quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Sobre Deus, por Prem Baba


Deus é Um, mas se manifesta de infinitas maneiras, de acordo com a necessidade de cada povo e de cada pessoa.É interessante como o ser humano se relaciona com Deus: de acordo com o seu grau de consciência você percebe Deus de uma maneira. Somente a experiência direta de Deus pode iluminar a sua fé. E, é essa fé que te liberta do medo da morte.

Durante uma fase da evolução da consciência, nós acreditamos que Deus está fora. Esse “Deus” é uma projeção dos nossos pais. Nós desenvolvemos uma crença nesse Deus, mas em algum momento essa crença é questionada. Por mais que a crença promova experiências místicas, essas ainda estão no campo da mente. Você se relaciona com Deus, como se estivesse relacionando-se com uma autoridade fora de você. É uma figura que você tem que adular, para obter os seus desejos realizados, a qual você teme, porque ela pode ficar contrariada com você, caso você não corresponda às expectativas. Você oscila entre essa adulação (que é uma fé cega), e o medo, que também é um fruto da fé cega. Por que fé cega? Porque é fé em uma ideia criada pela mente.

Essa ideia nasce em algum momento da jornada evolutiva, quando a entidade humana começa a questionar os mistérios da vida. Nos primeiros estágios da evolução, a entidade não questiona esses mistérios, ela é movida somente pelo instinto de sobrevivência. Ela vive no presente, mas não no presente eterno, e sim num presente determinado pelos sentidos. Até que em dado momento, ela começa a prestar atenção nos mistérios da vida. O que são esses mistérios? O nascer do sol; o por do sol; a chuva que cai; uma flor que nasce; uma pessoa que morre; uma criança que nasce; uma pessoa que adoece e outra que se cura.
Em dado momento, o ser humano começa a questionar como isso acontece. “Será que existe um criador para tudo isso?” 

Ele se sente muito pequeno diante de tanta grandeza, e precisa acreditar que alguém criou isso. Quem criou? A maior autoridade possível. Mas, qual é a referência de autoridade que ela tem? Quem a criou, ou seja, os pais. Assim, ela começa a projetar nessa ideia de Deus a imagem dos pais. Se ela teve pais bons, amáveis e benignos, assim será Deus para ela. E, se ela teve pais tiranos e cruéis, é assim que ela vai enxergar Deus. Essa projeção é inconsciente, ela não consegue fazer relação entre essa ideia de Deus e os núcleos da personalidade. Mas, se você observar, perceberá que tais pessoas se relacionam com esse Deus como uma criancinha se relaciona com os pais. É uma criancinha que precisa adular os pais para conseguir o que quer ou teme os pais porque pode ser castigada. Esse Deus está fora. Eu costumo dizer que ele está lá em cima, no céu, muito distante, mas ao mesmo tempo, muito perto, olhando de binóculo, para ver os pecados que você comete aqui na Terra.

Em algum momento, você começa a questionar esse Deus. E muitos nesse momento, entram em uma profunda crise; entram no deserto do ceticismo, porque descobrem que esse Deus não existe. Era somente uma criação da mente. Até que isso faça com que a entidade comece a olhar para dentro e comece a assumir a responsabilidade. Assim, vagarosamente, comece a se abrir para ter uma experiência direta de Deus. Não um Deus que é uma ideia criada pela mente, mas sim de Deus que é a Realidade suprema, que age através de cada um de nós e está em todos os lugares. É a inteligência criadora que está agindo em tudo o que é vivo.

A essência dessa vida é aquilo que chamamos de amor, portanto em síntese Deus é amor. Viver em Deus é viver em amor. Esse amor se revela através da Presença e a Presença é o resultado da quietude da mente. A quietude da mente traz a paz e a paz traz alegria. A alegria traz o amor, e o amor abre os portais do infinito e derruba as barreiras da separação e, assim, você vê Deus e o amor em tudo.

Portanto, o foco deve estar em aquietar a mente. Identifique aquilo que agita a sua mente e vá, pouco a pouco, eliminando esses fatores que a agitam. O que agita a mente? O desejo. Por isso, você precisa chegar a um acordo com ele. Segundo um professor da floresta, o Padrinho Sebastião: O desejo é algo que se vive “bem vivido”, ou se larga “bem largado”. Há que se chegar a um acordo com o desejo.


Sri Prem Baba

Texto original no link: http://www.prembaba.org.br/india2012/po/?p=1121&d=02.02.2012

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