casa, mas mesmo assim esteve comigo em todos os momentos perdendo noites por minha causa, a minha mãe, Vera, que cuidou de mim com tanto amor e se preocupou tanto, a meu pai que ficou em casa preocupado e meio sem saber como ajudar, a Vilma que mesmo tendo saída cansada depois de um plantão de 24 horas passou a manhã comigo no hospital, a Marcelo que ficava pra lá e pra cá preocupado, e que me olhou com tanto amor no corredor do hospital que me fez ter certeza de que tudo ia ficar bem, a Tuca que ficou até às 3 horas da manhã esperando que eu saísse da cirurgia com vida, orando por mim, a meus sobrinhos lindos, Ariel, Matheus e Bia, que me ligavam e me olhavam dizendo: "Tia, não faz isso com a gente.". Amo vocês!!! Não poderia pensar em família melhor para ter, em pessoas melhores para me ensinar a viver, para estar comigo dividindo essa vida inteira. Obrigada, obrigada, obrigada!!!

Obrigadas as minhas primas, principalmente a Vanessa, Camila, Larissa e Eliane, pelos telefonemas e risadas que me fizeram dar, mesmo sem que eu pudesse rir. A meu primo, Flávio, que foi tão lindo e tão maravilhoso ao se oferecer pra participar da vaquinha pra pagar a cirurgia. A minha avó linda, Maria, que me ligou chorando todos os dias, e que agora está também se recuperando de uma cirurgia na perna. A meu tio Armindinho, tia Sônia e tia Zarinha e meu primo Eduardo pelas palavras de amor, a meu tio Zilmar, que amo demais, que ligou e me ajudou a pagar a conta do hospital.

A meus amigos queridos, que mandaram mensagens pela net, ou pelo celular, querendo saber como eu estava. Principalmente a Jane por ter estado no hospital comigo, mesmo no dia em que fiquei internada pelo SUS, tendo ela que entrar escondido no hospital pra me ver...rsrs. A Camila e Matheus pelas visitas e pelo Dannete...rsrs. A Gilberto, Abdinak e Sandra, Bel, Deyzi, Jean, Rosana,Vanessa, Indira, Karla, Daniela, Kaíke, Celene, Hélzio, ao pessoal do grupo Sai Baba de Salvador, ao pessoal da igreja batista que orou por mim, ao pessoal do Caminheiros da Esperança também.

Obrigada aos que estavam de longe, ligando e me dando força, me falando palavras de encorajamento. Richard, Mel, Jeane, Giane: vocês não tem idéia do quanto me ajudaram nesses dias de dor.

Obrigada principalmente a Dr. Tainã, que fez minha cirurgia com muita competência e humanidade e demonstrou ser, por toda a ajuda que me deu no pós cirurgia, não só um ótimo profissional mas um grande ser humano.

Obrigada também aos que não ligaram, mas pensaram em mim.

Agradeço a Deus por todo o aprendizado, por toda a transformação que esse momento me traz e por estar cercada de tanto amor e amizade.

Cada um de nós é um barquinho neste oceano cósmico, mas é também uma gota d'água. Para velejar em segurança e chegar a nosso destino, temos que direcionar o barco, cuidar dele, fazer a devida manutenção, mas necessitamos das gotas d'água porque são elas que nos levam ao porto seguro, apenas através delas podemos velejar. Obrigada a todas as gotas d'águas da minha vida por me ajudarem a cuidar do meu barco.

Amor, amor e amor...sempre!!!

domingo, 12 de junho de 2011

Considerações sobre o Amor...


Sempre pensamos no amor sob a perspectiva do amor romântico. Todas as múiscas, poesias e textos a respeito do tema são sempre interpretadas como sendo a respeito de um amor que se dirige a alguém específico. Mas hoje, estive pensando que há certas definições que são infinamente mais amplas que o simples amor humano, sempre limitado e dirigido a algo fora de nós.

Hoje quero falar de um Amor Iincondicional, que simplesmente É e ponto final. Um amor que não depende de objeto externo porque é em si mesmo todos os objetos que possam existir. Um amor que nada pede em troca, que nada espera, que de nada precisa. Um amor que circula, que soma, que abranje. O Amor que faz nascer em nós o respeito pelo outro, a cumplicidade com os problemas alheios, a compreensão das limitações de quem está a nosso lado.

Um Amor que não tenta moldar o outro a sua vontade, mas que se adapta às vontades alheias. É o amor simples, que faz com que as crianças amem mesmo aqueles que lhes chamam a atenção com severidade, que acalenta em silêncio principalmente aqueles que não são capazes de ouvir.

Este é o Amor descrito por Paulo em Coríntios 13, por Camões em sua poesia sobre o tema e parafraseado tão brilhantemente por Renato Russo na música Monte Castelo. Senti vontade de escutar novamente essa música hoje e percebi como até então o meu entendimento dela era limitado. Esses autores falavam de um amor muito maior, um sentimento acima da língua dos homens e dos anjos, sem o qual nada somos.

Um Amor que conhece a Verdade; que dói, mas não se sente; um "não querer" maior que o "bem querer", um andar solitário entre a gente, um cuidar que se ganha em se perder. É um Amor que faz com que nos prendamos por vontade própria, pelo uso de nosso livre arbítrio; que nos leva a servir apenas e sempre e nos encaixa na definição de Jesus Cristo que já dizia: "O maior entre vós será vosso servo". Esse sentimento nos faz ir ter até com quem nos mata a lealdade, chegando a ser contrario a si mesmo.

Não...não se trata do amor romântico, que tão fortemente nos prende e subjulga, cuja dor sentimos fundo (e que o diga quem já sofreu por "amor").Trata-se daquilo que faz com que ofereçamos a outra face, que amemos nossos inimigos, que façamos ao outro o que desejamos que façam a nós mesmos. É simples, porém ainda difícil ser vivenciado por nós.

Mas há os que entederam esse amor e escreveram sobre ele. Estes estiveram, nem que por apenas alguns instantes, acordados enquanto todos dormiam. Ainda vemos as coisas em partes, enxergamos pedaços de nossa própria história, de nossa própria essência, mas um dia veremos "face a face", estaremos diante do que É e tudo estará claro. Perceberemos, finalmente, o ensinamento simples de que só o Amor conhece o que é verdade e que sem Ele nada somos.

Neste dia, poderemos amar sem sentir dor, amar sem esperar nada em troca, amar por descobrir a óbvia constatação de que todos somos um, que estamos no mesmo barco e que andamos por caminhos diferentes rumo a um destino comum: o amor incondiconal e a arte de sua aplicação neste mundo onde ainda se necessita de um objeto "perfeito" para ser amado.

Abaixo a letra da música em que Renato Russo parafraseia Camões e o apóstolo Paulo e o link para o vídeo no youtube. Que todos possam reescutar essa música e repensar essa letra sobre uma perspectiva mais ampla. A todos uma belíssima semana. Fiquem com Deus e com muito amor em seus corações!!!

"Ainda que eu falasse a língua dos homens

E falasse a língua dos anjos,

Sem Amor eu nada seria.

É só o Amor, é só o Amor que conhece o que é verdade.

O Amor é bom, não quer o mal, não sente inveja ou se envaidece.

O Amor é o fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;

É um solitário andar por entre a gente;

É um não contentar-se de contente;

É cuidar que se ganha em se perder.

É estar-se preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É um ter com quem nos mata a lealdade.

Tão contrário a si é o mesmo Amor.

Estou acordado e todos dormem. todos dormem. todos dormem...

Agora vejo em parte,

Mas então veremos face a face.

É só o Amor, é só o Amor

Que conhece o que é verdade.

Ainda que eu falasse a língua dos homens

E falasse a língua dos anjos,

Sem Amor eu nada seria."


Monte Castelo - Legião Urbana - Link do vídeo no youtube


quarta-feira, 4 de maio de 2011

Oração


Pai,


Traga Seu Amor a meu coração e deixarei que ele se manifeste com simplicidade.

Sinto Seu abraço quando o vento roça meu rosto,

Toco Suas mãos quando meus dedos acariciam a grama verde,

Sinto Seu cheiro quando a água da chuva molha a terra,

Ou quando o fim de tarde realça o cheiro das flores.

Vejo Seu sorriso quando o sol se põe,

Enxergo Seus olhos quando o dia nasce,

Ouço Sua voz nas risadas das crianças,

No canto harmonioso dos pássaros,

No ruído forte do trovão.

Sinto Seu toque ao andar descalça na grama,

Ao acarinhar gatos e cachorros,

Ao enxergar os ipês floridos e os desenhos nas nuvens.

Sinto-Lhe nas coisas pequenas, sutis e silenciosas,

Mas também nas grandes e assustadoras.

Percebo o Seu amor que a tudo sustenta,

A Sua força que aos medos cala.

Escuto Sua música, danço em Sua harmonia

E é nisso que reside a minha felicidade.

Tão intensas são as distrações, tão grandes os desafios,

Mas entrego meu medo em Suas mãos e peço-Lhe que o transforme em luz.

Que eu pule, enfim, no oceano do Seu amor que se abre dentro de mim,

Que assuma a responsabilidade de ser parte de Seus sonhos

E instrumento de Sua sinfonia.

É chegado o momento final da batalha nas profundezas da alma,

E é a eternidade que se apresenta para, finalmente, executar a rendição do ego.

Uma morte, um renascer.

Procurei pela felicidade inutilmente através dos meus sentidos

E só agora percebo que ela esteve todo o tempo aqui,

Dentro de mim,

Expectadora, quieta,

A esperar pelo momento em que eu parasse de buscar, para simplesmente encontrar.

É simples, enfim!

Como andar descalço na grama,

Como sentir o cheiro da chuva,

Como ser acariciada pelo vento,

Como a espontaneidade dos sorrisos infantis.

É apenas o Seu amor em mim,


E apenas assim é que sei o que EU SOU.